As duas irmãs acolhem
Jesus. Querem servir bem a Jesus. Só que de modos diferentes. Uma pela escuta
atenta. Maria não se preocupa. Senta-se aos pés de Jesus como os discípulos no
Oriente se sentam aos pés de seu mestre. Marta repreende Maria. Jesus a
defende. Para ele basta pouca coisa. Marta passa a imagem daquela mulher
trabalhadora, dona de casa, que tem prazer em receber as visitas e acolhê-las,
desmanchando-se em cortesias. Ela é a típica mãezona das nossas cidades
interioranas. As casas dessas senhoras são impecáveis em matéria de limpeza e
organização. Os enfeites na geladeira, na estante da sala, nas paredes… A
comida deliciosa, feita na hora e servida até a visita dizer que não agüenta
mais comer. Só quem visita uma casa que tem uma “Marta” sabe o que é ser bem
acolhido.
A
alegria de mulheres assim é ver que a sua ilustre visita se sente bem em sua
casa. Esse é o maior prazer que ela pode sentir. Mas esta atitude não basta
para Jesus. Acabamos de ouvir como no Evangelho, quando Marta pede que Jesus
mande sua irmã Maria ajudá-la. É bem provável que Jesus tenha dado aquele
sorriso acolhedor para Marta, e as suas palavras devem ter sido bem mais amenas
do que as escritas por Lucas. Jesus deve ter dito, com um sorriso: “Ô Marta,
por que te preocupas tanto? Isso que você está fazendo é importante, mas vocês
podem deixar para fazer noutra hora. Maria escolheu a melhor parte! Não a
recrimine. Mais tarde ela vai lhe ajudar. Por enquanto, sente-se aqui conosco”.
E Marta deve ter percebido que, de fato, estava deixando passar uma
oportunidade rara de receber os ensinamentos do mestre Jesus, e deve ter se
sentado para ouvi-lo.
Portanto,
o importante é ouvir. Jesus certamente apreciava o trabalho de Marta, mas não
aprovava que ela pensasse só no trabalho. Hoje devemos juntar as duas coisas: o
trabalho e a escuta da Palavra, porque a melhor parte não é aquela que
multiplica as coisas; a melhor parte é aquela que torna Deus presente em nós;
então, o silêncio é mais eloqüente do que todas as palavras. No meio da
escuridão do mundo de hoje, a escuta se torna difícil.
Vivemos
num mundo apressado hoje. Corre para aqui corre para lá! Mas nos esquecemos que
correr não quer dizer crescer. Na fúria consumista, o homem perde os valores da
contemplação e da prece. O Senhor pede para parar um pouco e ouvir. Escute Deus
falar-lhe das coisas do céu! Não tenha pressa de sair quando está na
missa. Ou na oração. Esqueça o tempo do mundo e viva o tempo da graça de Deus e
com Deus.
Você
escuta voluntariamente a Palavra de Deus? Na missa, o sermão não se torna
enjoativo? O povo prefere estar parado na frente da televisão. O jornal e o
rádio têm preferência à palavra divina proclamada na igreja.
Eu
não saí muito da Santa Marta original do Evangelho… Todavia, conheço bem as
“Santas Martas” que convivem em nosso meio: mães, avós, tias, vizinhas, amigas,
que nos acolhem tão bem em suas casas, por mais ingratos que sejamos. Elas
apenas oferecem o que têm de melhor. E, às vezes, precisam ser lembradas que
ainda mais importante do que deixar a casa impecável para recebê-lo, é preciso
abrir a porta do coração para receber Jesus.
Pai,
que o meu agir não seja movido por um ativismo insensível à Palavra de Jesus.
Antes, seja toda a minha ação decorrência da escuta atenta da Palavra do Teu
Filho que é o Caminho, a Verdade e a Vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário