2 Março
2021
Lectio
Primeira leitura: Isaías 1, 10.16-20
10*Ouvi a palavra do Senhor, ó príncipes de
Sodoma; escuta a lição do nosso Deus, povo de Gomorra: 16 Lavai-vos,
purificai-vos, tirai da frente dos meus olhos a malícia das vossas acções.
Cessai de fazer o mal, 17*aprendei a fazer o bem; procurai o que é justo,
socorrei os oprimidos, fazei justiça aos órfãos, defendei as viúvas. 18 Vinde
agora, entendamo-nos -diz o Senhor. Mesmo que os vossos pecados sejam como
escarlate, tomer-se-êo brancos como a neve. Mesmo que sejam vermelhos como a
púrpura, ficarão brancos como a lã. 19Se fordes dóceis e obedientes, comereis
os bens da terra; 20 se recusardes, se vos revoltardes, sereis devorados pela
espada. É o Senhor quem o declara.»
o capítulo primeiro de Isaías anuncia, de
certo modo, a temática que irá ser desenvolvida nos seguintes capítulos: o amor
fiel de Deus a que o povo responde com a infidelidade (w. 2-9); essa
infidelidade atrai o castigo divino; mas não há culpa que a misericórdia de
Deus não possa perdoar; um pequeno "resto" será salvo, e será raiz de
vida nova.
Hoje escutamos um ensinamento profético contra
o ritualismo, no quadro de uma demanda judicial (w. 10.19s.). A referência a
Sodoma e Gomorra estabelece a ligação ao oráculo sobre a infidelidade dos
chefes de Judá e de Jerusalém (w. 4-9), e de todo o povo de Israel, que atrai um
castigo semelhante ao das duas cidades tristemente célebres (cf. Gen 19; Dt 29,
22; 32,32).
Sem fidelidade à Lei divina, a oração é
ineficaz e o culto é inútil, e mesmo perverso. Mas, apesar da sua infidelidade,
Israel continua a ser o destinatário da Palavra de vida, e dons de Deus são
irrevogáveis. Por isso, o profeta insiste na necessidade de mudança, para
acolher o perdão oferecido por Deus. Ainda é possível escolher entre a bênção e
a maldição (w. 19.20).
Evangelho: Mateus 23, 1-12
Naquele tempo, 1Jesus falou assim à multidão e
aos seus discípulos: 2*«Os doutores da Lei e os fariseus instalaram-se na
cátedra de Moisés. 3Fazei, pois, e observai tudo o que eles disserem, mas não
imiteis as suas obras, pois eles dizem e não fazem. 4*Atam fardos pesados e insuportáveis
e colocam-nos aos ombros dos outros, mas eles não põem nem um dedo para os
deslocar. 5*Tudo o que fazem é com o fim de se tornarem notados pelos homens.
Por isso, alargam as filactérias e alongam as orlas dos seus mantos. 6Gostam de
ocupar o primeiro lugar nos banquetes e os primeiros assentos nas sinagogas.
7Gostam das saudações nas praças públicas e de serem chamados 'Mestres' pelos
homens. 8*Quanto a vós, não vos deixeis tratar por 'Mestres; pois um só é o
vosso Mestre, e vós sois todos irmãos. 9E, na terra, a ninguém chameis 'Pai;
porque um só é o vosso 'Pai; aquele que está no Céu. 10Nem permitais que vos
tratem por 'doutores; porque um só é o vosso 'Doutor; Cristo. 11 *0 maior de
entre vós será o vosso servo. 12Quem se exaltar será humilhado e quem se
humilhar será exaltado.
Jesus, depois dos debates no templo, dirige-se
à multidão e aos discípulos para continuar a diatribe com os escribas e
fariseus. Desmascara-lhes a incoerência (vv. 2- 4), a ostentação e vanglória
(vv. 5-7), e dirige-lhes os sete «Ai de vós» (vv. 13-36) que desembocarão no
sentido lamento sobre Jerusalém (vv. 37-39). Por outro lado, põe de sobreaviso
os discípulos contra o vício da ambição (vv. 8-10), gangrena da comunidade já
nos tempos em que foram redigidos os evangelhos. O formalismo, a busca de
prestígio pessoal, profanam a religião e tornam-na idolátrica.
A conclusão não pode ser deixar de escutar a
Palavra proclamada por chefes incoerentes, mas usar o discernimento para fazer
o que eles dizem, e não fazer o que fazem. Acima de tudo, há que ter o olhar
bem fixo em Jesus, o verdadeiro Mestre, o fiel intérprete do Pai.
Meditatio
A Igreja faz-nos escutar, hoje, palavras
fortes e reconfortantes: «Mesmo que os vossos pecados sejam como escarlate,
tomsr-se-êo brancos como a neve. (Is 1, 18). Estas palavras caiem como bálsamo
sobre a nossa ingratidão, superficialidade e malícia. Deus, na sua paciente
misericórdia continua disposto a perdoar-nos.
Disse que estas palavras caiem como bálsamo
sobre o nosso coração ferido pelo pecado. A palavra de Deus fala-nos de neve.
Como se torna bela uma paisagem coberta de neve! Mas a palavra de Deus vai mais
longe. Os nossos pecados não são apenas cobertos, do modo que a neve cobre a
terra. A sua misericórdia transforma-os em ocasião de graça, em fonte de amor.
Isaías diz-nos que os nossos pecados, ainda que sejam escarlate, tornar-se-ão
brancos como a neve. É essa a extraordinária maravilha que Deus quer operar em
nós, apagando todas as nossas manchas, mesmo as mais horríveis, com um «detergente»
muito especial, o sangue de Cristo, como nos diz o Apocalipse: «lavaram as suas
vestes no sangue do comem» (7, 14).
O sangue de Cristo, derramado por nosso amor,
é a nossa única garantia de purificação e de salvação. Não é a simples
observância exterior dos preceitos, com que, por vezes, nos gloriamos, em vez
de darmos glória ao Senhor. A nossa vida, o nosso culto, como nos recomenda
Isaías, hão-de ser expressão de que conhecemos o amor de Deus e queremos
corresponder de modo generoso e total à sua fidelidade para connosco. Os
sacrifícios e as ofertas nada valem, se o ouvido e o coração, seduzidos pelo
pecado, estão endurecidos e não reconhecem o amor misericordioso e fiel de Deus
para connosco. Só a Palavra de Deus, escutada pelo ouvido, descida ao coração,
guardada com amor, e praticada com simplicidade, nos torna sensíveis ao amor de
Deus e nos leva a corresponder-lhe com sinceridade de coração.
"De acordo com o apelo premente do Senhor
à conversão, procuramos discernir atentamente o pecado nas nossas vidas;
teremos a peito celebrar frequentemente o seu perdão no sacramento da
reconciliação" (Cst. 79). O sacramento da Reconciliação permite-nos um
muito particular acesso ao precioso sangue de Cristo, que nos lava de todo o
pecado, nos renova interiormente e nos torna capazes de corresponder
adequadamente ao amor fiel e misericordioso do nosso Deus.
Oratio
Senhor Jesus, Cordeiro imolado, eis-nos aqui,
manchados pelas nossas culpas.
Derrama sobre nós o teu sangue imaculado, para
que nos purifique, renove e torne capazes de correspondermos ao teu amor fiel e
misericordioso. Tu que amas a santidade e queres realizá-Ia em nós, lava-nos no
teu sangue precioso e transformanos interiormente. Faz-nos mais brancos do que
a neve. Então, tendo experimentado o teu amor, havemos de corresponder-lhe com
uma vida de oblação generosa e total, no louvor, na acção de graças, no
testemunho, para que todos possam escutar as maravilhas da tua misericórdia e
dispor-se a acolhê-Ias, para também serem transformados. Amen.
Contem
platio
Já no Antigo Testamento, Deus pedia ao seu
povo a prática das obras de misericórdia, como condição do perdão e da
salvação. «Corrigi-vos, dizia em Isaías, purificai os vossos pensamentos e os
vossos corações, deixai de me ofender, mas também aprendei a fazer o bem, sede
justos, socorrei os oprimidos, fazei justiça às viúvas e aos órfãos, e então
podeis vir interpelar-me e reclamar de mim o vosso perdão, e então, mesmo que
as vossas almas fossem amarelas como o açafrão, tornarse-iam brancas como a neve;
e se fossem vermelhas como a púrpura, tornar-se-iam brancas como a lã do
cordeiro» (Is 1, 17).
Em que ponto me encontro nesta virtude fecunda
e redentora? Quais são os meus sentimentos a respeito daqueles que me ofendem
ou me ferem, daqueles que me criticam ou me fazem sofrer? Que piedade tenho no
coração por aqueles que penam e que sofrem? - Quero fazer para mim uma lei da
clemência e da misericórdia. A beneficência é o sinal da aliança com Deus:
Elemosyna viri quasi signaculum cum ipso (Eccli. 17,18).
Ajuda os pequenos e os pobres, diz o sábio, e
a tua esmola rezará por ti diante de Deus e afastará de ti todos os perigos
(Eccli 29, 15). /47
Foi com um Coração enternecido de misericórdia
que o Salvador nos visitou: Per viscera misericordiae in qulbus visitavit nos
oriens ex alto (Lc 1, 77). Sejamos bons para com todos, como Ele foi bom para
connosco.
Resoluções. - Senhor, quero ser bom e benevolente,
e perdoar a todos para que também vós me perdoeis: em que ponto me encontro
neste caminho?
Quero revestir-me de misericórdia a vosso
exemplo como S. Paulo me convida (Coi 3, 12). Misericórdia divina, incarnada no
Sagrado Coração de Jesus, cobri o mundo, expandi-vos sobre nós e fazei reinar a
misericórdia no meu coração (leão Dehon, OSP 4, p. 66s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Os vossos pecados tomer-se-êo brancos como a
neve» (Is 1, 18).
Eu, Jair Ferreira da Cidade de Cruz das Almas, na Bahia da Diocese Nossa Senhora do Bom Sucesso, leio e reflito sobre as leituras diária dessa equipe(José Salviano, Helena Serpa, Olívia Coutinho, Dehoniamos, Jorge Lorente, Vera Lúcia, Maria de Lourdes Cury Macedo) colocando em prática no meu dia-dia, obrigado a todos que doaram um pouco do seu tempo para evangelizar, catequizar e edificar o reino de Deus, que o Senhor Jesus Cristo e Nossa Mãe Maria Santíssima continue iluminando a todos. Abraços fraternos.
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