DIA 17- QUINTA - Evangelho - Jo 18,19-15
Pe. Antonio Queiroz
Amou-os até o fim.
Hoje, quinta-feira santa, o Evangelho
narra a cena do lava-pés, e a segunda Leitura narra a instituição da
Eucaristia. São os dois fatos principais que celebramos hoje.
O evangelista João começa a narrar os
acontecimentos do tríduo pascal com as seguintes palavras: Jesus, “tendo amado
os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”. João vê todos os
acontecimentos dos últimos dias de Jesus na terra como desdobramentos do seu
amor por nós; um amor intenso, incondicional, gratuito e sem limites.
Com o gesto de lavar os pés, Jesus quis
mostrar como deve ser o nosso amor ao próximo; deve ser prático e concretizado
no serviço humilde e gratuito aos que precisam.
“Dei-vos o exemplo, para que façais a
mesma coisa que eu fiz.” Lavar os pés, naquele tempo, era uma necessidade
constante, devido à poeira e ao fato de as pessoas andarem descalço ou de
sandálias. Ótimo exemplo escolhido por Jesus para mostrar que amar é servir, é
atender às necessidades do outro, mesmo que sejam as mais humildes. Na família,
quem costumava lavar os pés era a escrava. Por isso que Pedro estranha a
atitude de Jesus. Mais tarde realmente Pedro entendeu e se tornou um grande servidor
da Igreja.
Em outra passagem Jesus explica: “Quem
quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve, e quem quiser ser o
primeiro entre vós seja o escravo de todos” (Mc 10,43-44)
Quando o mestre da Lei perguntou a Jesus
qual é o maior mandamento da Lei de Deus, Jesus apresenta como exemplo a
parábola do bom samaritano que cuidou do ferido encontrado na estrada (Lc
10,25-37).
No juízo final, as pessoas serão salvas
ou condenadas conforme fizeram ou não fizeram esses gestos práticos de amor:
“Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que meu Pai vos
preparou desde a criação do mundo! Pois eu estava com fome...” (Mt 25,34ss)
“Religião pura e sem mancha diante do
Deus e Pai é esta: assistir os órfãos e as viúvas em suas dificuldades e guardar-se
livre da corrupção do mundo” (Tg 1,27). “Há mais felicidade em dar do que em
receber” (At 20,35).
Quem ama quer estar perto da pessoa
amada. Jesus nos ama muito, por isso quis estar pertinho de todos nós na
Eucaristia. Em seu poder infinito, ele conseguiu uma aproximação que nenhum ser
humano consegue: entre dentro de cada um de nós como alimento.
E S. Paulo nos lembra, um pouco antes do
texto que está na segunda Leitura: “O pão que partimos não é a comunhão com o
corpo de Cristo? Como há um único pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só
corpo” (1Cor 10,16-17). Assim como o pão surge da união de vários grãos de
trigo, a Comunidade cristã é formada pela união de várias pessoas que comungam.
Conta-se que na Holanda aconteceu um
fato interessante: Um dia um menino estava perto de uma represa e de repente
viu que apareceu na barragem um buraquinho, pelo qual começou a esguichar água.
Mais que depressa o garoto foi lá, enfiou o seu dedinho no buraco e o tampou.
E ele começou a gritar, pedindo socorro.
Veio logo uma equipe e consertou a barragem, salvando a represa. Mas na verdade
quem a salvou foi o menino. Os nossos gestos de amor e de serviço, por pequenos
que sejam, podem às vezes produzir grandes resultados.
Campanha da fraternidade.Uma das maiores
dificuldades para a construção da paz é a desilusão. As pessoas ficam
descrentes na possibilidade de superação dos gigantescos problemas que geram
violência, e preferem continuar sofrendo, ou partir também para a violência.
Vale aqui a palavra de Jesus: “Coragem, eu venci o mundo” (Jo 16,35). Como
disse S. Paulo: “A esperança não decepciona” (Rm 5,5).
Maria Santíssima via-se a si mesma como
uma escrava: “Eis aqui a escrava do Senhor”. Que ela nos ajude a imitar o seu
Filho, ajudando com humildade os nossos irmãos e irmãs.
Amou-os até o fim.
Padre Queiroz
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