Domingo de
Ramos e Paixão do Senhor
Início da semana santa
Evangelho
- Mt 26,14-27,66
Nesse domingo nós festejamos a entrada triunfal de
Jesus na cidade de Jerusalém montado em
uma jumenta. Episódio que significa a
manifestação de sua grandeza, porém com humildade.
O povo aclamou Jesus, reconhecendo a sua divindade. Hoje também existem muitos
cristãos pelo mundo todo que reconhecem
Jesus como o Messias, o enviado do Pai ao mundo para salvação da humanidade.
A liturgia de Domingo de Ramos retrata fielmente a sequêcia da
realidade vivida e sofrida pelo Filho de
Deus na Terra. Ela divide-se em duas
partes:
1ª - PROCIÇÃO DE RAMOS - É uma cena de um rei se aproximando vitoriosamente em uma cidade, aclamado pelo povo. Ele não vinha em uma carruagem luxuosa puxada
por vários cavalos fogosos, ou em uma limousine...
Mas o carinho daquele povo era de reconhecimento pelos milagres
recebidos, era uma recepção calorosa e sincera de pessoas simples que não tendo nada para dar ao homenageado,
dava o seu louvor, e colocaram tapetes
de folhagem gritando Hosana! Hosana ao rei
que se aproxima deles com toda glória, ao mesmo tempo com toda humildade.
2ª PAIXÃO E MORTE - No Domingo de
Ramos, festejamos este fato histórico, de grande alegria, para em seguida,
depois da procissão, lembrar outro fato histórico, o da paixão e morte daquele
que veio ao mundo para nos fornecer tudo o que precisamos para nos livrar do
fogo eterno e um dia desfrutar das maravilhas do Paraíso.
Muitos que viram aquela cena,
ficaram admirados com a glória de Jesus, semelhante a um rei quando entrava em Jerusalém.
Já outros pensaram que se tratasse de uma brincadeira festiva...
Um grande contraste marca então, a liturgia deste domingo: Na primeira
parte, alegria pela glória do Filho de Deus, entre os humildes. Para em
seguida, vermos o rosto de Jesus envolto em grande tristeza, por estar sendo
humilhado pelos algozes a mando da elite
que o queria ver eliminado.
Na verdade são vários contrastes. Veja:
Guerrico d’Igny nos ajuda meditar na comemoração do
domingo dos ramos: “A procissão nos leva a pensar em honras reservadas ao rei;
a leitura da paixão mostra os castigos reservados aos ladrões. Num primeiro
momento ele é cercado de glória e honra, do outro não tem beleza nem formosura
(Is. 53,2). Na procissão ele é a alegria dos homens e glória do povo, do outro
lado, o opróbrio dos homens e objeto de desprezo dos homens” (Sl. 22,7). De um
lado é aclamado: hosana ao filho de Davi. Bendito o que vem, o rei, em nome do
Senhor” (Mc. 11,10); de outro lado é declarado digno de morte e é
ridicularizado o que se dizia rei de Israel. Num primeiro momento vai-se ao
encontro dele com ramos de palmas. Do outro lado as mesmas mãos machucam seu
rosto e o golpeiam com uma cana. Na procissão é cumulado de louvores, na
liturgia no templo é coberto de insultos. De um lado as pessoas cobrem a
estrada por onde ele passa com vestes e mantos, de outro lado é despojado de
suas vestes. Num momento é acolhido em Jerusalém como rei justo e salvador e de
outro é expulso de Jerusalém como um criminoso e um impostor. Senta-se sobre um
asno, cercado de honra, depois é suspenso no madeiro da cruz, marcado pela
flagelação, coberto de chagas, abandonado pelos seus… Se queremos, irmãos, seguir
nosso caminho sem vacilar tanto nos momentos felizes como nas adversidades,
contemplemos o senhor cercado de honra na procissão dos ramos, coberto de
ultrajes e de sofrimentos na paixão… tal mudança de circunstâncias não mudou
seus pensamentos….” (Guerrico d’Igny)
Depois da procissão, na leitura e reflexão do segundo Evangelho, nós
lembramos a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que se entregou por
nós. Aquele deixou que o matassem. Aquele
que morreu em oferenda ao Pai pelo perdão dos nossos pecados.
Iniciamos a homilia pela traição de Judas, aquele que entregou Jesus aos
soldados por trinta moedas. Muitos questionam: Mas Jesus não era conhecido de
todos, principalmente ao sumo sacerdote, doutores da Lei e escribas? Por que
Ele teria de ser entregue, ou identificado por Judas?
Sim. Jesus naquela altura de sua vida, era conhecido por muitos, mas não
para os soldados romanos que foram prendê-lO. Além disso, a prisão de
Jesus aconteceu à noite, e também tanto Jesus como os seus amigos, os
apóstolos, se vestiam mais ou menos iguais. Portanto, era necessário que
alguém, no caso Judas, mostrasse de alguma forma quem realmente era Jesus, para
que não fosse preso o homem errado. Não que os judeus estivessem preocupados em
não matar outra pessoa inocente, mas sim, porque eles estavam obcecados e
determinados a prender Jesus e não outro.
E dessa forma, foi entregue um inocente para ser condenado a morte de
cruz. Hoje também muitos inocentes são
presos por engano, ou são mortos confundidos com outros que praticaram alguma
atrocidade, ou que não cumpriram os regulamentos do crime organizado.
Antes de sua morte, Jesus e seus apóstolos comemoraram a Páscoa, e nesse
encontro Jesus inventou: A missa, a Eucaristia e o sacerdócio.
A MISSA, porque aquele jantar foi a primeira missa realizada na Terra, e
que é repetida em todos os altares do mundo inteiro diariamente, pelos sacerdotes
e cristãos católicos.
A EUCARISTIA, porque Jesus tomando o pão e abençoando-o, disse: “Isto é o meu corpo...”
O SACERDÓCIO, porque Ele disse: “Fazei isso em memória de mim...” Dando o poder aos apóstolos, de transformar o
pão e o vinho em seu corpo e seu sangue. Também disse em outro momento: “Eis que estarei convosco até a consumação
dos séculos”, o que significa que aqueles primeiros padres seriam
substituídos por outros até o fim dos tempos.
Pedro O negou por três vezes. E
você? E eu? Quantas vezes já negamos a Jesus?
Não dá nem para contar. Se tivéssemos agora em notas de cem reais ou de
cinqüenta, em relação às vezes em que negamos Jesus, estaríamos ricos!
Negamos Jesus quando não respeitando os seus ensinamentos, agimos de
acordo com o nosso egoísmo, de acordo com o instinto, de acordo com os ditames
da carne, de acordo com a ditadura do liberalismo, de acordo com a moda, de
acordo com o consumismo, enfim, de acordo com o mundo. Negamos Jesus quando
temos vergonha de nos confessar cristãos diante dos homens e das mulheres, como
o fez Pedro com medo de também ser preso
e morto. Negamos Jesus quando não nos preparamos adequadamente para fazer um
bom sermão, uma boa homilia, e confiando no nosso conhecimento próprio, nos
aventuramos a falar algumas palavras de improviso, nos esquecendo que a
catequese é a coisa mais importante da santa missa, depois da Eucaristia. Negamos Jesus quando pecamos, quando ignoramos o nosso irmão,
quando o excluímos, quando o discriminamos, etc.
Jesus começou a ficar triste e angustiado, e foi com os discípulos ao um
lugar chamado Getsêmani para rezar.
Também nós por vezes ficamos angustiados quando alguma coisa não está
dando certo em nossa vida, quando ficamos doentes, por exemplo, quando perdemos um ente querido, quando se
aproxima a nossa hora como foi o caso de Jesus Deus e homem. E para nos dar o exemplo, Jesus enquanto
homem se dirigiu ao Pai. Ele estava nervoso. Pois enquanto Deus, Ele sabia de
tudo pelo qual iria passar. E enquanto homem, sentia uma tristeza mortal. "Então Jesus
lhes disse: 'Minha alma está triste até á
morte. Ficai aqui e vigiai comigo!'
Este mesmo Jesus-homem, sentiu-se
abandonado pelo Pai nos seus minutos finais de vida, e bradou: 'Meu
Deus, meu Deus, por que me abandonaste?'
Muitos de nós também já nos sentimos abandonados por Deus por várias
vezes na vida. E costumamos perguntar: Por que, meu Deus?!
Meus irmãos. Precisamos confiar mais em Deus! Precisamos rezar
mais. Aquele momento de angústia, assim
como de desespero que Jesus-homem
experimentou, passou logo. Enquanto que nós, pela nossa falta de fé e pela
ausência de oração, podemos ficar dias angustiados e infelizes quando algo ruim
nos acontece.
Mas a final. Por que mataram Jesus? Esta é uma pergunta que
paira o tempo todo na mente daqueles que participam ou assistem a Paixão de
Cristo. Acontece que naqueles tempos, na
Galileia, lugar de
gente explorada e marginalizada, para a qual a missão de Jesus se tornou, de fato, uma boa nova, a
qual trazia, junto com suas ações as palavras, a libertação dos oprimidos, dos
humilhados, dos deixados de lado. E esse trabalho de conscientização, atraiu
sobre a pessoa de Jesus, a ira dos poderosos injustos. Jesus estava
atrapalhando os seus negócios tão lucrativos.
Para entender melhor isso, é importante aqui nos reportar a realidade político-econômica e social porque passava a sociedade do tempo de
Jesus:
Além da invasão romana, aquela sociedade, os cristãos da Galiléia, estava sofrendo o ataque ou a invasão dos
“bandidos” que fizeram uma verdadeira
tomada de Jerusalém. Aconteceu que pequenos proprietários rurais que perderam suas
terras pelos altos impostos, e pela improdutividade gerada pela infertilidade do ano sabático, que segundo o judaísmo, era um
ano sem plantar, e a isso convém acrescentar os altos juros cobrados pelos
saduceus os quais lhes emprestavam dinheiro,
esses pequenos proprietários rurais revoltados passaram a assaltar em
grupos. Eles se escondiam nas cavernas, e assaltavam principalmente as
caravanas romanas, e num trabalho semelhante ao de Robin hood, eles repartiam o
produto do roubo com os excluídos. Por isso, os chamados “bandidos”, contavam
com o apoio e a simpatia do povo faminto
e explorado pelos ricos proprietários de terras, entre eles, os sumos
sacerdotes e doutores da Lei.
A fúria e a revolta desses pequenos proprietários de
terra chegou ao ponto deles invadirem Jerusalém onde se achavam os arquivos e
os documentos de suas dívidas injustas dos seus credores exploradores, entre
eles, os anciãos, membros do Sinédrio, sumos sacerdotes. Naquela ocasião, que
foi no ano de 66, os “bandidos”
queimaram os referidos documentos e mataram os seus respectivos
credores.
Foi por isso que Jesus foi escolhido no lugar de Barrabás, condenado e morto como se fosse um bandido, e
até sendo crucificado entre dois deles, numa manifestação da prepotência da
elite judaica que arrolou o poder romano para concretizar aquela chacina, ou a morte de um inocente, o
qual foi condenado exatamente por ser justo. Por defender os pobres da
exploração dos ricos.
O ladrão Dimas que Jesus perdoou no seu momento final na cruz, na
realidade, não era um assassino cruel, mas sim um daqueles chamados “bandidos”
que na companhia de outros agricultores revoltados, reclamava, apesar de forma violenta, os seus direitos de
ter um a vida com abundância.
Jesus foi preso à noite. Por isso, era necessário alguém, que no caso
foi Judas, para indicá-lo aos soldados romanos que vieram prendê-lo.
A morte de Jesus já estava decretada pelas
autoridades religiosas. Só restava apenas pegá-lo quando menos se esperasse.
Por isso mesmo, Jesus só ficava em Jerusalém durante o dia, à noite dormia fora
da cidade. Ele bem sabia que entre os discípulos havia um traidor. Assim se explica o aspecto clandestino da ida
de Jesus à noite a uma casa da cidade para celebrar a Páscoa.
Jesus é a vida que nasce da morte. No mundo
inteiro, a repetição diária da celebração da Paixão do Senhor na Santa
Missa, é necessária e indispensável para nos fazer entender o que significa a
vitória do derrotado, o sucesso do fracassado, a glória da humilhação, a vida
que nasce da morte.
A morte de Jesus,
portanto, não ocorreu por acaso, mas é resultado de um plano diabólico de morte
arquitetado pelos líderes religiosos e políticos, para anular a sua ação
libertadora.
Porém, nada disso adiantou. Jesus ressuscitou e está vivo no
meio de nós, assim como suas idéias, a sua Boa Nova, o Evangelho, que continua
vivo até hoje no nosso meio, fertilizando as nossas mentes para semearmos o amor
de Deus e a conscientização entre os oprimidos e os explorados.
Então vai, e faça o mesmo!
Bom domingo.
José Salviano.
PREZADOS
LEITORES: ESTOU EXPERIMENTANDO A FORÇA DE DEUS ME RESSUSCITANDO, COMO O FÊZ COM
LÁZARO! ESTOU BEM MELHOR MESMO! OBRIGADO POR SUAS ORAÇÕES.
SAL.
Me perdoe se dei em qquer momento dei a impressão de"alertar".Quem sou eu p/ alertar os apóstolos de CRISTO? Sou apenas um pecador que busca encontrar a verdadeira FÉ, do tamanho de um grão de mostarda para melhor servir ao SENHOR como um servo bem aventurado.Coordeno um pequeno grupo de leitores em uma Capela e as reflexões muito nos ajudam para não só fazer uma leitura mas proclamar com conhecimento do sentido que reza tais leituras.Por isso PEDI a todos os comentaristas, pensando em outros leitores.Que o SENHOR continue a te dar forças RENOVADAS para continuar a prestar serviço tão relevante na busca do caminho que nos leva até a ELE. OBRIGADO! Quanto a Helena Serpa, tenho semanalmente feito comentário a respeito de minha satisfação em receber seus comentários, e até postei um pedido de desculpas aos demais por me identificar mais com a linha de pensamentos comentada por ela.Estarei rezando por todos comentaristas,que perseverem, e por todos nós que busquemos sempre destacar o BEM e nunca o MAL que encontramos nos IRMÃOS. FIQUEM NA PAZ E AMOR DE JESUS E MARIA. Nelson Sergio Pereira.
ResponderExcluirOlá Salviano, que bom saber que você esta cada dia melhorando de saúde, por isso eu também fico muito feliz.Gosto muito de suas reflexões. Que DEUS lhe conceda muitos anos de vida e ótima saúde e que continue mandando suas reflexões diária para o internauta se deliciar e ficar em comunhão com o Nosso Criador. Que assim seja, amém.
ResponderExcluirPREZADO ANÔNIMO. EU ME REFERI AO TERMO ALERTA NO SENTIDO DE AVISAR, NO BOM SENTIDO. ACHO QUE ME EXPRESSEI MAL. DESCULPE.
ResponderExcluirSAL