SEXTA
Procuravam prender Jesus, mas ele escapou-lhes das mãos.
Este Evangelho narra mais uma vez a total rejeição das autoridades a
Jesus. E ele não queria morrer, por isso que lhes escapou das mãos. Mas ele
tinha outro desejo mais forte: ser fiel à missão que recebera do Pai.
“Por que me acusais de blasfêmia, quando eu digo que Filho de Deus?” Aí
está o motivo central da condenação de Jesus: ele se considera Filho de Deus,
não só ele, mas nós também, como ele disse várias vezes, e, no Pai Nosso,
ensinou-nos a chamar Deus de Pai.
Se Jesus dissesse que os ricos e mandantes de povo eram filhos de Deus,
não seria blasfêmia. O problema é que ele, pobre, e o povo que o seguia, também
pobres, não podiam ser considerados filhos e filhas de Deus. Pobre não pode ser
filho de Deus.
Hoje a desigualdade e a recusa aos pobres continua a mesma. “Todos são
iguais; entretanto, alguns são mais iguais que os outros”. “Todos têm direito
aos bens necessários a uma vida digna; entretanto, alguns têm mais direito que
os outros”. E se alguém quer “virar essa mesa”, seja no campo ou na cidade,
logo é eliminado. Não há judeu nem grego, escravo nem livre, pobre nem fico, todos
vós sois um em Cristo (Cf S. Paulo).
“Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: sermos chamados filhos
de Deus! E nós o somos! Se o mundo não nos conhece, é porque não conhecer o
Pai. Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o
que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a
ele, porque o veremos tal como ele é.”
Se realmente acreditarmos que somos filhos queridos de Deus, não nos
preocuparemos com o dia de amanhã nem com o dia de ontem. Deus cuida dos dois.
Cabe a nós dedicar-nos ao momento presente.
Certa vez, uma criança estava com medo de dormir sozinha no quarto.
Então a mãe lhe disse: “Você não vai dormir sozinho. Vocês serão seis aqui no
quarto: você, o Pai, o Filho, o Espírito Santo, o Anjo da Guarda e Nossa
Senhora!” E o bom é que, apesar de tantos dormindo juntos, a cama não se
quebra.
Diante dessa grande dignidade nossa, de sermos filhos e filhas de Deus,
S. Pedro conclui: “Por isso, dedicai todo o esforço em juntar à vossa fé a fortaleza,
à fortaleza o conhecimento, ao conhecimento o domínio próprio, ao domínio
próprio a constância, à constância a piedade, à piedade a fraternidade, e à
fraternidade, o amor. Se essas qualidades existirem e crescerem em vós, não vos
deixarão vazios... Por isso, irmãos, cuidai cada vez mais de confirmar a vossa
vocação e eleição. Procedendo assim, jamais tropeçareis” (2Pd 1,5-10).
Certa vez, um grupo de jovens foi passear numa montanha. Para o lanche,
levaram apenas um frango, que a mãe de um deles tinha assado.
Ao meio dia, quando todos já estavam mortos de fome, reuniram-se para
comer o frango. A turma se ajuntou em cima do frango, cada um arrancando um
pedaço. Um rapaz que estava lá atrás e não conseguia chegar até o frango,
gritou logo: “Êi! Eu também sou filho de Deus!”
É interessante: nessas horas a gente se lembra que é filho de Deus.
Vamos nos lembrar dessa maravilha durante a nossa vida inteira, e agradecer a
Jesus o presente que nos deu.
Campanha da fraternidade.
O Profeta Isaías anuncia que o Messias será o Príncipe da Paz (cf. Is9,
1-5). De fato, a vida de Jesus foi marcada pelo sofrimento, pela perseguição e,
conseqüentemente, pela insegurança. Por seus pais não encontrarem lugar na
hospedaria de Belém, Jesus nasceu na estrebaria (cf. Lc 2,7). Seus pais
precisaram fugir com ele para o Egito por causa da perseguição de Herodes, que
queria matá-lo, sendo que os Santos Inocentes morreram por causa dele (cf. Mt
2,13-18). O temor pela sua vida continuou presente em seus pais quando Herodes,
após sua morte, foi sucedido por seu filho Arquelau e, por isso, vão para a
Galiléia (cf. Mt 2,19-23). Quando Jesus começou sua vida pública, foi expulso
da Sinagoga de Nazaré e seus concidadãos quiseram matá-lo no precipício (cf. Lc
4,23-30). Daí para a frente, a sua vida foi sempre ameaçada. Quando Jesus, na
sinagoga e em dia de sábado, curou o homem de mão seca, os fariseus tomaram a
decisão de matá-lo (cf. Mt 12,9-14). Por fim, foi traído, preso, julgado e
executado. Ele foi acusado injustamente de diversos delitos e, quando
respondia, era tratado com violência: “Se falei mal, mostra em que errei, mas
se falei certo por que me bates bates?” (Jo 18,23). Apesar de tudo isso, o
Príncipe da Paz afirma do alto da cruz: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que
fazem!” (Lc 23,34).
Maria Santíssima ganha de nós de longe, porque ela é filha de Deus Pai,
Mãe de Deus Filho e esposa do Deus Espírito Santo. Que ela nos ajude a sermos
bons filhos e filhas de Deus.
Procuravam prender Jesus, mas ele escapou-lhes das mãos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário