Quarta-feira,
24 de Dezembro de 2014
Gregório, presbítero e
mártir (303)
Missa da Vigília da
Natividade
Isaías 62,1-5: O
Senhor prefere a ti
Salmo 88,4-5.16-17.27
y 29: Cantarei eternamente a misericórdia do Senhor
Atos 13,16-17.22-25:
Paulo dá testemunho de Cristo, filho de Davi
Mateus 1,1-25:
COMENTÁRIO
Hoje
os cristãos estamos em festa, pois celebramos o nascimento de Jesus. É a festa
de Deus humanado, que decidiu fazer-se homem para viver entre nós. O júbilo é
grande, porque o nascimento de uma criança coloca Deus no meio de nós como
maravilhosa manifestação de seu amor. Na palavra de Deus que lemos hoje, vemos
com claridade a opção de Deus a favor de seu povo, que em resposta abre o
coração a seus mandamentos.
Na
primeira leitura o profeta Isaías lembra ao povo que Deus tem por ele sua
preferência. As tristezas vividas em outro tempo, no desterro, são agora
superadas pela predileção. A linguagem deste texto é bastante afetiva. Deus
conquista o povo pelo coração e o conduz de maneira amorosa, sem que seus pés
tropecem. De alguma forma o profeta busca manter viva a fé e a alegrias do
povo; se em outro momento andava em trevas, esta é a hora da luz. Deus fez uma
opção definitiva, para não mais apartar-se de seu povo e os que algum dia foram
escravos viverão para sempre em liberdade.
Na
segunda leitura, Paulo faz uma excelente síntese da salvação de Israel,
partindo da eleição que Deus fez desde os patriarcas, passando pela libertação
do Egito, as tribos, a monarquia e o desterro na Babilônia. Paulo abarca toda a
história anterior a Jesus e João. Eles encarnam o cumprimento do plano de Deus.
Esta leitura paulina da história é uma forma de reafirmar que Jesus é o
esperado dos tempos que nele toda a história muda de sentido e é recriada. As
comunidades cristãs, como novo povo de Deus, são agora as escolhidas para que
Cristo viva nelas.
No
evangelho de Mateus, o primeiro a retratar uma relação da genealogia de Jesus.
Tal genealogia termina dizendo que Jesus nasce de Maria, a esposa de José. Este
tipo de relato é uma produção teológica da comunidade cristã, que vincula Jesus
com uma série de pessoas influentes na vida do povo, enquanto elas foram
mediação para a intervenção histórica de Deus.
Hoje,
ao celebrar o mistério da encarnação, reconhecemos que Deus se humaniza em
Jesus, criança humilde, pobre, frágil, que revela outra lógica, a do amor
indefeso do bom Deus que necessita ser cuidado para sobreviver.
Hoje
a sociedade banalizou o mistério e converteu a natividade em uma oportunidade
de esbanjamento e consumo. A simplicidade do presépio foi substituída pela
opulência dos centros comerciais, onde se repetem orações e cantos de natalinos
que fomentam a alienação e favorecem o mercado de seus próprios produtos. O
capitalismo converteu a natividade em festa de ricos, os quais se presenteiam entre
si com muitos e luxuosos presentes, e que vai gerando distância entre ricos e
pobres, que sequer possuem o que comer e menos ainda com que presentear.
Certamente nestes pobre Jesus nasce. Daí nos desafia a assumir um projeto de
transformação a favor da vida dos pobres, seus prediletos, os prediletos do
coração de Deus.
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