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terça-feira, 19 de julho de 2016

17º DOMINGO TEMPO COMUM-C

17º DOMINGO TEMPO COMUM

24 de Julho – ANO C

1ª Leitura - Gn 18,20-32

Salmo - Sl 137

2ª Leitura - Cl 2,12-14



Evangelho - Lc 11,1-13



·     Jesus estava rezando, como sempre o fazia, e então os discípulos pediram que Ele os ensinasse a rezar. E foi assim que surgiu o Pai Nosso, que é a oração mais perfeita, por ter sido composta pelo Filho de Deus, e por conter tudo o que necessitamos pedir ao Pai.  Continua

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Basta recordar a primeira leitura e o evangelho para ver claramente que a Palavra de Deus deste domingo fala da oração. Abraão reza, intercedendo por Sodoma e Gomorra; Cristo ensina seus discípulos a rezar. Portanto, a oração.
É impressionante não somente o fato de Jesus nos ter mandado rezar, nos ter ensinado a rezar, mas sobretudo, o fato de ele mesmo ter rezado com muitíssima freqüência. Basta recordar o início do evangelho de hoje: “Jesus estava rezando num certo lugar”. Nós sabemos que ele passava noites inteiras em oração, que rezava antes dos grandes momentos de sua vida, que morreu rezando.
Afinal, por que rezar? Para nos abrir para Deus, para nos fazer tomar consciência dele com todo o nosso ser, para que percebamos com cada fibra do nosso ser, do nosso consciente e do nosso inconsciente que não nos bastamos a nós mesmos, mas somos seres chamados a viver a vida em comunhão com o Infinito, em relação com o Senhor. Sem a oração, perderíamos nossa referência viva a Deus, cairíamos na ilusão que somos o centro da nossa vida e reduziríamos o Senhor Deus a uma simples idéia abstrata, distante e sem força. Todo aquele que não reza, seja leigo, seja religioso, seja padre, perde Deus, perde a relação viva com ele. Pode até falar dele, mas fala como quem fala de uma idéia, de uma teoria e não de alguém vivo e próximo, que enche a vida de alegria, ternura, paz e amor. Sem a oração, Deus morre em nós. Sem a oração é impossível uma experiência verdadeira e profunda de Deus e, portanto, é impossível ser cristão. Por tudo isso, a oração tem que ser diária, perseverante e fiel.
Assim, quando agradecemos, reconhecemos que tudo recebemos de Deus; quando suplicamos, reconhecemos e aprendemos que dependemos dele e da sua providência; quando intercedemos, aprendemos e experimentamos que tudo e todos estão nas mãos amorosas de Deus; quando pedimos perdão, reconhecemos que nossa vida é vivida diante dele e a ele devemos prestar contas da existência que recebemos. Portanto, a oração nos abre, nos educa, nos amadurece, nos faz viver em parceria com o Senhor.
Quanto aos modos de rezar, são variados. A melhor forma é com a Sagrada Escritura: tomando a Palavra de Deus, lendo-a com os lábios, meditando-a com o coração e procurando vivê-la na existência. Tome diariamente a Bíblia, leia-a com fé, repita as palavras ou frases que tocaram seu coração e derrame sua alma diante do Senhor. Nunca esqueçamos que essa Palavra de Deus é viva e eficaz, transformando a nossa vida e dando-lhe um novo sentido. Também é importante a oração espontânea, com nossas palavras e a oração vocal, aquela decorada, como o Pai-nosso e a Ave-Maria. Aqui, é bom recordar o terço, que tanto bem tem feito ao longo dos séculos. Mas, a oração por excelência é a própria missa. Aí, de modo pleno, nós somos unidos à própria oração de Cristo, participando do seu sacrifico pela salvação nossa e do mundo inteiro.
Mas, recordemos que a oração não é uma negociata com Deus nem é para dobrar Deus aos nossos caprichos. É, antes, para nos tornar disponíveis à vontade do Senhor a nosso respeito. Uma das coisas muito belas da oração é que, tendo rezado e pedido, o que acontecer depois podemos saber com certeza que é vontade de Deus! É nesse sentido que Nosso Senhor afirmou que tudo quanto pedirmos em seu nome, o Pai no-lo concederá. Ora, o que é pedir em nome de Jesus? É pedir como Jesus; “Pai, não se faça a minha, mas a tua vontade”. Rezar assim é entrar no cerne da oração de Jesus. Então, tudo que nos vier, saberemos que é vontade do Pai, pois sabemos que nossa oração foi atendida; e nisto teremos paz.
Que nesta missa, nós peçamos, humildemente, como os primeiros discípulos: “Senhor, ensina-nos a rezar”. E aqui não se trata de fórmulas, mas de atitudes. Observemos que a oração que Jesus ensinou, o Pai nosso, é toda ela centrada não em nós, mas no Pai: no seu Reino, na sua vontade, na santificação do seu nome. Somente depois, quando aprendermos a deixar que Deus seja tudo na nossa vida, é que experimentaremos que somos pessoas novas, transformadas pela graça do Senhor.
Cuidemos, pois de avaliar nossa vida de oração e retomar nosso caminho de busca de intimidade com o Senhor, ele que é a fonte e a razão de ser da nossa existência.
dom Henrique Soares da Costa

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Pedi e recebereis
Primeira leitura
Este texto, continuação do que foi lido no domingo passado, nos mostra Abraão, pai da fé e antepassado de Israel, como grande intercessor ante os habitantes dessas cidades. Mostra uma atitude a imitar: abertura e ajuda aos demais. A negociação entre o intercessor e Deus, lembra o estilo oriental (e muito latino-americano também) de regatear. O que se busca é acentuar a insistência intercessora de Abraão e a magnitude do pecado de Sodoma e Gomorra.
O texto é o melhor exemplo de oração como diálogo audaz e comprometido com Deus, no qual vemos Abraão conversar com o Senhor e procurar convencê-lo a partir de sua bondade e justiça, porém, com aparente excesso de confiança. O estilo e modo de proceder é de uma mentalidade semítica: colocar em jogo a honra de Deus, sua reputação de justiça, porém que mostra a confiança em Deus e a proximidade dos homens a ele.
Por outra parte, esse texto pode ser modelo para o tema da hospitalidade: Ao narrar como estes “três seres” escutam a Abraão atentamente. Esta “atenção” lhe permite entrar no mistério. Uma pessoa se revela como o Senhor (18,10.13.20) e os outros como seus anjos (19,1). A narrativa que a princípio falava de três homens, adquire aqui um caráter teofânico e manifesta o sentido profundo da hospitalidade.  
Segunda Leitura
A partir desse texto, os cristãos consideravam a pia batismal como um sepulcro no qual somos sepultados com Cristo; por outra parte, é também como a mãe que engendra a vida; daí o expressivo ritual da imersão. Porém, o ritual que representa a more e a ressurreição, somente é eficaz se corresponde à fé em Deus que ressuscitou a Cristo de entre os mortos.
É a expressão do vínculo que existe entre o batismo e a fé. Pecado e morte, fé e batismo são correlativos. A inserção ao mistério de Cristo acontece no batismo, porém se fundamenta na fé. Ressuscitar significa viver em Cristo, como consequência de ter obtido o perdão dos pecados como resultado da morte do Senhor. Coerentemente, Paulo diz que o perdão do pecado é libertação da lei e de sua observância, porque existe uma correspondência entre Lei, morte e pecado (cf. Rm. 7,7-9). A maior expressão paulina a respeito se encontra aqui como imagem. A Lei foi cravada na cruz. 
Evangelho
A oração faz parte da vida do povo judeu. Os piedosos voltavam seu pensamento a Deus varias vezes ao dia. Jesus aprende a orar a partir do povo e de sua tradição. Como bom judeu, aprendeu a rezar em família e na sinagoga. Em seu ministério, sua oração adquire uma particularidade: sua intimidade com Deus, “seu Abba”. Lucas o descreve em oração em várias ocasiões (3,21; 5,16; 6,12; 9,29). Mesmo sendo a mais breve, os exegetas reconhecem em Lucas a transmissão mais fiel da oração do Pai Nosso. Do aramaico passou ao grego e assim foi incluída por Lucas em sua narrativa.
A expressão Pai já foi explicada. Aqui vamos explicar o restante: Santificado seja o teu nome: ou seja, que Deus seja conhecido, dado a conhecer, louvado, amado, glorificado e agradecido por todas as pessoas do mundo. Que o nome do Senhor seja o mesmo Deus, receba estima, amor veneração e piedosa adoração por todos e cada vez mais. É preciso perceber a ordem no Pai Nosso: antes de tudo que Deus seja reverenciado e amado. 
Venha a nós o teu reino: é uma oração missionária. O objeto de busca dos missionários é fazer com que Deus reine nas pessoas das terras que estão missionando, a partir de suas culturas e idiossincrasias. É o que devemos desejar e pedir e buscar em todos os tempos: que Deus reine. Que venha seu Reino. Se primeiro buscamos o Reino de Deus, tudo o mais virá por acréscimo. É um desejo que Deus reine em nossa mente, em nosso coração, em nossa casa, na sociedade, na nação e no mundo inteiro e em quantas nações e pessoas ainda não reina. 
Dá-nos hoje o pão de cada dia. Pedimos para cada dia o pão, sem demasiada preocupação com o futuro, porque Deus estará também no futuro e o proverá. Como o Maná do deserto, o pão de cada dia é um dom maravilhoso da bondade do Senhor. Com este pedido do pão diário pedimos que nos liberte do desemprego ou da crise, das inundações e secas que acabam com as plantações, das guerrilhas que impedem os camponeses de recolher suas colheitas; dá-nos o pão do emprego para o esposo ou a esposa, que precisam manter uma família; ajuda econômica para a mãe abandonada; proteção para o idoso excluído da sociedade. Dá-nos o pão corporal e o espiritual, agora e todos os dias, pois precisamos dele todos os dias.
Perdoa-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos os que nos ofenderam. O perdão é uma arte que se consegue com infindáveis exercícios. Santo Agostinho ensina que Deus não escuta a oração que algumas pessoas fazem porque não conseguiram perdoar as ofensas, ou não pediram perdão ao Senhor por seus pecados. Sem pedir perdão pelo mal feito, como queremos que nos conceda a graça que estamos suplicando? É uma lembrança muito oportuna para que não tenhamos a mentirosa idéia de acreditar que somos bons. Deus coloca uma condição para nos perdoar: não obtemos o perdão do céu se não perdoamos na terra. O dia do juízo não terá desculpas: serás julgado da mesma forma que julgaste. Serás condenado se não quiseste perdoar aos demais, e serás absolvido se soubeste perdoar sempre (São Cipriano): O Pai Celeste dará o Espírito Santo aos que o pedem. Ele lhes dará o Espírito Santo. O objetivo final e o conteúdo da oração cristã é chegar a receber o Espírito Santo que é capaz de renovar-nos e a face da terra. O Espírito Santo é a força que vem do alto com poder avassalador, afasta os vícios, traz pensamentos e desejos bons.
O Espírito Santo quer ser nosso hóspede e é enviado pelo Pai Celeste, se o pedimos com fé e perseverança. O Espírito Santo é o que faz compreender a Sagrada Escritura. A presença do Espírito Santo nos faz orar melhor, arrepender dos pecados e despertar em nós o desejo de nos dedicar e agradar a Deus.
As pessoas viam Jesus orar com tanta devoção e notava que o Pai-Deus o escutava de maneira tão admirável que sentiam o vivo desejo de aprender dele a forma de orar para ser melhor escutado pelo Altíssimo. E havia a tradição ou costume de que os mais afamados mestres espirituais ensinavam a seus discípulos métodos fáceis e práticos de orar, pois a oração, como toda boa arte, necessita de um mestre que guie o principiante. João Batista havia ensinado seus seguidores alguns métodos práticos de fazer oração, e agora a Jesus era solicitado também esse grande favor. É que uma arte não se aprende sem um bom mestre. E orar é uma arte.
Esta deveria ser uma de nossos mais frequentes e fervorosos pedidos a Jesus: Senhor, ensina-nos a orar! Se Jesus não nos ensina a arte de orar, estaremos perdidos nesse trabalho tão nobre e difícil. Devemos aprender a “orar”, isto é, a falar com Jesus e com seu Pai e nosso Pai e com o Espírito Santo, com o amor e a confiança de filhos muito amados. Aprender a orar de tal maneira que nossa oração sempre seja escutada. Que nosso orar não seja somente pedir, mas também adorar, agradecer e amar.
Digamos a Jesus: “Ensina-nos a orar”, não com nossos lábios, mas do fundo do nosso coração e com toda a atenção, para que seja, como dizia Santa Teresa, “um falar com Deus que sabemos que nos ama imensamente”. Senhor, ensina-nos a orar! São estas as quatro condições da oração:
Atenção: porque se não prestamos atenção ao que dizemos a Deus, como podemos pretender que ele preste atenção ao que lhe pedimos? 
Humildade: reconhecer que não temos nada que não tenha sido recebido e por isso pedimos para ser escutados.
Confiança: lembrando que o Senhor Deus nos ama muito mais que a melhor das mães ao mais amado dos filhos.
Insistência: Como Abraão, quando intercede por Sodoma: sem cansar-se de pedir.
A oração é uma página em branco. “Eu lhes darei tudo o que necessitem e me peçam com fé”. Abaixo está a assinatura: “Deus”. Que escrevemos em todo esse espaço em branco? Ou seremos tão loucos a ponto de não escrever nada?
Com a ajuda do Espírito Santo, o grande mestre e guia que nos faz compreender a Sagrada Escritura, meditemos sobre a mais bela oração do mundo, o Pai Nosso, a oração na qual empregamos as mesmas palavras de Jesus. O Pai Nosso se compõe de duas series de pedidos: a primeira se refere a Deus, a outra, mais numerosa, se refere a nós. Somente depois de ter pedido que Deus seja glorificado, devemos atrever-nos a pedir que nós sejamos socorridos. Tertuliano dizia que o Pai Nosso é o resumo de todo o evangelho. E Cipriano afirma que ao Pai Nosso não lhe falta nada para ser uma oração completa. No Diário Bíblico está a explicação da primeira palavra: Pai - palavra com a qual Jesus nos ensinou a chamar a Deus. Dizem certos autores que a noticia mais bela trazida por Cristo é que Deus é nosso Pai e que lhe agrada que o tratemos com um pai muito amado. São Paulo dirá: “Não recebemos um espírito de temor nem um espírito de filhos adotivos, mas um espírito de filhos que nos faz exclamar: Abba, Pai! (Rm 8,15). Não temos um Deus distante, mas um pai próximo. Ninguém de nós é um órfão. Ninguém de nós se sente desamparado; todos somos filhos do Pai mais amável que existe. E se temos um mesmo pai, somos todos filhos dele, portanto devemos reconhecer-nos e amar-nos como irmãos. Se o chamamos “Pai”, amemo-lo como um bom pai e não sejamos faltos de carinho para com ele (Orígenes). Deus, pois, é um pai que conhece muito bem as necessidades de seus filhos, alegra-se em ajudá-los e sente enorme satisfação cada vez que pode socorrê-los. E nos ajuda, não porque nós somos bons, mas porque ele é bom e generoso em seus sentimentos. Talvez não nos teríamos atrevido a chamar a Deus de nosso Pai, se Jesus não nos tivesse ensinado a chamá-lo assim. Não esqueçamos, a oração é o meio mais seguro para obter de Deus a graça que necessitamos para nossa salvação (Santo Afonso). 
Oração: Pai, que através de teu Filho nos ensinaste a pedir, buscar e clamar com insistência, escuta nossa oração e concede-nos a alegria de sentir que nos atendes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém!

Claretianos


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O Mestre ensina a rezar
João Batista ensinou seus discípulos a rezar. Os apóstolos pediram também a Jesus que fizesse o mesmo com eles. E Jesus ensinou o "Pai nosso". É a mais bela de todas as orações, e é rezada milhões de vezes por dia pelos cristãos, em toda a face da terra, às vezes até de maneira muito espontânea, em certos momentos de dor ou de alegria coletiva. A redação do Pai-nosso em são Mateus é mais longa e mais completa. Em são Lucas, mais abreviada. Jesus a terá ensinado mais uma vez, e as redações diferentes se devem, sem dúvida, ao uso de catequese. Mas o pensamento substancial é o mesmo.
A oração se abre com um louvor a Deus. É aquilo que na arte da oratória se chama "captatio benevolentiae" a conquista da benevolência. Queremos atrair para nós a boa vontade de Deus. Mas essa "captatio benevolentiae" no Pai-nosso não se estende em muitos louvores, como acontece em certas orações muçulmanas. É muito concisa. Mas também muito expressiva: "Pai nosso, que estais no céus". E tem o dom de elevar nosso pensamento para o alto, e de desprender-nos da materialidade das coisas do tempo, que muitas vezes podem impedir-nos de rezar bem. Seguem-se, então, os pedidos. Primeiro para a glória de Deus: que seu nome seja santificado (o nome de Deus significa o próprio Deus), que venha o seu reino; que se faça a sua vontade "assim na terra como no céu". Depois os pedidos em nosso benefício: o pão de cada dia, o perdão dos pecados, a libertação das tentações e de todo o mal. Quando pedimos o perdão dos pecados, comprometemo-nos a perdoar também a quem nos ofendeu. Essa atitude é tão essencial no Evangelho, que são Marcos a menciona, mesmo sem trazer a inteira oração do Pai-nosso (cf. Mc. 11,25-26). E fácil observar que o Pai-nosso, eminentemente evangélico e cristão, pode ser rezado por qualquer pessoa que tenha fé em Deus. E uma oração universal.
E importante rezar. E rezar com freqüência. E insistir na oração, quando queremos obter de Deus algum favor. Não porque Deus precise de ouvir muitas vezes nosso pedido, mas para que nós demonstremos nosso interesse e nossa confiança. "Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e se vos abrirá. Pois todo aquele que pede, recebe; o que busca, acha; e ao que bate, se abrirá (Lc. 11,9-10). E Jesus o confirma com uma comparação oriental muito viva. Lembra que, se alguém vai bater à porta de um amigo, alta noite, porque lhe chegou um hóspede inesperado, e precisa de três pães para lhe oferecer, a princípio oamigo reclamará, porque já está deitado e não são horas de ser incomodado. Mas, se continuar a bater e a chamar, o amigo acaba atendendo (cf. vs. 5 a 8). E nessa mesma linha de atendimento à oração, faz ainda três bonitas comparações. Se um filho pede ao pai um pão, o pai não lhe dará uma pedra (ver Mt. 7,9); se pede um peixe, não lhe dará uma serpente; se pede um ovo, não lhe dará um escorpião. "Pois, se vós que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu dará o Espírito Santo aos que lho pedirem?" (Lc. 11,11-13). É claro que o Espírito Santo é o maior dom que se possa pedir a Deus.
Talvez se pudesse comentar que um pai aqui na terra nunca daria uma pedra a um filho que lhe pedisse um pão. Mas o Pai do céu vai mais longe ainda: daria um pão, mesmo que o filho desencaminhado pedisse uma pedra. Ele corrige nossos estouvamentos. Para usarmos uma comparação muito singela, se alguém pedisse a Deus a "graça" de tirar a sorte grande na loteria, Deus poderia dar-Ihe em vez disso a graça - essa sim verdadeira graça - do amor ao trabalho e do bom êxito nesse trabalho. Ele pediria uma "serpente", e Deus lhe daria um peixe, para nos valermos da palavra do divino Mestre.
O Evangelho está cheio de lições muito valiosas sobre a oração. Sobre tudo no sermão da montanha. Não há religião sem oração. E o progresso espiritual de alguém se mede pela qualidade da sua oração. De acordo, aliás, com uma sapientíssima palavra de santo Agostinho: "Recte novit vivere, qui recte novit orare", isto é, aquele que rezar bem, sabe viver dignamente.
padre Lucas de Paula Almeida, CM







Era costume da época, os mestres ensinarem seus seguidores a rezar, como uma forma de transmitir a eles a essência de suas mensagens. Os discípulos observavam Jesus falar com Deus, em oração com tanta intimidade, que despertava neles a vontade de aprender a falar com Deus da mesma forma e, por isso, pedem que Ele os ensine. Jesus então lhes mostra uma forma muito íntima de falar com Deus, e como deseja que todos os cristãos se relacionem com Ele, e lhes ensina a mais bela e completa oração que conhecemos, chamando Deus de “Pai”.
O texto do Evangelho de hoje pode ser dividido em três partes distintas que se complementam: a oração, a persistência e a confiança.
Jesus ensina a rezar a oração com intimidade de filho, chamando Deus de Pai. Ele faz cinco pedidos: “Santificado seja o teu nome”, desejando que todos reconheçam a santidade de Deus; “Venha o teu Reino“, como desejo do verdadeiro cristão que o Reino, repleto de amor, justiça e paz, faça parte de sua vida; “Dá-nos cada dia o alimento que precisamos”, que nos seja dado o necessário para o sustento, sem acumular para o dia seguinte, assim como o maná no deserto que caía todos os dias alimentando o povo de Deus; “Perdoa as nossas ofensas, pois também nós perdoamos todos os que nos ofenderam”, como um pedido a Deus de perdão futuro, que depende de nossa ação de perdoar primeiro o próximo; “Não nos deixes cair em tentação”, que Deus não permita a seus filhos desviar de Seu projeto.
Logo após a oração, Jesus através de uma parábola, dá orientações valiosas aos discípulos, para que persistam na oração, pois o Pai os atenderá assim como o vizinho que de tanta insistência acabará por se levantar e ceder o pão ao outro. E confiem que podem pedir, pois Deus está sempre pronto a atender seus filhos. Cabe a cada um pedir e acreditar com fé de que será atendido, pois até mesmo um homem mau não recusa o pedido de um filho, quanto mais o Pai que está no céu.
Muitos cristãos não pedem a Deus coisas corriqueiras, por acharem que Deus é ocupado demais para ouvir um simples apelo do dia-a-dia, e fazem apenas orações de agradecimento e contemplação, mas Jesus ensina com o Pai-Nosso, que o Pai está sempre pronto a ouvir, a saciar seus filhos com o pão de cada dia, e que Ele espera o pedido com confiança e persistência.
Essa parábola põe toda ênfase na certeza de sermos ouvidos. O Pai nos dá a cada dia o pão que precisamos, mas nós temos que importunar os amigos para conseguir emprestado. Deus não age assim conosco, nem considera importuno os pedidos que nascem das necessidades dos seus filhos. Os amigos de Deus sempre rezaram na certeza de serem atendidos. Abrahão e Moisés são exemplos de pessoas que rezaram com confiança, humildade e ousadia na certeza de serem ouvidos por Deus.
Deus não quer a morte do injusto, mas que ele se converta e viva. O Pai-nosso, a única oração que Jesus nos ensinou, é o melhor exemplo de oração, de intimidade com Deus, de comunhão com o Seu projeto de vida que é o Reino, e o compromisso que leva à novas relações de partilha e de perdão, e a superação das “tentações” da sociedade estabelecida, na certeza de sermos atendidos em nossas necessidades.

Pequeninos do Senhor



A misericórdia do pai celeste
O traço mais característico do Pai, transmitido nos Evangelhos, é a misericórdia. Por isso, ao ensinar os discípulos a rezar, Jesus revela-lhes o rosto misericordioso do Pai, e os exorta a contar sempre com ele. Um dado fundamental: é preciso ser perseverante, quando se trata de recorrer ao Pai. Só ele conhece o momento oportuno de atender a quem lhe pede ajuda. Contudo, ninguém perde por esperar.
A argumentação de Jesus funda-se na insuperável misericórdia divina. Se nenhum pai humano, por pior que seja, responderia à súplica de um filho, dando-lhe algo nocivo, quanto mais o Pai celeste. Sua bondade infinita responde generosamente a quem lhe suplica. E ninguém fica decepcionado, pois é garantida a sua intervenção em favor de seus filhos.
A oração do Pai-Nosso é o resumo de tudo de que há de bom e que o discípulo pode desejar obter do Pai. Para rezá-lo, o orante deverá despojar-se de suas ambições pessoais e sintonizar-se com a misericórdia divina. Por isso, seu desejo é ver santificado o nome do Pai celeste, e concretizado seu Reino, na história humana. Seus anseios abrem-se para as relações interpessoais e se manifestam na esperança de ver o pão ser partilhado entre todos, os pecados, perdoados, e o ser humano, livre das insídias do Maligno. Só um coração misericordioso, à imitação do Pai, poderá nutrir tais desejos!
padre Jaldemir Vitório






A vida cristã acontece nos relacionamentos familiares, profissionais e de vizinhança. Um vizinho pede ajuda, um se preocupa com o outro, procuramos fazer coisas boas para os nossos familiares e os nossos amigos. Quando alguém se interessa por nós, nós nos sentimos valorizados e felizes. Assim também é Deus conosco, e muito melhor porque Ele não deixa de atender aos nossos pedidos. Ele não nos dá coisas, Ele nos dá o Espírito Santo.
Ora, o Espírito Santo em nós é a presença ativa do amor dinâmico e construtivo. O Espírito, que é Amor, nos torna criativos e inventivos. Quando se ama realmente, procura-se o melhor para a pessoa amada. Assim, no relacionamento renovado, próprio do cristão, estamos sempre criando algo novo para que os outros estejam bem. Estamos o tempo todo procurando uma Boa Notícia que alegre o coração do nosso próximo.
Nossa fé não pode ser expressa apenas em fórmulas fixas e repetitivas. O Espírito Santo presente em nós aciona a nossa criatividade e a orienta para o bem dos nossos irmãos. O amor foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi dado, nos leva a uma vida dinâmica, sempre atenta ao que pode se tornar boa notícia para os outros. Podem ser gestos pequenos, podem ser grandes ações, o importante é estarmos sempre criando situações que favoreçam a alegria e a felicidade de todos. Isto se chama ser prestativo. Nas bodas de Caná, Maria, cheia do Espírito Santo, estava atenta às necessidades dos noivos e procurou ajudá-los quando faltou o vinho.
A mediação e a intercessão fazem parte da nossa solidariedade fraterna. Mediar situações difíceis, interceder para que haja perdão, como fez nosso pai Abraão em favor dos habitantes de Sodoma e Gomorra. Às vezes, é preciso ser insistente, como na oração, segundo o ensinamento do próprio Jesus, tanto em relação a Deus como em relação aos outros.
Se temos algum problema que não sabemos como resolver, podemos insistir junto de Deus, por intermédio de seus santos, nossos intercessores, para que nossa causa seja atendida. A oração com fé remove montanhas e consegue milagres. Deus, porém, nos dá de antemão o Espírito Santo, a fim de que procuremos para os problemas as soluções humanas ao nosso alcance. O início de todo o nosso esforço vem da graça de Deus, mas podemos pedir ajuda se o nosso esforço não for suficiente. Não peça, porém, sem antes ter feito a sua parte, porque você já recebeu o Espírito Santo.
Podemos dizer o mesmo em relação aos outros, sobretudo quando se trata de ajudar alguém. Podemos ser mediadores insistentes que procuram aproximar corações distanciados, obter perdão, abrir caminhos novos. Quem é solidário não mede esforços para ajudar os outros e, se ama, não se cansa.
Da mesma forma podemos ser ativos nas conquistas sociais que beneficiam, sobretudo os mais fracos, sem nos esquecer de que eles também devem viver a justiça. A obtenção de direitos sociais por meios lícitos e justos é uma causa a ser abraçada. É bom, porém, pedir também a Deus para não cairmos em tentação. A tentação está sempre às portas, e pode minar a autenticidade da causa defendida. A maldade instituída também tem seus defensores.
cônego Celso Pedro da Silva



O que pedir? O que Deus oferece?
No texto do evangelho deste domingo é enquadrado à menção do “pedido”: no v. 1, “um dos discípulos pediu-lhe: ‘Senhor, ensina-nos a orar…?”; no v. 13 é Jesus quem diz: “… quanto mais o Pai do céu saberá dar o Espírito Santo aos que lhe pedirem!”. O “pedido” é o tema principal de nossa perícope. Qual deve, então, ser o pedido que caracteriza a súplica do discípulo? Pedido e promessa visam ao Espírito Santo. Não é, aqui, o espaço de fazermos um comentário sobre o Pai-Nosso.
Basta simplesmente dizer que, o que nos permite entrar no dinamismo da relação filial entre Jesus e o Pai, é o Espírito Santo, que o Pai dará.
Segue à oração do Pai-Nosso, que é a oração do Senhor e da comunidade que ele reúne, uma parábola (vs. 5-8) e sua interpelação para o discípulo (vs. 9-12). O que pedir? O que Deus oferece?
É preciso mover a vontade e pedir insistentemente (cf. vs. 8-9), sem desanimar.
A súplica é exercício de humildade e confiança. Mas o que pedir? O Pai-Nosso ilustra: pão, perdão, não ceder às tentações. Pedir não só para o indivíduo, mas para todos. Mas não é só, ou não é tudo, pois a vida do ser humano não se reduz ao imediato. Deus nos oferece gratuitamente o Espírito Santo (v. 13); Jesus sugere que nós o supliquemos ao Pai. É o Espírito Santo, Deus em nós, que ilumina nossa vida para que possamos discernir as soluções dos dramas humanos. É o Espírito Santo que nos permite entrar na intimidade divina.
Carlos Alberto Contieri,sj






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