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Fevereiro 2021
Lectio
Primeira leitura: Génesis 1, 1-19
No princípio, quando Deus criou os céus e a
terra, 2a terra era informe e vazia, as trevas cobriam o abismo e o espírito de
Deus movia-se sobre a superfície das águas. 3Deus disse: «Faça-se a luz.» E a
luz foi feita. 4Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas. 5Deus
chamou dia à luz, e às trevas, noite. Assim, surgiu a tarde e, em seguida, a
manhã: foi o primeiro dia. 6Deus disse: «Haja um firmamento entre as águas,
para as manter separadas umas das outras.» E assim aconteceu. 7Deus fez o firmamento
e separou as águas que estavam sob o firmamento das que estavam por cima do
firmamento. 8Deus chamou céus ao firmamento. Assim, surgiu a tarde e, em
seguida, a manhã: foi o segundo dia. 9Deus disse: «Reúnam-se as águas que estão
debaixo dos céus, num único lugar, a fim de aparecer a terra seca.» E assim
aconteceu. 10Deus chamou terra à parte sólida, e mar, ao conjunto das águas. E
Deus viu que isto era bom. 11Deus disse: «Que a terra produza verdura, erva com
semente, árvores frutíferas que dêem fruto sobre a terra, segundo as suas
espécies, e contendo semente.» E assim aconteceu. 12A terra produziu verdura,
erva com semente, segundo a sua espécie, e árvores de fruto, segundo as suas
espécies, com a respectiva semente. Deus viu que isto era bom. 13Assim, surgiu
a tarde e, em seguida, a manhã: foi o terceiro dia.
14Deus disse: «Haja luzeiros no firmamento dos céus, para separar o dia da
noite e servirem de sinais, determinando as estações, os dias e os anos;
15servirão também de luzeiros no firmamento dos céus, para iluminarem a Terra.»
E assim aconteceu. 16Deus fez dois grandes luzeiros: o maior para presidir ao
dia, e o menor para presidir à noite; fez também as estrelas. 17Deus colocou-os
no firmamento dos céus para iluminarem a Terra, 18para presidirem ao dia e à
noite, e para separarem a luz das trevas. E Deus viu que isto era bom. 19Assim,
surgiu a tarde e, em seguida, a manhã: foi o quarto dia.
Os relatos da criação descrevem acções divinas
que se situam, não na história, mas num "princípio" que ninguém pode
conhecer. Daí o uso da linguagem dos "mitos". De facto, ninguém
assistiu à criação do mundo para no-la poder narrar: «Onde estavas, quando
lancei os fundamentos da terra?» - pergunta Deus a Job (Jb 38, 4). Portanto, o
carácter destes relatos não é científico, embora o autor se sirva da noção
experimental do mundo corrente no seu tempo; nem é histórico, embora as
apresente em movimento e num processo análogo ao da história. Estas afirmações
são teológicas: falam de Deus enquanto revelam acção e desígnio no mundo, e
enquanto este encontra a plenitude do seu ser na referência a Deus. São
teologia de linguagem medida e refinada, e são também mensagem para
determinados destinatários, como os pagãos que adoravam o Sol, a Lua e outras
criaturas.
No primeiro relato, o autor sagrado refere que Deus tudo criou pela sua palavra
e baseia a estrutura da sua narrativa nos sete dias da semana, com os seis dias
de trabalho e mais um de repouso, o «sétimo dia» para o qual converge toda a
acção semanal, que nele encontra plena realização. Esta estrutura é
propositadamente usada, tanto mais que as acções de Deus são mais de sete: a
luz, a abóbada celeste, a terra enxuta, a vegetação, os luzeiros, os peixes, as
aves, o gado, os répteis, o homem (macho e fêmea). O relato de Gn 1 quer
dizer-nos que a criação foi organizada em vista de um fim muito concreto que se
resume no sábado, que é dia de repouso para o homem e o dia de louvor para Deus.
Ao terminar esta página lemos: «Concluída, no sétimo dia, toda a obra que tinha
feito, Deus repousou, no sétimo dia, de todo o trabalho por Ele realizado» (Gn
2, 2). Como pôde concluir a criação se, no mesmo dia cessou toda a actividade?
Faltava uma coisa essencial no mundo: o tempo e o espaço para a oração. O
sábado vem colmatar essa falta, concluir a obra, porque permite viver, com a
periodicidade de uma semana, o tempo todo de Deus criador e salvador, e
celebrar de antemão a criação terminada. É uma imagem da meta posta à vista,
para iluminar o caminho e assegurar que por ele se chega à realização total e
ao repouso de Deus.
Evangelho: Marcos 6, 53-56
Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos
fizeram a travessia do lago e vieram para a terra de Genesaré, onde aportaram.
54Assim que saíram do barco, reconheceram-no. 55Acorreram de toda aquela região
e começaram a levar os doentes nos catres para o lugar onde sabiam que Ele se
encontrava. 56Nas aldeias, cidades ou campos, onde quer que entrasse, colocavam
os doentes nas praças e rogavam-lhe que os deixasse tocar pelo menos as franjas
das suas vestes. E quantos o tocavam ficavam curados.
Jesus acaba de atravessar o lago de Genesaré,
unindo a margem leste, onde habitam os pagãos, com a margem oeste, onde habitam
os hebreus. A descrição de Marcos lembra-nos as promessas messiânicas:
«Acorrerão ao monte do Senhor todas as gentes, virão muitos povos e dirão...
Ele nos ensinará os seus caminhos» (cf. Is 2, 2-3); «Virão povos e habitantes
de grandes cidades. E os habitantes de uma cidade irão para outra, dizendo:
'Vamos implorar a face do Senhor!» (Zc 8, 21). Todos os que se reconhecem
carecidos de salvação dirigem-se a Jesus. Diante dele são expostas todas as
misérias humanas. As pessoas não se deixam dominar pela vergonha, mas agem com
confiança: basta que os Senhor lhes toque apenas com «as franjas das suas
vestes». Assim se cumpre a palavra do profeta: «Assim fala o Senhor do
universo: Naqueles dias, dez homens de todas as línguas das nações tomarão um
judeu pela dobra do seu manto e dirão: 'Nós queremos ir convosco, porque
soubemos que Deus está convosco'» (Zc 8, 23). Não precisamos de nos esforçar
para demonstrar que, no Evangelho, se tratava sempre de verdadeiros milagres, e
não de casos idênticos àqueles de que fala hoje a parapsicologia. Uma correcta
cristologia não exige que Jesus fosse um super-homem. Marcos não usa métodos
racionalistas para demonstrar a divindade de Jesus. Aliás, para ele, a fé é um
dom gratuito de Deus que geralmente precede os «milagres». O interessante é que
as pessoas perceberam que a mensagem do Evangelho não era algo de abstracto de
puramente filosófico, mas que implicava a melhoria da sua situação. Se,
intuindo que Deus estava com Jesus, acorriam a Ele, depois de estarem com Ele,
partiam gritando: Deus está connosco e a nossa favor... em Jesus.
Meditatio
As páginas do Génesis, que nos falam de Deus
Criador, suscitam em nós sentimentos de admiração e de grandeza. É pela sua
palavra que Deus cria o mundo. Dá uma ordem, e tudo acontece: «Deus disse:
«Faça-se», e «assim se fez
». E não falta uma avaliação da obra feita: «E Deus viu que isto era bom» (cf.
Gn 1, 25). Deus aprecia as obrs que realiza. Compraz-se nelas.
Sabemos que a Bíblia não pretende explicar cientificamente a criação do mundo.
Os relatos do Génesis são uma história religiosa que fala de todas as criaturas,
que afirma que todas têm origem em Deus e na sua palavra criadora. O escritor
bíblico está claramente cheio de admiração pelas obras de Deus. A nossa
admiração, a milénios de distância, há-de ser ainda maior, porque hoje, graças
à investigação científica, compreendemos muito melhor a grandeza do universo. O
autor bíblico não conhecia a distância da Terra à Lua, nem as quase
inimagináveis distâncias medidas em anos luz entre os astros. Continuam a ser
descobertas estrelas, vias lácteas, galácias... Nós, agora, temos conhecimento
de tudo isso, que não é suficiente, mas é importante, como revelação de Deus.
Deus revela-se na criação. É bom e útil para nós deter-nos a contemplar a
grandeza e as maravilhas de Deus nas suas obras pequenas e grandes. Os santos comoviam-se
profundamente diante da grandeza do universo, mas também diante da simplicidade
e da beleza de uma pequena flor. Em tudo descobriam a presença da sabedoria, do
poder, do amor de Deus. «Louvai o Senhor porque Ele é bom, porque é eterna a
sua misericórdia», convida-nos o salmo (2 Cr 7, 3).
O cristão cultiva, diante da criação, um olhar de grande optimismo e de
respeito. Optimsmo porque, apesar do mal que há no mundo, o conjunto das obras
de Deus é bom; de respeito, porque, se tudo foi feito para o homem, ele deve
usá-lo na medida das suas reais necessidades, sem destruir nem desperdiçar o
que quer que seja.
O encontro com Deus feito homem, com Jesus, possiblita-nos uma cura que nos
permite ver a verdade da criação, e a nossa própria verdade.
Oratio
Obrigado, Senhor, pela obra maravilhosa da
criação. Louvado sejas por todas as tuas criaturas: o Sol, a Lua, as estrelas,
o ar, as águas, o fogo e a mãe Terra, com tudo o que a enche, nos sustenta e
governa.Obrigado por teres feito o homem como obra-prima da criação. Que ele
saiba usá-la com respeito, com amor, com gratidão. Que jamais se limite a
perguntar: «Para que serve?»; «Quanto rende?». Mas que tenha consciência de
que, o que existe na Terra, é para os que vivem hoje, e hão-de viver no futuro.
Amen.
Contemplatio
Chegou o momento de imaginarmos as piedosas
conversas de Jesus e de seus pais. Regressavam os três a Nazaré, tão felizes
por estarem de novo reunidos. «Desceu com eles», diz-nos S. Lucas, como para
nos dizer: meditai sobre as suas conversas. Com que é que Jesus podia
entreter-se com os seus pais, senão com a sua missão messiânica e com todos os
desígnios de misericórdia que enchiam o seu Coração. Aí conduzia docemente o
seu pensamento: «Mãe, dizia, os homens passam mal os dias da sua peregrinação
na terra. Deixam-se absorver pelo cuidado dos interesses temporais. E, no
entanto, os milagres da criação estão por toda a parte semeados sobre os seus
caminhos, mas não se dignam olhá-los. Não consideram quem é que fez crescer e
reverdejar esta árvore, quem, com tantos matizes, coloriu este bando alado de
graciosas aves, nem quem o alimentou sem que ele se inquiete. Certamente, estes
pássaros folgazões não semeiam nem recolhem. - Contemplai, ó minha mãe, ó meu
lírio, a vossa irmã, aquela flor ali, branca como a neve. Na verdade, nem a
esposa de um rei, nem Salomão mesmo na sua glória foram adornados tão
magnificamente. E no entanto não passa de uma flor. (Leão Dehon, OSP3, p.
162s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Obras do Senhor, bendizei todas o Senhor» (Sl 136, 57).
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Subsídio Litúrgico a cargo de Fernando
Fonseca, scj
Eu, Jair Ferreira da Cidade de Cruz das Almas, na Bahia da Diocese Nossa Senhora do Bom Sucesso, leio e reflito sobre as leituras diária dessa equipe(José Salviano, Helena Serpa, Olívia Coutinho, Dehoniamos, Jorge Lorente, Vera Lúcia, Maria de Lourdes Cury Macedo) colocando em prática no meu dia-dia, obrigado a todos que doaram um pouco do seu tempo para evangelizar, catequizar e edificar o reino de Deus, que o Senhor Jesus Cristo e Nossa Mãe Maria Santíssima continue iluminando a todos. Abraços fraternos.
ResponderExcluirDEUS te abençoe e te ilumine. Obrigado pela reflexão.
ResponderExcluirSanta Maria, Rio Grande do Sul.
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
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