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Setembro 2018
Tempo
Comum – Anos Pares
XXIII Semana – Segunda-feira
Lectio
Lectio
Primeira leitura: 1 Coríntios 5, 1-8
Irmãos: 1ouve-se dizer por toda a parte que
existe entre vós um caso de imoralidade, e uma imoralidade como não se encontra
nem mesmo entre os pagãos: um de vós vive com a mulher de seu pai. 2E
continuais cheios de orgulho, em vez de andardes de luto, a fim de que seja
retirado do meio de vós o autor de tal acção. 3Quanto a mim, ausente de corpo
mas presente em espírito, já julguei, como se estivesse presente, aquele que
assim procedeu: 4em nome do Senhor Jesus e com o seu poder, por ocasião de uma
assembleia onde eu estarei presente em espírito, que 5tal homem seja entregue a
Satanás para mortificação da sua carne, a fim de que o seu espírito seja salvo
no Dia do Senhor. 6Não é digno o vosso motivo de orgulho! Não sabeis que um
pouco de fermento faz levedar toda a massa? 7Purificai-vos do velho fermento,
para serdes uma nova massa, já que sois pães ázimos. Pois Cristo, nossa Páscoa,
foi imolado. 8Celebremos, pois, a festa, não com o fermento velho, nem com o
fermento da malícia e da corrupção, mas com os ázimos da pureza e da verdade.
A primeira carta de S. Paulo aos Coríntios
pode ser considerada um conjunto de respostas a questões levantadas por essa
comunidade. Para dar uma resposta unificada a essas questões, o Apóstolo apela
para o núcleo da fé cristã, o mistério pascal de Jesus.
O texto de hoje trata de um caso de imoralidade que não pode passar em claro. Um cristão de Corinto tinha cometido um grave pecado de incesto unindo-se com a «mulher de seu pai», provavelmente já viúva. A comunidade não o tinha expulsado do seu seio, correndo o grave risco de corrupção interna, e com escândalo dos próprios pagãos, uma vez que as leis romanas proibiam essas uniões conjugais. O que mais impressiona é que Paulo, em vez de amontoar proibições e recomendações mais ou menos paternalistas, apela para o evento pascal que, tendo caracterizado a vida de Jesus, deve também caracterizar a vida de todos os cristãos e a das respectivas comunidades: «Purificai-vos do velho fermento, para serdes uma nova massa, já que sois pães ázimos» (v. 7). A imagem é de fácil compreensão: temos diante de nós o binómio «velho/novo». Com ele, Paulo quer afastar, não só uma certa preguiça espiritual, mas também e sobretudo a adesão estática e nostálgica àquilo que foi definitivamente ultrapassado com a vinda de Cristo. Não se pode ficar parados, nem os cristãos, nem as comunidades. Há que acertar o passo com Jesus Cristo.
«Pois Cristo, nossa Páscoa, foi imolado. Celebremos a festa» (v. 7b-8): é a motivação pascal oferecida por Paulo a uma comunidade que deve viver a fé em termos de alegre novidade, em novidade de vida, esquecendo o que está para trás.
O texto de hoje trata de um caso de imoralidade que não pode passar em claro. Um cristão de Corinto tinha cometido um grave pecado de incesto unindo-se com a «mulher de seu pai», provavelmente já viúva. A comunidade não o tinha expulsado do seu seio, correndo o grave risco de corrupção interna, e com escândalo dos próprios pagãos, uma vez que as leis romanas proibiam essas uniões conjugais. O que mais impressiona é que Paulo, em vez de amontoar proibições e recomendações mais ou menos paternalistas, apela para o evento pascal que, tendo caracterizado a vida de Jesus, deve também caracterizar a vida de todos os cristãos e a das respectivas comunidades: «Purificai-vos do velho fermento, para serdes uma nova massa, já que sois pães ázimos» (v. 7). A imagem é de fácil compreensão: temos diante de nós o binómio «velho/novo». Com ele, Paulo quer afastar, não só uma certa preguiça espiritual, mas também e sobretudo a adesão estática e nostálgica àquilo que foi definitivamente ultrapassado com a vinda de Cristo. Não se pode ficar parados, nem os cristãos, nem as comunidades. Há que acertar o passo com Jesus Cristo.
«Pois Cristo, nossa Páscoa, foi imolado. Celebremos a festa» (v. 7b-8): é a motivação pascal oferecida por Paulo a uma comunidade que deve viver a fé em termos de alegre novidade, em novidade de vida, esquecendo o que está para trás.
Evangelho: Lucas 6, 6-11
Naquele tempo, Jesus 6entrou na sinagoga a um
sábado e começou a ensinar. Encontrava-se ali um homem cuja mão direita estava paralisada.
7Os doutores da Lei e os fariseus observavam-no, a ver se iria curá-lo ao
sábado, para terem um motivo de acusação contra Ele. 8Conhecendo os seus
pensamentos, Jesus disse ao homem da mão paralisada: «Levanta-te e põe-te de
pé, aí no meio.» Ele levantou-se e ficou de pé. 9Disse-lhes Jesus: «Vou
fazer-vos uma pergunta: O que é preferível, ao sábado: fazer bem ou fazer mal,
salvar uma vida ou perdê-la?» 10Então, olhando-os a todos em volta, disse ao
homem: «Estende a tua mão.» Ele estendeu-a, e a mão ficou sã. 11Os outros
encheram-se de furor e falavam entre si do que poderiam fazer contra Jesus.
Lucas volta à polémica sobre o sábado. A
ocasião é-lhe proporcionada por um milagre de Jesus em favor de um homem
paralítico, que desencadeia críticas dos seus adversários. O choque é ainda
mais forte do que fora quando os discípulos colheram e comeram espigas de
trigo, ao sábado. Uma certa mentalidade farisaica queria, não só parar os
discípulos de Jesus, mas também pôr fim à actividade taumatúrgica do seu
Mestre. Jesus não pode aceitar a pretensão dos escribas e fariseus, e
aponta-lhes, não só o criticismo, mas também a perversidade. Jesus lê o coração
do homem: daquele que o escuta e segue, mas também daquele que O espia e quer
apanhar em falso…
Realizado o milagre, Jesus enfrenta os adversários colocando a questão do seguinte modo: «O que é preferível, ao sábado: fazer bem ou fazer mal, salvar uma vida ou perdê¬ la?» (v. 9). Jesus está tão seguro da sua certeza que nem espera a resposta. Cura o doente, e desencadeia uma reacção de fúria contra Si. A intolerância e a violência dos adversários levam Jesus à morte espiritual, ainda antes da morte física.
Realizado o milagre, Jesus enfrenta os adversários colocando a questão do seguinte modo: «O que é preferível, ao sábado: fazer bem ou fazer mal, salvar uma vida ou perdê¬ la?» (v. 9). Jesus está tão seguro da sua certeza que nem espera a resposta. Cura o doente, e desencadeia uma reacção de fúria contra Si. A intolerância e a violência dos adversários levam Jesus à morte espiritual, ainda antes da morte física.
Meditatio
Os cristãos correm o risco de se deixar
iludir. Os da comunidade de Corinto pensavam ter atingido o cume da perfeição e
orgulhavam-se disso, não se dando conta de que havia entre eles «uma
imoralidade como não se encontra nem mesmo entre os pagãos» (v. 1). Havia,
pois, temas a esclarecer, nomeadamente no que se refere à liberdade humana. Até
que ponto obriga a própria lei divina? Todas as leis valem o mesmo? Há espaço
para interpretações libertadoras? Como harmonizar no dia a dia autoridade e
liberdade, norma escrita e autodeterminação? As páginas evangélicas sobre a
observância do sábado oferecem-nos alguns raios de luz.
Toda a lei quer ser considerada com dom de Deus ao seu povo, e a todo o homem e mulher que queira dar ouvidos à Palavra, portadora de vida. Se conseguirmos considerar a lei, toda a lei, como dom, teremos diante de nós um caminho de liberdade genuína, autêntica. A lei, toda a lei, é-nos oferecida como luz para os nossos passos, como lâmpada para o nosso caminho. Devemos confessar que precisamos de uma luz capaz de iluminar mesmo o mais recôndito da nossa vida, capaz de orientar as nossas opções no devir da história.
A lei, toda a lei, é-nos oferecida como pedagogo, isto, como instituição capaz de nos educar no exercício da liberdade: a liberdade psicológica, pela qual afirmamos a nossa dignidade diante de toda a tentativa de instrumentalização; a liberdade evangélica, pela qual reconhecemos o primado de Deus e a prioridade de Cristo em todas as nossas opções.
«Cristo…pela sua morte e ressurreição, abriu-nos ao dom do Espírito e à liberdade dos Filhos de Deus (cf. Rom 8,21). Ele é para nós o Primeiro e o Último, Aquele que vive (cf. Apoc 1,17-18)» (Cst 11). O Espírito de Cristo é um Espírito de amor e “onde está o Espírito há liberdade” (2 Cor 3, 17). Os preciosos frutos do Espírito (cf. Gal 5, 22) tornam o homem verdadeiramente livre, inclusivamente de si mesmo, pe
lo “auto-domínio”, quando, nos seus pensamentos, desejos, afectos, palavras, acções não se deixa guiar pelo seu eu, pelo egoísmo, mas pelo Espírito de Deus.
Toda a lei quer ser considerada com dom de Deus ao seu povo, e a todo o homem e mulher que queira dar ouvidos à Palavra, portadora de vida. Se conseguirmos considerar a lei, toda a lei, como dom, teremos diante de nós um caminho de liberdade genuína, autêntica. A lei, toda a lei, é-nos oferecida como luz para os nossos passos, como lâmpada para o nosso caminho. Devemos confessar que precisamos de uma luz capaz de iluminar mesmo o mais recôndito da nossa vida, capaz de orientar as nossas opções no devir da história.
A lei, toda a lei, é-nos oferecida como pedagogo, isto, como instituição capaz de nos educar no exercício da liberdade: a liberdade psicológica, pela qual afirmamos a nossa dignidade diante de toda a tentativa de instrumentalização; a liberdade evangélica, pela qual reconhecemos o primado de Deus e a prioridade de Cristo em todas as nossas opções.
«Cristo…pela sua morte e ressurreição, abriu-nos ao dom do Espírito e à liberdade dos Filhos de Deus (cf. Rom 8,21). Ele é para nós o Primeiro e o Último, Aquele que vive (cf. Apoc 1,17-18)» (Cst 11). O Espírito de Cristo é um Espírito de amor e “onde está o Espírito há liberdade” (2 Cor 3, 17). Os preciosos frutos do Espírito (cf. Gal 5, 22) tornam o homem verdadeiramente livre, inclusivamente de si mesmo, pe
lo “auto-domínio”, quando, nos seus pensamentos, desejos, afectos, palavras, acções não se deixa guiar pelo seu eu, pelo egoísmo, mas pelo Espírito de Deus.
Oratio
Senhor Jesus, ver-Te actuar segundo a lei do
amor, mesmo na certeza de que os teus adversários iriam reagir negativamente, é
para mim uma lufada de ar fresco! Que alegria observar a tua certeza, apoiada
apenas no teu amor libertador, em contraste com a mesquinhez dos fariseus,
apenas preocupados em mostrar a sua impecável observância! Que luz perceber uma
nova lei que respeita a liberdade, uma autoridade solícita em promover a
responsabilidade dos outros! Que conforto ver Paulo sacudir a comunidade de
Corinto, para que substitua o velho fermento pelo novo, o da sinceridade e da
verdade!
Ó Senhor, liberta-nos da cegueira dos fariseus que, por amor da lei, chegaram a matar-te e, em defesa das suas tradições não tinha escrúpulos em espezinhar o próximo. Amen.
Ó Senhor, liberta-nos da cegueira dos fariseus que, por amor da lei, chegaram a matar-te e, em defesa das suas tradições não tinha escrúpulos em espezinhar o próximo. Amen.
Contemplatio
Deus conhece-se, ama-se, goza a perfeição das
suas perfeições infinitas, nada lhe falta, não tem necessidade de nenhum ser
fora dele. Mas como a bondade é difusiva por natureza, Deus quis expandir-se
para fora pela efusão da sua bondade. As criaturas inanimadas são como que o
vestígio do seu Ser. As criaturas dotadas apenas da vida vegetal ou animal já
são um reflexo da vida divina. Mas, só as criaturas inteligentes, os anjos e os
homens, são verdadeiramente a imagem e a semelhança de Deus. Pela sua vida,
inteligência e vontade, o homem é a imagem da santa Trindade; cada uma das três
pessoas divinas imprimiu na sua alma o seu traço característico; vivendo, a
nossa alma reproduz a vida divina e o poder do Pai; sendo inteligente, ela
imita a inteligência do Verbo; amando, ela exprime o amor do Espírito Santo. O homem
tem semelhança com família com Deus.
Deus é espírito; a nossa alma é espírito. – Deus é um na natureza e triplo nas pessoas; a nossa alma é una segundo a natureza e múltipla nas suas faculdades. – Deus é eterno; o homem é imortal. – Deus é livre; o homem é livre. Por esta liberdade, nós merecemos o céu; e por isso Deus comunica-nos, na medida do possível, a mais incomunicável das suas perfeições, a sua qualidade de ser e de ter por si mesmo tudo o que Ele é e tudo o que tem.
Deus colocou todas as criaturas ao nosso serviço, mas fez ainda mais ao nos dar a sua própria semelhança e ao se nos dar a si mesmo, para fazer a nossa felicidade pelo seu conhecimento e pelo seu amor. Porque as nossas faculdades naturais, a nossa inteligência, a nossa razão, já nos permitem conhecer a Deus como nosso Criador e amá-lo como nosso remunerador, fora mesmo da revelação e dos dons sobrenaturais (Leão Dehon, OSP 2, pp.189-190).
Deus é espírito; a nossa alma é espírito. – Deus é um na natureza e triplo nas pessoas; a nossa alma é una segundo a natureza e múltipla nas suas faculdades. – Deus é eterno; o homem é imortal. – Deus é livre; o homem é livre. Por esta liberdade, nós merecemos o céu; e por isso Deus comunica-nos, na medida do possível, a mais incomunicável das suas perfeições, a sua qualidade de ser e de ter por si mesmo tudo o que Ele é e tudo o que tem.
Deus colocou todas as criaturas ao nosso serviço, mas fez ainda mais ao nos dar a sua própria semelhança e ao se nos dar a si mesmo, para fazer a nossa felicidade pelo seu conhecimento e pelo seu amor. Porque as nossas faculdades naturais, a nossa inteligência, a nossa razão, já nos permitem conhecer a Deus como nosso Criador e amá-lo como nosso remunerador, fora mesmo da revelação e dos dons sobrenaturais (Leão Dehon, OSP 2, pp.189-190).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
«Cristo, nossa Páscoa, foi imolado» (1 Cor 5, 7).
«Cristo, nossa Páscoa, foi imolado» (1 Cor 5, 7).
| Fernando Fonseca, scj |
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