22/07/2016
Tempo Comum - Anos Pares
XVI Semana - Sexta-feira
Lectio
XVI Semana - Sexta-feira
Lectio
Primeira leitura: Jeremias 3, 14-17
Assim fala o Senhor: 14«Voltai, filhos rebeldes,
porque Eu sou vosso dono - oráculo do Senhor. Tomar-vos-ei um de uma cidade, e
dois de uma família e hei-de reconduzir-vos a Sião. 15Dar-vos-ei pastores
segundo o meu coração, que vos conduzirão com inteligência e sabedoria. 16E,
quando vos multiplicardes e vos tornardes numerosos na terra, então - oráculo
do Senhor - não se falará mais na Arca da aliança do Senhor; não lhes virá ao
pensamento, não se lembrarão nem sentirão necessidade dela e não se fará outra.
17Naquele tempo, chamarão a Jerusalém 'Trono do Senhor' e hão-de juntar-se a
ela, a Jerusalém, em nome do Senhor, todas as nações, e não voltarão a ir atrás
da maldade dos seus corações perversos».
A vocação de Jeremias tinha duas vertentes:
edificar e plantar; arrancar e demolir. A perícopa anterior era claramente
pejorativa, condenatória, exigente. Agora, o capítulo terceiro apresenta-nos a
outra vertente, com um oráculo de consolação certamente introduzido pelo
redactor final da obra, depois da queda de Jerusalém. O profeta exorta os seus
contemporâneos à conversão: «Voltai» (v. 14) é a palavra-chave do convite à
mudança de vida, à conversão (chub, metanoia). O primeiro passo consistirá em
reconhecer Javé como único Senhor e guia do povo. Se tal acontecer, Israel terá
um futuro ainda mais esplendoroso do que o seu passado, em que Deus será o
único rei de Jerusalém. A sua presença tornará supérflua a da Arca da Aliança,
e ninguém mais lamentará o seu desaparecimento. O reconhecimento da soberania
de Deus juntará todos os povos que, sem dureza de coração, seguirão a sua
vontade e não a «maldade dos seus corações perversos» (v. 17).
Evangelho: Mateus 13, 18-23
Naqueles dias, disse Jesus aos seus discípulos:
18«Escutai, pois, a parábola do semeador. 19Quando um homem ouve a palavra do
Reino e não compreende, chega o maligno e apodera-se do que foi semeado no seu
coração. Este é o que recebeu a semente à beira do caminho. 20Aquele que
recebeu a semente em sítios pedregosos é o que ouve a palavra e a acolhe, de
momento, com alegria; 21mas não tem raiz em si mesmo, é inconstante: se vier a
tribulação ou a perseguição, por causa da palavra, sucumbe logo. 22Aquele que
recebeu a semente entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste
mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra que, por isso, não produz fruto.
23E aquele que recebeu a semente em boa terra é o que ouve a palavra e a
compreende: esse dá fruto e produz ora cem, ora sessenta, ora trinta.»
Ao explicar a parábola do semeador, Jesus desvia
a atenção do semeador que lança a semente para as causas da sua diferente
recepção. Explicitando a comparação, passa-se da verificação do êxito,
combatido mas surpreendente, da pregação do reino de Deus por Jesus e pelos
continuadores da sua obra, para a consideração dos motivos que levam os
ouvintes e fechar-se ou a abrir-se ao anúncio e, portanto, à conversão.
O evangelista faz uma releitura da parábola, fazendo realçar como a dureza de coração seja obra do maligno, que peca desde a origem (cf. 1 Jo 2, 22; 3, 8). O homem secunda a obra do maligno quando, deixando-se absorver pelos sofrimentos, pelas incompreensões, pelas riquezas, não permite à palavra de Jesus lançar raízes na sua existência. Pelo contrário, quem é dócil à palavra de Jesus, produz abundantes frutos e entra a fazer parte daqueles «bem-aventurados» e «pequeninos» aos quais são revelados os mistérios do Reino (cf. Mt 13, 16).
O evangelista faz uma releitura da parábola, fazendo realçar como a dureza de coração seja obra do maligno, que peca desde a origem (cf. 1 Jo 2, 22; 3, 8). O homem secunda a obra do maligno quando, deixando-se absorver pelos sofrimentos, pelas incompreensões, pelas riquezas, não permite à palavra de Jesus lançar raízes na sua existência. Pelo contrário, quem é dócil à palavra de Jesus, produz abundantes frutos e entra a fazer parte daqueles «bem-aventurados» e «pequeninos» aos quais são revelados os mistérios do Reino (cf. Mt 13, 16).
Meditatio
«Filhos rebeldes», homens desorientados pelo
maligno, somos nós, é a humanidade. Mas Deus não esquece o seu povo. Apesar de
todas as desorientações e fracassos, podemos confiar n´Ele, que nos garante:
«Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos conduzirão com inteligência
e sabedoria» (v. 15). E continua: «Quando vos multiplicardes…» (v. 16). Jesus
também termina a sua parábola com uma promessa de fecundidade: «Aquele que
recebeu a semente em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende: esse dá
fruto e produz ora cem, ora sessenta, ora trinta» (v. 23). Deus não se cansa de
semear, de chamar, de prometer. Se fala de terrenos áridos, pedregosos, é
porque sabe que, também eles, se podem tornar «boa terra», capaz de maravilhosa
fecundidade. O que é preciso é «voltar»: «Voltai!» (v. 14), convertei-vos! Onde
quer que estejamos, ainda que desorientados, estamos cercados pelo amor
misericordioso de Deus, que põe todo o interesse em nós, que está sempre pronto
a renovar-nos o dom da vida, que não nos retira a possibilidade de sermos seus
amigos. «Voltar» para Deus, e para o seu amor, não é uma experiência
humilhante, mas o prelúdio de uma sinfonia de verdadeira vida, capaz de saciar
os nossos mais profundos anseios. Ninguém está incapacitado de se abrir à sua
Palavra. Não há circunstâncias em que ela não possa ecoar, ser escutada e
actuar «para arrancar e demolir, para arruinar e destruir, para edificar e
plantar» (Jr 1, 10). Por isso, «não se falará mais na Arca da aliança do
Senhor; não lhes virá ao pensamento, não se lembrarão nem sentirão necessidade
dela e não se fará outra» (v. 16). Se isto era verdade para os homens do Antigo
Testamento, muito mais é verdade para nós. Se Jerusalém se tornou «Trono do
Senhor», onde se juntavam «todas as nações» (v. 17), em Jesus, Deus tornou-se
Emanuel, Deus connosco, «coração da humanidade e do mundo» (Cst 19).
Acolhamos o dom destas mensagens, que o Senhor hoje nos oferece, e façamo-las ecoar na vida de cada dia, abrindo-nos confiadamente ao seu poder misericordioso.
Acolhamos o dom destas mensagens, que o Senhor hoje nos oferece, e façamo-las ecoar na vida de cada dia, abrindo-nos confiadamente ao seu poder misericordioso.
Oratio
Senhor, meu Deus, que sussurras no mais íntimo
do meu ser: «Volta!», faz-me experimentar o amor que tens por mim, o desejo que
tens de mim. Tu desejas-me mais do que eu Te desejo. Se me afasto de Ti,
continuas a procurar-me. Se não escuto a tua voz, continuas a lançar a semente
da Palavra com generosa abundância. Se não atendo o teu pedido, insistes.
Obrigado pela tua fidelidade. Como é bom conhecê-la, não para retardar o
regresso, mas para não desanimar com as dificuldades do caminho. Continua a
pronunciar a tua palavra para mim. Com a força do Espírito, caminharei rumo à
tua intimidade, e deixarei que a semente da tua palavra produza em mim muitos
frutos. Amen.
Contemplatio
Uma parte do grão cai sobre um terreno fértil,
mas é sufocado pelos espinhos.
Os apelos de Jesus são escutados por algumas almas que são como terrenos repletos de raízes e de sementes de ervas daninhas. Estes terrenos não foram mondados. Estes corações não foram purificados. Não são sensíveis ao amor de Nosso Senhor, mas não têm coragem para renunciar aos afectos naturais e sensuais, aos apegos apaixonados. E o amor de Nosso Senhor é depressa sufocado por todos estes afectos e paixões absorventes.
Nosso Senhor é um Deus ciumento. Não quer corações partilhados. Retira-se destes corações onde o colocam ao nível das criaturas. Como poderia comprazer-se nesta promiscuidade?
Mas há uma parte da semente que cai na boa terra e que produz o cêntuplo. Nosso Senhor ao dizer-nos isto considerava com alegria as almas fervorosas, a almas unidas a Ele, que recebem abundantemente a semente pela fidelidade da oração, pela regularidade habitual, pelo recolhimento, pela vida interior, pela união aos mistérios do Sagrado Coração. Oh! São então sementeiras de todo o dia e dão frutos ao cêntuplo. Como Nosso Senhor se satisfaz a cultivar estas terras férteis, que dão ao seu Coração tantos frutos de puro amor! (Leão Dehon, OSP 4, p. 121).
Os apelos de Jesus são escutados por algumas almas que são como terrenos repletos de raízes e de sementes de ervas daninhas. Estes terrenos não foram mondados. Estes corações não foram purificados. Não são sensíveis ao amor de Nosso Senhor, mas não têm coragem para renunciar aos afectos naturais e sensuais, aos apegos apaixonados. E o amor de Nosso Senhor é depressa sufocado por todos estes afectos e paixões absorventes.
Nosso Senhor é um Deus ciumento. Não quer corações partilhados. Retira-se destes corações onde o colocam ao nível das criaturas. Como poderia comprazer-se nesta promiscuidade?
Mas há uma parte da semente que cai na boa terra e que produz o cêntuplo. Nosso Senhor ao dizer-nos isto considerava com alegria as almas fervorosas, a almas unidas a Ele, que recebem abundantemente a semente pela fidelidade da oração, pela regularidade habitual, pelo recolhimento, pela vida interior, pela união aos mistérios do Sagrado Coração. Oh! São então sementeiras de todo o dia e dão frutos ao cêntuplo. Como Nosso Senhor se satisfaz a cultivar estas terras férteis, que dão ao seu Coração tantos frutos de puro amor! (Leão Dehon, OSP 4, p. 121).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«O que recebeu a semente em boa terra dá fruto» (Mt 13, 23).
«O que recebeu a semente em boa terra dá fruto» (Mt 13, 23).
| Fernando Fonseca, scj |
Nenhum comentário:
Postar um comentário