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Setembro 2018
Tempo Comum – Anos Pares
XXII Semana – Terça-feira
XXII Semana – Terça-feira
Lectio
Primeira leitura: 1 Coríntios 2, 10b-16
Irmãos: o Espírito tudo penetra, até as
profundidades de Deus. 11Quem, de entre os homens, conhece o que há no homem,
senão o espírito do homem que nele habita? Assim também, as coisas que são de
Deus, ninguém as conhece, a não ser o Espírito de Deus. 12Quanto a nós, não
recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que vem de Deus, para podermos
conhecer os dons da graça de Deus. 13E deles não falamos com palavras que a
sabedoria humana ensina, mas com as que o Espírito inspira, falando de
realidades espirituais em termos espirituais. 14O homem terreno não aceita o
que vem do Espírito de Deus, pois é uma loucura para ele. Não o pode
compreender, pois só de modo espiritual pode ser avaliado. 15Pelo contrário, o
homem espiritual julga todas as coisas e a ele ninguém o pode julgar. 16Pois
quem conheceu o pensamento do Senhor, para poder instruí-lo? Mas nós temos o
pensamento de Cristo.
Paulo afirma que ninguém, pelas suas próprias
forças, pode conhecer a Deus e o mistério da salvação que oferece a todos. Tudo
é graça, e só pela graça podemos participar na salvação. A revelação do Pai
tornou possível conhecermos a Deus e ao seu desígnio de salvação. Por Cristo,
ficámos a conhecer os segredos de Deus e, com a ajuda do Espírito Santo,
conseguimos balbuciar algo do que se refere à vida em Deus. Recebemos o
Espírito que vem de Deus, o dom por excelência, que traz consigo o dom da
sapiência. Assim, podemos entrar em sintonia com a mensagem revelada. Quem não
acolher esse dom, não poderá saborear nem compreender o mistério, os segredos
de Deus. E pode mesmo escandalizar-se. O que seria sabedoria, torna-se
simplesmente loucura. Finalmente também temos «o pensamento do Senhor», isto é,
somos iluminados pelo Evangelho acerca daquilo que agrada a Deus. Tudo isso se
realizou em Cristo Jesus: na sua vida terrena e concretamente na sua morte e
ressurreição.
Evangelho: Lucas 4, 31-37
Naquele tempo, Jesus 31desceu a Cafarnaúm,
cidade da Galileia, e a todos ensinava ao sábado. 32E estavam maravilhados com
o seu ensino, porque falava com autoridade. 33Encontrava-se na sinagoga um
homem que tinha um espírito demoníaco, o qual se pôs a bradar em alta voz:
34«Ah! Que tens que ver connosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos arruinar?
Sei quem Tu és: o Santo de Deus!» 35Jesus ordenou-lhe: «Cala-te e sai desse
homem!» O demónio, arremessando o homem para o meio da assistência, saiu dele
sem lhe fazer mal algum. 36Dominados pelo espanto, diziam uns aos outros: «Que
palavra é esta? Ordena com autoridade e poder aos espíritos malignos, e eles saem!»
37A sua fama espalhou-se por todos os lugares daquela região.
A distância entre Nazaré e Cafarnaúm é
relativamente curta. Jesus percorre-a para a anunciar e curar. Para Lucas, são
esses os modos como Jesus mostra a autoridade de que está revestido. A palavra
de Jesus é eficaz: realiza o que significa. Os gestos terapêuticos de Jesus
levam conforto e vida a todos os que deles precisam.
Palavras e gestos são os elementos que ligam todo o Evangelho (cf. Lc 24, 19 onde se fala de «Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo»; Act 1,1: «No meu primeiro livro, ó Teófilo, narrei as obras e os ensinamentos de Jesus, desde o princípio»). Esta página, que se refere ao início do ministério público de Jesus, confirma-o. Jesus quer se escutado e acolhido por todos e cada um dos homens: por isso lhes fala ao coração e lhes cura o corpo. É uma intervenção libertadora que revela a eficácia da palavra de Jesus. O texto de hoje apresenta-nos um pobre doente que é libertado de um espírito maligno. Começa o choque frontal entre Jesus e o demónio. Esse choque é preciso para que Jesus se revele como salvador, isto é, como aquele que redime os que estão sob o domínio de Satanás e resgata para Deus e para o seu reino.
A intervenção de Jesus tem dois efeitos colaterais: suscita espanto em alguns e faz com que a sua fama se espalhe na região.
Palavras e gestos são os elementos que ligam todo o Evangelho (cf. Lc 24, 19 onde se fala de «Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo»; Act 1,1: «No meu primeiro livro, ó Teófilo, narrei as obras e os ensinamentos de Jesus, desde o princípio»). Esta página, que se refere ao início do ministério público de Jesus, confirma-o. Jesus quer se escutado e acolhido por todos e cada um dos homens: por isso lhes fala ao coração e lhes cura o corpo. É uma intervenção libertadora que revela a eficácia da palavra de Jesus. O texto de hoje apresenta-nos um pobre doente que é libertado de um espírito maligno. Começa o choque frontal entre Jesus e o demónio. Esse choque é preciso para que Jesus se revele como salvador, isto é, como aquele que redime os que estão sob o domínio de Satanás e resgata para Deus e para o seu reino.
A intervenção de Jesus tem dois efeitos colaterais: suscita espanto em alguns e faz com que a sua fama se espalhe na região.
Meditatio
Que significa a expressão: Mas nós temos o
pensamento de Cristo. Será que conhecemos o seu pensamento? À luz de Is 40, 13,
ninguém pode dizer que conhece o pensamento do Senhor-Deus. Estamos aqui diante
da teologia apofática – que prefere calar do que dizer coisas sobre Deus –
cultivada pelos místicos e contemplativos. Mas a referência a Is. 64, 3, que
encontramos em 2, 9, faz-nos saber que Deus preparou (isto é, revelou) coisas
que jamais alguém viu ou ouviu, para aqueles que O amam. A benevolência divina
tornou possível ao homem o que era impossível. Abre-se diante de nós um caminho
novo de conhecimento. Os dons de Jesus, especialmente o dom do seu Espírito,
rasga um novo horizonte em que podemos saber o que agrada a Deus e reconhecê-lo
com alegria interior. Como filhos no Filho, como ouvintes da Palavra, como
discípulos do Evangelho, podemos dizer com S. Paulo: nós temos o pensamento de
Cristo. Não o descobrimos engenhosamente. Acolhemo-lo com alegria. Na linha de
Is. 55, 9, podemos dizer que os pensamentos de Cristo não são os nossos
pensamentos e que os nossos caminhos não são os seus caminhos. Todavia,
apoiando-nos em Paulo, podemos ter certezas mais sólidas do que a rocha.
Há tempos, na nossa vida, que são particularmente propícios para acolher e se deixar conduzir pelo Espírito Santo, e adquirir certezas que sejam fundamento sólido para toda a nossa vida cristã, religiosa, sacerdotal, para o nosso apostolado. Pode ser o tempo de férias, o tempo dedicado a um retiro espiritual, o tempo de formação à vida religiosa, ao sacerdócio. Para os religiosos tem particular importância o noviciado. As certezas, que todos procuramos, por vezes com angústia, não se adquirem com cálculos humanos ou garantias exteriores. Elas são fruto do Espírito que o Pai dá «àqueles que lho pedem!» (Lc 11, 13). É o Espírito de amor, o Espírito Santo, que realiza a promessa de Jesus: «Ele há-de ensinar-vos todas as coisas e há-de recordar-vos tudo aquilo que eu vos disse» (Jo 14, 26); «Há-de guiar-vos para a verdade perfeita… Ele há-de glorificar-me, porque tomará do que é Meu e vo-lo anunciará» (Jo 16, 13-14).
Só o Espírito nos pode ensinar «todas as coisas», também sobre o mistério do pensamento de Cristo. Só Ele nos pode conduzir à «verdade perfeita». Só Ele nos pode «recordar», isto é, actualizar na nossa vida, tudo quanto Jesus ensinou e fez.
O Espírito está na origem da nossa Congregação (Cst. 1), está presente no seu desenvolvimento (Cst. 15); faz-nos penetrar no mistério de Cristo (Cst. 16), faz-nos realizar a nossa missão de amor e de reparação (Cst. 23). O nosso cel
ibato é abertura ao Espírito (Cst. 42), a nossa obediência é atenção ao Espírito (Cst. 57), a nossa vida comunitária é dom do Espírito (Cst. 59), a nossa oração é acolhimento do Espírito (Cst. 78).
Que mais te dizem as Leituras de hoje, no momento e na situação em que te encontras? Que luz dão à tua vida, às tuas preocupações, aos teus sonhos e projectos?
Há tempos, na nossa vida, que são particularmente propícios para acolher e se deixar conduzir pelo Espírito Santo, e adquirir certezas que sejam fundamento sólido para toda a nossa vida cristã, religiosa, sacerdotal, para o nosso apostolado. Pode ser o tempo de férias, o tempo dedicado a um retiro espiritual, o tempo de formação à vida religiosa, ao sacerdócio. Para os religiosos tem particular importância o noviciado. As certezas, que todos procuramos, por vezes com angústia, não se adquirem com cálculos humanos ou garantias exteriores. Elas são fruto do Espírito que o Pai dá «àqueles que lho pedem!» (Lc 11, 13). É o Espírito de amor, o Espírito Santo, que realiza a promessa de Jesus: «Ele há-de ensinar-vos todas as coisas e há-de recordar-vos tudo aquilo que eu vos disse» (Jo 14, 26); «Há-de guiar-vos para a verdade perfeita… Ele há-de glorificar-me, porque tomará do que é Meu e vo-lo anunciará» (Jo 16, 13-14).
Só o Espírito nos pode ensinar «todas as coisas», também sobre o mistério do pensamento de Cristo. Só Ele nos pode conduzir à «verdade perfeita». Só Ele nos pode «recordar», isto é, actualizar na nossa vida, tudo quanto Jesus ensinou e fez.
O Espírito está na origem da nossa Congregação (Cst. 1), está presente no seu desenvolvimento (Cst. 15); faz-nos penetrar no mistério de Cristo (Cst. 16), faz-nos realizar a nossa missão de amor e de reparação (Cst. 23). O nosso cel
ibato é abertura ao Espírito (Cst. 42), a nossa obediência é atenção ao Espírito (Cst. 57), a nossa vida comunitária é dom do Espírito (Cst. 59), a nossa oração é acolhimento do Espírito (Cst. 78).
Que mais te dizem as Leituras de hoje, no momento e na situação em que te encontras? Que luz dão à tua vida, às tuas preocupações, aos teus sonhos e projectos?
Oratio
Senhor, os teus desígnios são insondáveis!
Escolheste um assassino, como Paulo, para anunciar o teu nome, tomaste um
pecador como Pedro para o tornar chefe da Igreja, socorreste uma adúltera para
manifestar a tua misericórdia. Como são misteriosos os teus caminhos, ó Senhor!
Agostinho permanece um exemplo de conversão para aqueles que estão atormentados
e empedernidos no mal; Francisco, de libertino, torna-se promotor de paz.
Ó Senhor, os teus gestos são loucos para a sabedoria humana! Assumes a fraqueza de uma criança para destruir os poderosos; dás a outra face a quem te bate e perdoas a quem Te ofende; morres para dar a vida e a salvação.
Também eu, na situação concreta em que me encontro, à luz do teu Espírito, posso dar-me conta do teu amor e dizer-Te: «Tudo é graça». Amen.
Ó Senhor, os teus gestos são loucos para a sabedoria humana! Assumes a fraqueza de uma criança para destruir os poderosos; dás a outra face a quem te bate e perdoas a quem Te ofende; morres para dar a vida e a salvação.
Também eu, na situação concreta em que me encontro, à luz do teu Espírito, posso dar-me conta do teu amor e dizer-Te: «Tudo é graça». Amen.
Contemplatio
Para aquele que compreende, para aquele que o
Espírito Santo ilumina, vigilanti, como diz Santo Agostinho, é a porta da vida
que se abre, é o segredo de Deus que é revelado. O Coração ferido de Jesus
significa que é por amor por nós, unicamente por amor, que Ele fez tudo o que
fez, que viveu entre nós, que morreu por nós e que ainda vive por nós no céu e
na santa Eucaristia. A lança repete à sua maneira aquilo que o Salvador tinha
dito a Nicodemos: «Sic Deus dilexit mundum ut Filium suum unigenitum daret:
Deus amou-nos até ao ponto de nos dar o seu Filho único». Fê-lo nossa
propriedade; tudo nos pertence, os seus méritos, os seus mistérios, a sua vida,
a sua morte, a sua graça, a sua glória e sobretudo o seu amor. Porque, repete
ainda S. João, aqueles que Jesus amou, amou-os até ao fim, isto é, sem fim e
sem medida.
Eis porque a lança abriu o seu Coração material, a fim de nos fazer conhecer a ferida do seu Coração espiritual, do seu amor que foi o obreiro da nossa salvação e da nossa Redenção. No momento da morte do Salvador, o véu do Santo dos Santos rasgou-se. Isto significava o mesmo mistério que o golpe da lança.
Jesus Cristo é o templo de Deus e o seu Coração é o Santo dos Santos, o altar do amor onde se operaram todos os mistérios e todos os sacrifícios. Tal é o significado primeiro da abertura do Coração adorável de Jesus. Este mistério ultrapassa todos os outros, porque a todos os contém. Que seria a oblação do Salvador, a sua vida, a sua imolação sobre a cruz, a sua morte mesma, se estes augustos mistérios não tirassem toda a sua seiva do seu Coração? (Leão Dehon, OSP 2, p. 380).
Eis porque a lança abriu o seu Coração material, a fim de nos fazer conhecer a ferida do seu Coração espiritual, do seu amor que foi o obreiro da nossa salvação e da nossa Redenção. No momento da morte do Salvador, o véu do Santo dos Santos rasgou-se. Isto significava o mesmo mistério que o golpe da lança.
Jesus Cristo é o templo de Deus e o seu Coração é o Santo dos Santos, o altar do amor onde se operaram todos os mistérios e todos os sacrifícios. Tal é o significado primeiro da abertura do Coração adorável de Jesus. Este mistério ultrapassa todos os outros, porque a todos os contém. Que seria a oblação do Salvador, a sua vida, a sua imolação sobre a cruz, a sua morte mesma, se estes augustos mistérios não tirassem toda a sua seiva do seu Coração? (Leão Dehon, OSP 2, p. 380).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
«Nós temos o pensamento de Cristo» (1 Cor 2, 16).
«Nós temos o pensamento de Cristo» (1 Cor 2, 16).
| Fernando Fonseca, scj |
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