08/11/2015
32º Domingo do
Tempo Comum - Ano B
ANO B
32º DOMINGO DO TEMPO COMUM
32º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Tema do 32º Domingo do Tempo Comum
A liturgia do 32º Domingo do Tempo Comum
fala-nos do verdadeiro culto, do culto que devemos prestar a Deus. A Deus não
interessam grandes manifestações religiosas ou ritos externos mais ou menos
sumptuosos, mas uma atitude permanente de entrega nas suas mãos, de
disponibilidade para os seus projectos, de acolhimento generoso dos seus
desafios, de generosidade para doarmos a nossa vida em benefício dos nossos
irmãos.
A primeira leitura apresenta-nos o exemplo de uma mulher pobre de Sarepta, que, apesar da sua pobreza e necessidade, está disponível para acolher os apelos, os desafios e os dons de Deus. A história dessa viúva que reparte com o profeta os poucos alimentos que tem, garante-nos que a generosidade, a partilha e a solidariedade não empobrecem, mas são geradoras de vida e de vida em abundância.
O Evangelho diz, através do exemplo de outra mulher pobre, de outra viúva, qual é o verdadeiro culto que Deus quer dos seus filhos: que eles sejam capazes de Lhe oferecer tudo, numa completa doação, numa pobreza humilde e generosa (que é sempre fecunda), num despojamento de si que brota de um amor sem limites e sem condições. Só os pobres, isto é, aqueles que não têm o coração cheio de si próprios, são capazes de oferecer a Deus o culto verdadeiro que Ele espera.
A segunda leitura oferece-nos o exemplo de Cristo, o sumo-sacerdote que entregou a sua vida em favor dos homens. Ele mostrou-nos, com o seu sacrifício, qual é o dom perfeito que Deus quer e que espera de cada um dos seus filhos. Mais do que dinheiro ou outros bens materiais, Deus espera de nós o dom da nossa vida, ao serviço desse projecto de salvação que Ele tem para os homens e para o mundo.
A primeira leitura apresenta-nos o exemplo de uma mulher pobre de Sarepta, que, apesar da sua pobreza e necessidade, está disponível para acolher os apelos, os desafios e os dons de Deus. A história dessa viúva que reparte com o profeta os poucos alimentos que tem, garante-nos que a generosidade, a partilha e a solidariedade não empobrecem, mas são geradoras de vida e de vida em abundância.
O Evangelho diz, através do exemplo de outra mulher pobre, de outra viúva, qual é o verdadeiro culto que Deus quer dos seus filhos: que eles sejam capazes de Lhe oferecer tudo, numa completa doação, numa pobreza humilde e generosa (que é sempre fecunda), num despojamento de si que brota de um amor sem limites e sem condições. Só os pobres, isto é, aqueles que não têm o coração cheio de si próprios, são capazes de oferecer a Deus o culto verdadeiro que Ele espera.
A segunda leitura oferece-nos o exemplo de Cristo, o sumo-sacerdote que entregou a sua vida em favor dos homens. Ele mostrou-nos, com o seu sacrifício, qual é o dom perfeito que Deus quer e que espera de cada um dos seus filhos. Mais do que dinheiro ou outros bens materiais, Deus espera de nós o dom da nossa vida, ao serviço desse projecto de salvação que Ele tem para os homens e para o mundo.
LEITURA I – 1 Re 17,10-16
Leitura do Primeiro Livro dos Reis
Naqueles dias,
o profeta Elias pôs-se a caminho e foi a Sarepta.
Ao chegar às portas da cidade,
encontrou uma viúva a apanhar lenha.
Chamou-a e disse-lhe:
«Por favor, traz-me uma bilha de água para eu beber».
Quando ela ia a buscar a água, Elias chamou-a e disse:
«Por favor, traz-me também um pedaço de pão».
Mas ela respondeu:
«Tão certo como estar vivo o Senhor, teu Deus,
eu não tenho pão cozido,
mas somente um punhado de farinha na panela
e um pouco de azeite na almotolia.
Vim apanhar dois cavacos de lenha,
a fim de preparar esse resto para mim e meu filho.
Depois comeremos e esperaremos a morte».
Elias disse-lhe:
«Não temas; volta e faz como disseste.
Mas primeiro coze um pãozinho e traz-mo aqui.
Depois prepararás o resto para ti e teu filho.
Porque assim fala o Senhor, Deus de Israel:
‘Não se esgotará a panela da farinha,
nem se esvaziará a almotolia do azeite,
até ao dia em que o Senhor mandar chuva sobre a face da terra’».
A mulher foi e fez como Elias lhe mandara;
e comeram ele, ela e seu filho.
Desde aquele dia, nem a panela da farinha se esgotou,
nem se esvaziou a almotolia do azeite,
como o Senhor prometera pela boca de Elias.
o profeta Elias pôs-se a caminho e foi a Sarepta.
Ao chegar às portas da cidade,
encontrou uma viúva a apanhar lenha.
Chamou-a e disse-lhe:
«Por favor, traz-me uma bilha de água para eu beber».
Quando ela ia a buscar a água, Elias chamou-a e disse:
«Por favor, traz-me também um pedaço de pão».
Mas ela respondeu:
«Tão certo como estar vivo o Senhor, teu Deus,
eu não tenho pão cozido,
mas somente um punhado de farinha na panela
e um pouco de azeite na almotolia.
Vim apanhar dois cavacos de lenha,
a fim de preparar esse resto para mim e meu filho.
Depois comeremos e esperaremos a morte».
Elias disse-lhe:
«Não temas; volta e faz como disseste.
Mas primeiro coze um pãozinho e traz-mo aqui.
Depois prepararás o resto para ti e teu filho.
Porque assim fala o Senhor, Deus de Israel:
‘Não se esgotará a panela da farinha,
nem se esvaziará a almotolia do azeite,
até ao dia em que o Senhor mandar chuva sobre a face da terra’».
A mulher foi e fez como Elias lhe mandara;
e comeram ele, ela e seu filho.
Desde aquele dia, nem a panela da farinha se esgotou,
nem se esvaziou a almotolia do azeite,
como o Senhor prometera pela boca de Elias.
AMBIENTE
Encontramos no Livro dos Reis um conjunto de
tradições ligadas à vida e à acção de uma figura central do profetismo bíblico:
o profeta Elias. Essas tradições aparecem, de forma intermitente, entre 1 Re
17,1 e 2 Re 2,12.
Elias (cujo nome significa “o meu Deus é o Senhor” – o que, por si só, constitui logo um programa de vida) actua no Reino do Norte (Israel) durante o século IX a.C., num tempo em que a fé jahwista é posta em causa pela preponderância que os deuses estrangeiros (especialmente Baal) assumem na cultura religiosa de Israel. Provavelmente, estamos diante de uma tentativa de abrir Israel a outras culturas, a fim de facilitar o intercâmbio cultural e comercial… Mas essas razões políticas não são entendidas nem aceites pelos círculos religiosos de Israel. O ministério profético de Elias desenvolve-se sobretudo durante o reinado de Acab (873-853 a.C.), embora a sua voz também se tenha feito ouvir no reinado de Ocozias (853-852 a.C.).
Elias é o grande defensor da fidelidade a Jahwéh. Ele aparece como o representante dos israelitas fiéis que recusavam a coexistência de Jahwéh e de Baal no horizonte da fé de Israel. Num episódio dramático, o próprio profeta chegou a desafiar os profetas de Baal para um duelo religioso que terminou com um massacre de quatrocentos profetas de Baal no monte Carmelo (cf. 1 Re 18). Esse episódio é, certamente, uma apresentação teológica dessa luta sem tréguas que se trava entre os fiéis a Jahwéh e os que abrem o coração às influências culturais e religiosas de outros povos.
Para além da questão do culto, Elias defende a Lei em todas as suas vertentes (veja-se, por exemplo, a sua defesa intransigente das leis da propriedade em 1 Re 21, no célebre episódio da usurpação das vinhas de Nabot): ele representa os pobres de Israel, na sua luta sem tréguas contra uma aristocracia e uns comerciantes todo-poderosos que subvertiam a seu bel-prazer as leis e os mandamentos de Jahwéh.
O ciclo de Elias começa com o anúncio, diante do rei Acab, de uma seca que irá atingir Israel (cf. 1 Re 17,1). Essa seca é apresentada, não tanto como um castigo pelos pecados do rei, mas sobretudo como uma forma de mostrar que é Jahwéh (e não Baal, o deus cananeu das colheitas e da fertilidade, cujo culto era favorecido por Jezabel, a esposa fenícia de Acab) o verdadeiro senhor da vida que brota, cada ano, nos campos e nos rebanhos. A implacável seca leva, contudo, Elias para a cidade de Sarepta (hoje Sarafand), uma pequena cidade da costa fenícia, a cerca de 15 quilómetros a sul de Sídon. É aí que o nosso texto nos situa.
Elias (cujo nome significa “o meu Deus é o Senhor” – o que, por si só, constitui logo um programa de vida) actua no Reino do Norte (Israel) durante o século IX a.C., num tempo em que a fé jahwista é posta em causa pela preponderância que os deuses estrangeiros (especialmente Baal) assumem na cultura religiosa de Israel. Provavelmente, estamos diante de uma tentativa de abrir Israel a outras culturas, a fim de facilitar o intercâmbio cultural e comercial… Mas essas razões políticas não são entendidas nem aceites pelos círculos religiosos de Israel. O ministério profético de Elias desenvolve-se sobretudo durante o reinado de Acab (873-853 a.C.), embora a sua voz também se tenha feito ouvir no reinado de Ocozias (853-852 a.C.).
Elias é o grande defensor da fidelidade a Jahwéh. Ele aparece como o representante dos israelitas fiéis que recusavam a coexistência de Jahwéh e de Baal no horizonte da fé de Israel. Num episódio dramático, o próprio profeta chegou a desafiar os profetas de Baal para um duelo religioso que terminou com um massacre de quatrocentos profetas de Baal no monte Carmelo (cf. 1 Re 18). Esse episódio é, certamente, uma apresentação teológica dessa luta sem tréguas que se trava entre os fiéis a Jahwéh e os que abrem o coração às influências culturais e religiosas de outros povos.
Para além da questão do culto, Elias defende a Lei em todas as suas vertentes (veja-se, por exemplo, a sua defesa intransigente das leis da propriedade em 1 Re 21, no célebre episódio da usurpação das vinhas de Nabot): ele representa os pobres de Israel, na sua luta sem tréguas contra uma aristocracia e uns comerciantes todo-poderosos que subvertiam a seu bel-prazer as leis e os mandamentos de Jahwéh.
O ciclo de Elias começa com o anúncio, diante do rei Acab, de uma seca que irá atingir Israel (cf. 1 Re 17,1). Essa seca é apresentada, não tanto como um castigo pelos pecados do rei, mas sobretudo como uma forma de mostrar que é Jahwéh (e não Baal, o deus cananeu das colheitas e da fertilidade, cujo culto era favorecido por Jezabel, a esposa fenícia de Acab) o verdadeiro senhor da vida que brota, cada ano, nos campos e nos rebanhos. A implacável seca leva, contudo, Elias para a cidade de Sarepta (hoje Sarafand), uma pequena cidade da costa fenícia, a cerca de 15 quilómetros a sul de Sídon. É aí que o nosso texto nos situa.
MENSAGEM
Elias chega a Sarepta e, correspondendo à
indicação de Jahwéh, dirige-se a uma viúva da cidade. Pede-lhe água para beber
e um pedaço de pão para comer. Nesse tempo dramático de fome e de seca, a
mulher apenas tem um punhado de farinha e um pouco de azeite, que se prepara
para comer com o filho, antes de se deitar à espera da morte; mas prepara o pão
para Elias… E, por acção de Deus, durante todo o tempo que Elias aí permaneceu,
nem a farinha se acabou na panela, nem o azeite faltou na almotolia.
Trata-se de uma história de cariz popular que, contudo, apresenta interessantes ensinamentos…
1. Com ela, o autor deuteronomista sugere que nessa luta entre Jahwéh e Baal pela supremacia, o Deus de Israel é o vencedor, pois é Ele que dá o trigo e o azeite de que o Povo se alimenta; mais, Jahwéh actua até em casa do seu “adversário” e entre os seus súbditos (Baal era o deus mais popular na Fenícia).
2. O facto de os beneficiários da acção de Jahwéh serem uma viúva e um órfão (os exemplos clássicos, na Bíblia, dos pobres, dos débeis, dos desfavorecidos, dos marginalizados) sugere que Jahwéh tem uma especial predilecção pelos fracos, pelos pobres, por aqueles que nada têm, por aqueles que necessitam especialmente da protecção, da bondade e da misericórdia de Deus.
3. O pão e o azeite que a mulher reparte com o profeta multiplicam-se milagrosamente. O facto mostra que, quando alguém é capaz de sair do seu egoísmo e tem disponibilidade para partilhar os dons recebidos de Deus, esses dons chegam para todos e ainda sobram. A generosidade, a partilha e a solidariedade não empobrecem, mas são geradoras de vida e de vida em abundância.
4. A história sugere, ainda, que a graça de Deus é universal e se destina a todos os povos, sem distinção de raças, de fronteiras ou de crenças religiosas.
Trata-se de uma história de cariz popular que, contudo, apresenta interessantes ensinamentos…
1. Com ela, o autor deuteronomista sugere que nessa luta entre Jahwéh e Baal pela supremacia, o Deus de Israel é o vencedor, pois é Ele que dá o trigo e o azeite de que o Povo se alimenta; mais, Jahwéh actua até em casa do seu “adversário” e entre os seus súbditos (Baal era o deus mais popular na Fenícia).
2. O facto de os beneficiários da acção de Jahwéh serem uma viúva e um órfão (os exemplos clássicos, na Bíblia, dos pobres, dos débeis, dos desfavorecidos, dos marginalizados) sugere que Jahwéh tem uma especial predilecção pelos fracos, pelos pobres, por aqueles que nada têm, por aqueles que necessitam especialmente da protecção, da bondade e da misericórdia de Deus.
3. O pão e o azeite que a mulher reparte com o profeta multiplicam-se milagrosamente. O facto mostra que, quando alguém é capaz de sair do seu egoísmo e tem disponibilidade para partilhar os dons recebidos de Deus, esses dons chegam para todos e ainda sobram. A generosidade, a partilha e a solidariedade não empobrecem, mas são geradoras de vida e de vida em abundância.
4. A história sugere, ainda, que a graça de Deus é universal e se destina a todos os povos, sem distinção de raças, de fronteiras ou de crenças religiosas.
ACTUALIZAÇÃO
• A nossa história – como tantas outras
histórias bíblicas – fala-nos da predilecção de Deus pelos desfavorecidos,
pelos débeis, pelos pobres, pelos explorados, por aqueles que são colocados à
margem da vida. Porquê? Porque Deus vê a história humana na perspectiva da luta
de classes e escolhe um lado em detrimento do outro? Obviamente, não. No
entanto, Deus opta preferencialmente pelos pobres porque, em primeiro lugar,
eles vivem numa situação dramática de necessidade e precisam especialmente da
bondade, da misericórdia e da ajuda de Deus; e, em segundo lugar, porque os
pobres – sem bens materiais que os distraiam do essencial – estão sempre mais
atentos e disponíveis para acolher os apelos, os desafios e os dons de Deus. Os
“ricos”, ao contrário, estão sempre preocupados com os seus bens, com os seus
interesses egoístas, com os seus projectos e preconceitos e não têm espaço para
acolher as propostas que Deus lhes faz. Isto deve lembrar-nos, permanentemente,
a necessidade de sermos “pobres”, de nos despirmos de tudo aquilo que pode
atravancar o nosso coração e que pode impedir-nos de acolher os desafios e as
propostas de Deus.
• A mulher de Sarepta tinha, apenas, uma
quantidade mínima de alimento, que queria guardar para si e para o seu filho;
mas, desafiada a partilhar, viu esse escasso alimento ser multiplicado uma
infinidade de vezes… A história convida-nos a não nos fecharmos em esquemas
egoístas de acumulação e de lucro, esquecendo os apelos de Deus à partilha e à
solidariedade com os nossos irmãos necessitados. Quando repartimos, com
generosidade e amor, aquilo que Deus colocou à nossa disposição, não ficamos
mais pobres; os bens repartidos tornam-se fonte de vida e de bênção para nós e
para todos aqueles que deles beneficiam.
• A nossa história prova que só Jahwéh dá
ao homem vida em abundância. É um aviso que não podemos ignorar… Todos os dias
somos confrontados com propostas de felicidade e de vida plena que, quase
sempre, nos conduzem por caminhos de escravidão, de dependência, de desilusão.
Não é à volta do dinheiro, do carro, da casa, do cargo que temos na empresa,
dos títulos académicos que ostentamos, das honras que nos são atribuídas que
devemos construir a nossa existência. Só Deus nos dá a vida plena e verdadeira;
todos os outros “deuses” são elementos acessórios, que não devem afastar-nos do
essencial.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 145 (146)
Refrão 1: Ó minha alma, louva o Senhor.
Refrão 2: Aleluia.
O Senhor faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos.
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos.
O Senhor ilumina os olhos do cego,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos.
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos.
O Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos pecadores.
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos pecadores.
O Senhor reina eternamente;
o teu Deus, ó Sião,
é rei por todas as gerações.
o teu Deus, ó Sião,
é rei por todas as gerações.
LEITURA II – Heb 9,24-28
Leitura da Epístola aos Hebreus
Cristo não entrou num santuário feito por mãos
humanas,
figura do verdadeiro,
mas no próprio Céu,
para Se apresentar agora na presença de Deus em nosso favor.
E não entrou para Se oferecer muitas vezes,
como sumo sacerdote que entra cada ano no Santuário,
como sangue alheio;
nesse caso, Cristo deveria ter padecido muitas vezes,
desde o princípio do mundo.
Mas Ele manifestou-Se uma só vez, na plenitude dos tempos,
para destruir o pecado pelo sacrifício de Si mesmo.
E, como está determinado que os homens morram uma só vez
e a seguir haja o julgamento,
assim também Cristo, depois de Se ter oferecido uma só vez
para tomar sobre Si os pecados da multidão,
aparecerá segunda vez, sem a aparência do pecado,
para dar a salvação àqueles que O esperam.
figura do verdadeiro,
mas no próprio Céu,
para Se apresentar agora na presença de Deus em nosso favor.
E não entrou para Se oferecer muitas vezes,
como sumo sacerdote que entra cada ano no Santuário,
como sangue alheio;
nesse caso, Cristo deveria ter padecido muitas vezes,
desde o princípio do mundo.
Mas Ele manifestou-Se uma só vez, na plenitude dos tempos,
para destruir o pecado pelo sacrifício de Si mesmo.
E, como está determinado que os homens morram uma só vez
e a seguir haja o julgamento,
assim também Cristo, depois de Se ter oferecido uma só vez
para tomar sobre Si os pecados da multidão,
aparecerá segunda vez, sem a aparência do pecado,
para dar a salvação àqueles que O esperam.
AMBIENTE
No passado domingo, o autor da Carta aos
Hebreus apresentava Cristo como o sumo-sacerdote por excelência, não na linha
do sacerdócio levítico, mas na linha do sacerdócio de Melquisedec… Hoje,
passamos a outra secção (cf. Heb 8,1-9,28), na qual o autor apresenta Cristo
como o sacerdote perfeito e explica em que consiste essa perfeição e quais as
suas consequências para a vida dos fiéis.
Depois de reflectir sobre a imperfeição do culto antigo (cf. Heb 8,1-6), a imperfeição da antiga Aliança (cf. Heb 8,7-13) e a ineficácia dos sacrifícios oferecidos no Templo de Jerusalém (cf. Heb 9,1-10), o autor passa a explicar aos cristãos a quem a Carta se destina porque é que o sacrifício oferecido por Cristo é perfeito (cf. Heb 9,11-14) e como é que, por esse sacrifício, Cristo se torna o mediador da Nova Aliança (cf. Heb 9,15-22). No último parágrafo desta secção (cf. Heb 9,23-28), o autor tira, para a vida dos fiéis, as consequências de tudo o que disse atrás, a propósito do sacerdócio perfeito de Cristo.
Dirigindo-se a cristãos em dificuldade, que já perderam o entusiasmo inicial e que, diante das dificuldades, correm o risco de renunciar ao compromisso assumido no dia do Baptismo, o autor da Carta procura animá-los e revitalizar a sua experiência de fé.
Depois de reflectir sobre a imperfeição do culto antigo (cf. Heb 8,1-6), a imperfeição da antiga Aliança (cf. Heb 8,7-13) e a ineficácia dos sacrifícios oferecidos no Templo de Jerusalém (cf. Heb 9,1-10), o autor passa a explicar aos cristãos a quem a Carta se destina porque é que o sacrifício oferecido por Cristo é perfeito (cf. Heb 9,11-14) e como é que, por esse sacrifício, Cristo se torna o mediador da Nova Aliança (cf. Heb 9,15-22). No último parágrafo desta secção (cf. Heb 9,23-28), o autor tira, para a vida dos fiéis, as consequências de tudo o que disse atrás, a propósito do sacerdócio perfeito de Cristo.
Dirigindo-se a cristãos em dificuldade, que já perderam o entusiasmo inicial e que, diante das dificuldades, correm o risco de renunciar ao compromisso assumido no dia do Baptismo, o autor da Carta procura animá-los e revitalizar a sua experiência de fé.
MENSAGEM
No final da sua caminhada terrena com os
homens, Cristo, o sacerdote perfeito, entrou no verdadeiro santuário que é o
céu – a própria realidade de Deus, a comunhão com Deus. Vivendo em comunhão com
o Pai, Ele continua a interceder pelos homens e a dispor o coração do Pai em
favor dos homens (vers. 24).
Mais: enquanto que o sumo-sacerdote da antiga Aliança tinha que entrar no santuário todos os anos (o autor refere-se ao Dia da Expiação – o “Yom Kippur” – o único dia do ano em que o sumo-sacerdote entrava no “Santo dos Santos” do Templo de Jerusalém, a fim de aspergir o “propiciatório” com o sangue de um animal imolado e obter, assim, o perdão de Deus para os pecados do Povo), Cristo entrou uma só vez no santuário perfeito, levando o seu próprio sangue, e obteve a redenção de toda a humanidade – desde a fundação do mundo, até ao final dos tempos. A entrega de Cristo, o seu sacrifício consumado no dom da vida, teve uma eficácia total e universal; com ela, Cristo conseguiu a destruição da condição pecadora do homem. A humanidade fica, a partir desse instante, definitivamente salva.
Quando Cristo voltar a manifestar-Se, no final dos tempos (parusia), não será nem para oferecer um novo sacrifício, nem para condenar o homem; mas será para oferecer a salvação definitiva àqueles que Ele, com o seu sacrifício, libertou do pecado.
Mais: enquanto que o sumo-sacerdote da antiga Aliança tinha que entrar no santuário todos os anos (o autor refere-se ao Dia da Expiação – o “Yom Kippur” – o único dia do ano em que o sumo-sacerdote entrava no “Santo dos Santos” do Templo de Jerusalém, a fim de aspergir o “propiciatório” com o sangue de um animal imolado e obter, assim, o perdão de Deus para os pecados do Povo), Cristo entrou uma só vez no santuário perfeito, levando o seu próprio sangue, e obteve a redenção de toda a humanidade – desde a fundação do mundo, até ao final dos tempos. A entrega de Cristo, o seu sacrifício consumado no dom da vida, teve uma eficácia total e universal; com ela, Cristo conseguiu a destruição da condição pecadora do homem. A humanidade fica, a partir desse instante, definitivamente salva.
Quando Cristo voltar a manifestar-Se, no final dos tempos (parusia), não será nem para oferecer um novo sacrifício, nem para condenar o homem; mas será para oferecer a salvação definitiva àqueles que Ele, com o seu sacrifício, libertou do pecado.
ACTUALIZAÇÃO
• A ideia de que Cristo nos libertou do
pecado com o seu sacrifício domina este texto. O que é que o autor da Carta aos
Hebreus quer dizer com isto? Cristo veio a este mundo para libertar o homem das
cadeias de egoísmo e de pecado que o prendiam. Nesse sentido, Cristo pediu uma
“metanoia” (transformação radical) do coração, da mente, dos valores, das
atitudes do homem e propôs, com a sua palavra, com o seu exemplo, com a sua
vida, que o homem passasse a percorrer o caminho do amor, da partilha, do
serviço, do perdão, do dom da vida. A sua entrega na cruz é a lição suprema que
Ele quis deixar-nos – a lição do amor que renuncia ao egoísmo e que se faz dom
total aos irmãos, até às últimas consequências. Mais, a sua luta contra o
pecado levou-O a confrontar-Se com as estruturas políticas, sociais ou
religiosas geradoras de injustiça e de opressão; a sua morte, arquitectada
pelos detentores do poder (as autoridades políticas e religiosas do país), foi,
também, a consequência da sua luta contra as estruturas que oprimiam o homem e
que geravam egoísmo e morte. Ele ofereceu, de facto, a sua vida em sacrifício
para nos libertar do pecado. A sua ressurreição revelou que Deus aceitou o seu
sacrifício e que não deixará mais que o pecado roube ao homem a vida. Aderir a
Jesus, ser cristão, é procurar viver, dia a dia, no seguimento de Jesus e fazer
da própria vida um dom de amor aos irmãos; é, também, lutar contra todas as
estruturas que geram injustiça e pecado. Gastar a vida dessa forma é participar
da missão de Jesus, é colaborar com Ele para eliminar o pecado.
• As outras leituras deste domingo
falam-nos de desapego, de partilha, de capacidade para “dar tudo”. Cristo, com
a entrega total da sua vida a Deus e aos homens, realizou plenamente esta
dimensão. Ele mostrou-nos, com o seu sacrifício, qual é o dom perfeito que Deus
quer e que espera de cada um dos seus filhos. Mais do que dinheiro ou outros
bens materiais, Deus espera de nós o dom da nossa vida, ao serviço desse
projecto de salvação que Ele tem para os homens e para o mundo.
• A certeza de que Jesus Cristo, o
sacerdote perfeito, venceu o pecado e está agora junto de Deus, intercedendo
por nós e esperando o momento de nos oferecer a vida eterna, deve dar-nos
confiança e esperança, ao longo da nossa caminhada diária pela vida. A Palavra
de Deus que hoje nos é oferecida garante-nos que as nossas fragilidades e
debilidades não podem afastar-nos da comunhão com Deus, da vida eterna; e, no
final do nosso caminho, Jesus, o nosso libertador, lá estará à nossa espera
para nos oferecer a vida definitiva.
ALELUIA – Mt 5,3
Aleluia. Aleluia.
Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino dos Céus.
porque deles é o reino dos Céus.
EVANGELHO – Mc 12,38-44
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo
São Marcos
Naquele tempo,
Jesus ensinava a multidão, dizendo:
«Acautelai-vos dos escribas,
que gostam de exibir longas vestes,
de receber cumprimentos nas praças,
de ocupar os primeiros assentos nas sinagogas
e os primeiros lugares nos banquetes.
Devoram as casas das viúvas
com pretexto de fazerem longas rezas.
Estes receberão uma sentença mais severa».
Jesus sentou-Se em frente da arca do tesouro
a observar como a multidão deixava o dinheiro na caixa.
Muitos ricos deitavam quantias avultadas.
Veio uma pobre viúva
e deitou duas pequenas moedas, isto é, um quadrante.
Jesus chamou os discípulos e disse-lhes:
«Em verdade vos digo:
Esta pobre viúva deitou na caixa mais do que todos os outros.
Eles deitaram do que lhes sobrava,
mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha,
tudo o que possuía para viver».
Jesus ensinava a multidão, dizendo:
«Acautelai-vos dos escribas,
que gostam de exibir longas vestes,
de receber cumprimentos nas praças,
de ocupar os primeiros assentos nas sinagogas
e os primeiros lugares nos banquetes.
Devoram as casas das viúvas
com pretexto de fazerem longas rezas.
Estes receberão uma sentença mais severa».
Jesus sentou-Se em frente da arca do tesouro
a observar como a multidão deixava o dinheiro na caixa.
Muitos ricos deitavam quantias avultadas.
Veio uma pobre viúva
e deitou duas pequenas moedas, isto é, um quadrante.
Jesus chamou os discípulos e disse-lhes:
«Em verdade vos digo:
Esta pobre viúva deitou na caixa mais do que todos os outros.
Eles deitaram do que lhes sobrava,
mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha,
tudo o que possuía para viver».
AMBIENTE
O nosso texto situa-nos em Jerusalém, nos dias
que antecedem a prisão, julgamento e morte de Jesus. Por esta altura,
adensam-se as polémicas de Jesus com os representantes do Judaísmo oficial. A
cada passo fica mais claro que o projecto do Reino (proposto por Jesus) é
incompatível com a visão religiosa dos líderes judaicos. Num ambiente carregado
de dramatismo, adivinha-se o inevitável choque decisivo entre Jesus e a
instituição judaica e prepara-se o cenário da Cruz.
Jesus tem consciência de que os líderes da comunidade judaica tinham transformado a religião de Moisés – com os seus ritos, exigências legais, proibições e obrigações – numa proposta vazia e estéril. Mal-servida e manipulada pelos seus líderes religiosos, a comunidade judaica tinha-se transformado numa figueira seca (cf. Mc 11,12-14. 20-26), onde Deus não encontrava os frutos que esperava (o culto verdadeiro e sincero, o amor, a justiça, a misericórdia). O próprio Templo – o espaço onde se desenrolavam abundantes ritos cultuais e sumptuosas cerimónias litúrgicas – tinha deixado de ser o lugar do encontro de Deus com a comunidade israelita e tinha-se tornado um lugar de exploração e de injustiça, “um covil de ladrões” (cf. Mc 11,15-19)…
Jesus tem presente tudo isto quando ensina nos átrios do Templo, rodeado pelos discípulos. À sua volta desenrola-se esse folclore religioso, feito de ritos externos, de grandes gestos teatrais, frequentemente vazios de conteúdo. Os “doutores da Lei” (geralmente, do partido dos fariseus; estudavam e memorizavam as Escrituras e ensinavam aos seus discípulos as regras – ou “halakot” – que deviam dirigir cada passo da vida dos fiéis israelitas), com as suas vestes especiais e os traços característicos de quem se julgava com direito a todas as deferências, honras e privilégios, são mais um elemento no quadro desse culto de mentira que Jesus tem diante dos olhos.
Em contraponto, Jesus repara no “átrio das mulheres”, onde uma viúva deposita, no tesouro do Templo, a sua humilde oferta (dons voluntários eram feitos com frequência, tendo por finalidade, por exemplo, cumprir votos). As viúvas, no ambiente palestino de então (sobretudo quando não tinham filhos que as protegessem e alimentassem), eram o modelo clássico do pobre, do explorado, do débil.
Jesus tem consciência de que os líderes da comunidade judaica tinham transformado a religião de Moisés – com os seus ritos, exigências legais, proibições e obrigações – numa proposta vazia e estéril. Mal-servida e manipulada pelos seus líderes religiosos, a comunidade judaica tinha-se transformado numa figueira seca (cf. Mc 11,12-14. 20-26), onde Deus não encontrava os frutos que esperava (o culto verdadeiro e sincero, o amor, a justiça, a misericórdia). O próprio Templo – o espaço onde se desenrolavam abundantes ritos cultuais e sumptuosas cerimónias litúrgicas – tinha deixado de ser o lugar do encontro de Deus com a comunidade israelita e tinha-se tornado um lugar de exploração e de injustiça, “um covil de ladrões” (cf. Mc 11,15-19)…
Jesus tem presente tudo isto quando ensina nos átrios do Templo, rodeado pelos discípulos. À sua volta desenrola-se esse folclore religioso, feito de ritos externos, de grandes gestos teatrais, frequentemente vazios de conteúdo. Os “doutores da Lei” (geralmente, do partido dos fariseus; estudavam e memorizavam as Escrituras e ensinavam aos seus discípulos as regras – ou “halakot” – que deviam dirigir cada passo da vida dos fiéis israelitas), com as suas vestes especiais e os traços característicos de quem se julgava com direito a todas as deferências, honras e privilégios, são mais um elemento no quadro desse culto de mentira que Jesus tem diante dos olhos.
Em contraponto, Jesus repara no “átrio das mulheres”, onde uma viúva deposita, no tesouro do Templo, a sua humilde oferta (dons voluntários eram feitos com frequência, tendo por finalidade, por exemplo, cumprir votos). As viúvas, no ambiente palestino de então (sobretudo quando não tinham filhos que as protegessem e alimentassem), eram o modelo clássico do pobre, do explorado, do débil.
MENSAGEM
O nosso texto compõe-se, portanto, de duas
partes. Na primeira parte (vers. 38-40), Jesus faz incidir a atenção dos seus
discípulos sobre o grupo dos doutores da Lei. Aparentemente, os doutores da Lei
são figuras intocáveis da comunidade, com uma atitude religiosa irrepreensível.
São estimados, admirados e adulados pelo povo, que os tem em alto conceito.
Contudo, o olhar avaliador de Jesus não se detém nas aparências, mas penetra na
realidade das coisas… Uma análise mais cuidada mostra que esses doutores da Lei
são hipócritas e incoerentes: fazem as coisas, não por convicção, mas para
serem considerados e admirados pelo povo; procuram os primeiros lugares,
preocupam-se em afirmar a sua superioridade diante dos outros, exibem uma
devoção de fachada, fazem do cumprimento dos ritos e regras da Lei um
espectáculo para os outros aplaudirem… A sua vida é, portanto, um imenso
repertório de mentira, de incoerência, de hipocrisia… Como se isso não
bastasse, estes doutores da Lei aproveitam-se, frequentemente, da sua posição e
da confiança que inspiram – como intérpretes autorizados da Lei de Deus – para
explorar os mais pobres (aqueles que são os preferidos de Deus); servem-se da
religião para satisfazer a sua avareza, não têm escrúpulos em aproveitar-se
boa-fé das pessoas para aumentar os seus proveitos; exploram as viúvas, que
lhes confiam a administração dos próprios bens, alinham em esquemas de
corrupção e de exploração…
Os doutores da Lei, com os seus comportamentos hipócritas, mostram que os ritos externos, os gestos teatrais, o cumprimento das regras religiosamente correctas não chegam para aproximar os homens de Deus e da santidade de Deus. Ao olhar para a atitude dos doutores da Lei, os discípulos de Jesus têm de estar conscientes de que este não é o comportamento que Deus pede àqueles que querem fazer parte da sua família.
Na segunda parte (vers. 41-44), Jesus convida os discípulos a perceber a essência do verdadeiro culto, da verdadeira atitude religiosa. Em profundo contraste com o quadro dos doutores da Lei, Jesus aponta aos discípulos a figura de uma pobre viúva, que se aproxima de um dos treze recipientes situados no átrio do Templo, onde se depositavam as ofertas para o tesouro do Templo. A mulher deposita aí duas simples moedas (dois “leptá”, diz o texto grego. O “leptá” era uma moeda de cobre, a mais pequena e insignificante das moedas judaicas); contudo, aquela quantia insignificante era tudo o que a mulher possuía. Ninguém, excepto Jesus, repara nela ou manifesta admiração pelo seu gesto. Apenas Jesus – que lê os factos com os olhos de Deus e sabe ver para além das aparências – percebe naquelas duas insignificantes moedas oferecidas a marca de um dom total, de um completo despojamento, de uma entrega radical e sem medida. O encontro com Deus, o culto que Deus quer passa por gestos simples e humildes, que podem passar completamente despercebidos, mas que são sinceros, verdadeiros, e expressam a entrega generosa e o compromisso total. O verdadeiro crente não é o que cultiva gestos teatrais e espampanantes, que impressionam as multidões e que são aplaudidos pelos homens; mas é o que aceita despojar-se de tudo, prescindir dos seus interesses e projectos pessoais, para se entregar completa e gratuitamente nas mãos de Deus, com humildade, generosidade, total confiança, amor verdadeiro. É este o exemplo que os discípulos de Jesus devem imitar; é esse o culto verdadeiro que eles devem prestar a Deus.
Os doutores da Lei, com os seus comportamentos hipócritas, mostram que os ritos externos, os gestos teatrais, o cumprimento das regras religiosamente correctas não chegam para aproximar os homens de Deus e da santidade de Deus. Ao olhar para a atitude dos doutores da Lei, os discípulos de Jesus têm de estar conscientes de que este não é o comportamento que Deus pede àqueles que querem fazer parte da sua família.
Na segunda parte (vers. 41-44), Jesus convida os discípulos a perceber a essência do verdadeiro culto, da verdadeira atitude religiosa. Em profundo contraste com o quadro dos doutores da Lei, Jesus aponta aos discípulos a figura de uma pobre viúva, que se aproxima de um dos treze recipientes situados no átrio do Templo, onde se depositavam as ofertas para o tesouro do Templo. A mulher deposita aí duas simples moedas (dois “leptá”, diz o texto grego. O “leptá” era uma moeda de cobre, a mais pequena e insignificante das moedas judaicas); contudo, aquela quantia insignificante era tudo o que a mulher possuía. Ninguém, excepto Jesus, repara nela ou manifesta admiração pelo seu gesto. Apenas Jesus – que lê os factos com os olhos de Deus e sabe ver para além das aparências – percebe naquelas duas insignificantes moedas oferecidas a marca de um dom total, de um completo despojamento, de uma entrega radical e sem medida. O encontro com Deus, o culto que Deus quer passa por gestos simples e humildes, que podem passar completamente despercebidos, mas que são sinceros, verdadeiros, e expressam a entrega generosa e o compromisso total. O verdadeiro crente não é o que cultiva gestos teatrais e espampanantes, que impressionam as multidões e que são aplaudidos pelos homens; mas é o que aceita despojar-se de tudo, prescindir dos seus interesses e projectos pessoais, para se entregar completa e gratuitamente nas mãos de Deus, com humildade, generosidade, total confiança, amor verdadeiro. É este o exemplo que os discípulos de Jesus devem imitar; é esse o culto verdadeiro que eles devem prestar a Deus.
ACTUALIZAÇÃO
• Qual é o verdadeiro culto que Deus
espera de nós? Qual deve ser a nossa resposta à sua oferta de salvação? A forma
como Jesus aprecia o gesto daquela pobre viúva não deixa lugar a qualquer
dúvida: Deus não valoriza os gestos espectaculares, cuidadosamente encenados e
preparados, mas que não saem do coração; Deus não se deixa impressionar por
grandes manifestações cultuais, por grandes e impressionantes manifestações
religiosas, cuidadosamente preparadas, mas hipócritas, vazias e estéreis… O que
Deus pede é que sejamos capazes de Lhe oferecer tudo, que aceitemos
despojar-nos das nossas certezas, das nossas manifestações de orgulho e de
vaidade, dos nossos projectos pessoais e preconceitos, a fim de nos entregarmos
confiadamente nas suas mãos, com total confiança, numa completa doação, numa
pobreza humilde e fecunda, num amor sem limites e sem condições. Esse é o
verdadeiro culto, que nos aproxima de Deus e que nos torna membros da família
de Deus. O verdadeiro crente é aquele que não guarda nada para si, mas que, dia
a dia, no silêncio e na simplicidade dos gestos mais banais, aceita sair do seu
egoísmo e da sua auto-suficiência e colocar a totalidade da sua existência nas
mãos de Deus.
• Como na primeira leitura, também no
Evangelho temos um exemplo de uma mulher pobre (ainda mais, uma viúva, que
pertence à classe dos abandonados, dos débeis, dos mais pobres de entre os
pobres), que é capaz de partilhar o pouco que tem. Na reflexão bíblica, os
pobres, pela sua situação de carência, debilidade e necessidade, são
considerados os preferidos de Deus, aqueles que são objecto de uma especial
protecção e ternura por parte de Deus. Por isso, eles são olhados com simpatia
e até, numa visão simplista e idealizada, são retractados como pessoas
pacíficas, humildes, simples, piedosas, cheias de “temor de Deus” (isto é, que
se colocam diante de Deus com serena confiança, em total obediência e entrega).
Este retrato, naturalmente um pouco estereotipado, não deixa de ter um sólido
fundo de verdade: só quem não vive para as riquezas, só quem não tem o coração
obcecado com a posse dos bens (falamos, naturalmente, do dinheiro, da conta
bancária; mas falamos, igualmente, do orgulho, da auto-suficiência, da vontade
de triunfar a todo o custo, do desejo de poder e de autoridade, do desejo de
ser aplaudido e admirado) é capaz de estar disponível para acolher os desafios
de Deus e para aceitar, com humildade e simplicidade, os valores do Reino.
Esses são os preferidos de Deus. O exemplo desta mulher garante-nos que só quem
é “pobre” – isto é, quem não tem o coração demasiado cheio de si próprio – é
capaz de viver para Deus e de acolher os desafios e os valores do Reino.
• A figura dos doutores da Lei está em
total contraste com a figura desta mulher pobre. Eles têm o coração
completamente cheio de si; estão dominados por sentimentos de egoísmo, de
ambição e de vaidade, apostam tudo nos bens materiais, mesmo que isso implique
explorar e roubar as viúvas e os pobres… Na verdade, no seu coração não há
lugar para Deus e para os outros irmãos; só há lá lugar para os seus interesses
mesquinhos e egoístas. Eles são a antítese daquilo que os discípulos de Jesus
devem ser; não apreciam os valores do Reino e, dessa forma, não podem integrar
a comunidade do Reino. Podem ter atitudes que, na aparência, são religiosamente
correctas, ou podem mesmo ser vistos como autênticos pilares da comunidade do
Povo de Deus; mas, na verdade, eles não fazem parte da família de Deus. Nunca é
demais reflectirmos sobre este ponto: quem vive para si e é incapaz de viver para
Deus e para os irmãos, com verdade e generosidade, não pode integrar a família
de Jesus, a comunidade do Reino.
• Jesus ensina-nos, neste episódio, a não
julgarmos as pessoas pelas aparências. Muitas vezes é precisamente aquilo que
consideramos insignificante, desprezível, pouco edificante, que é
verdadeiramente importante e significativo. Muitas vezes Deus chega até nós na
humildade, na simplicidade, na debilidade, nos gestos silenciosos e simples de
alguém em quem nem reparamos. Temos de aprender a ir ao fundo das coisas e a
olhar para o mundo, para as situações, para a história e, sobretudo, para os
homens e mulheres que caminham ao nosso lado, com o olhar de Deus. É
precisamente isso que Jesus faz.
• Uma das críticas que Jesus faz aos
doutores da Lei é que eles se servem da religião, da sua posição de intérpretes
oficiais e autorizados da Lei, para obter honras e privilégios. Trata-se de uma
tentação sempre presente, ontem como hoje… Em nenhum caso a nossa fé, o nosso
lugar na comunidade, a consideração que as pessoas possam ter por nós ou pelas
funções que desempenhamos podem ser utilizadas, de forma abusiva, para “levar a
água ao nosso moinho” e para conseguir privilégios particulares ou honras que
não nos são devidas. Utilizar a religião para fins egoístas é um comércio
ilícito e abominável, e constitui um enorme contra-testemunho para os irmãos
que nos rodeiam.
ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 32º DOMINGO DO TEMPO COMUM
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)
1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 32º Domingo do Tempo Comum, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 32º Domingo do Tempo Comum, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.
2. BILHETE DE EVANGELHO.
Naquele dia, no templo, havia muitos ricos e uma pobre viúva. Só Jesus repara nesta mulher cuja pobreza é dupla, financeira e afectiva. Os ricos fazem barulho com as suas mãos que depositam no tronco grandes somas. A mulher é mais discreta, só Jesus consegue ouvir cair as duas pequenas peças. Uma vez mais, Jesus não se contenta em ver as aparências, procura ver o coração. Ele vê que aquilo que distingue a pobre viúva dos ricos é o seu coração que motiva a primeira a tomar sobre a sua indigência, os segundos sobre o seu supérfluo. Parece que a mulher não contou, não negociou com Deus, ela deu tudo, tudo o que tinha para viver. Os ricos dão com boa consciência, a mulher dá com bom coração. É por isso, diz Jesus, que ela deu mais do que toda a gente, não em quantidade, mas em generosidade.
Naquele dia, no templo, havia muitos ricos e uma pobre viúva. Só Jesus repara nesta mulher cuja pobreza é dupla, financeira e afectiva. Os ricos fazem barulho com as suas mãos que depositam no tronco grandes somas. A mulher é mais discreta, só Jesus consegue ouvir cair as duas pequenas peças. Uma vez mais, Jesus não se contenta em ver as aparências, procura ver o coração. Ele vê que aquilo que distingue a pobre viúva dos ricos é o seu coração que motiva a primeira a tomar sobre a sua indigência, os segundos sobre o seu supérfluo. Parece que a mulher não contou, não negociou com Deus, ela deu tudo, tudo o que tinha para viver. Os ricos dão com boa consciência, a mulher dá com bom coração. É por isso, diz Jesus, que ela deu mais do que toda a gente, não em quantidade, mas em generosidade.
3. À ESCUTA DA PALAVRA.
Jesus discreto no templo… Vê os ricos, mas a sua atenção vira-se para a pobre viúva. Olhar curioso, inquiridor? Não! Como seu Pai, Jesus ultrapassa as aparências, vê o coração. A viúva deu toda a sua vida, tudo o que tinha. Não se questiona sobre como vai viver a seguir. Dá um salto no abandono total de si mesma ao Senhor. Ela é verdadeiramente filha de Abraão, o Pai da fé. Espera contra toda a esperança. Lança-se nos braços de Deus. Ao olhar esta pobre viúva, Jesus devia pensar certamente em si mesmo… Também nós somos reenviados a nós mesmos. Não se trata daquilo que damos no peditório, em cada domingo! Trata-se da nossa fé, da confiança que damos ao nosso Pai dos céus. Todos nós conhecemos momentos em que tudo escurece, em que não temos mais apoios, em que a nossa vida parece tremer. É então que se pode verificar a solidez da nossa fé, da nossa confiança. “Senhor, eu creio, mas vem em auxílio da minha pouca fé! Pai, entrego-me nas tuas mãos!”
Jesus discreto no templo… Vê os ricos, mas a sua atenção vira-se para a pobre viúva. Olhar curioso, inquiridor? Não! Como seu Pai, Jesus ultrapassa as aparências, vê o coração. A viúva deu toda a sua vida, tudo o que tinha. Não se questiona sobre como vai viver a seguir. Dá um salto no abandono total de si mesma ao Senhor. Ela é verdadeiramente filha de Abraão, o Pai da fé. Espera contra toda a esperança. Lança-se nos braços de Deus. Ao olhar esta pobre viúva, Jesus devia pensar certamente em si mesmo… Também nós somos reenviados a nós mesmos. Não se trata daquilo que damos no peditório, em cada domingo! Trata-se da nossa fé, da confiança que damos ao nosso Pai dos céus. Todos nós conhecemos momentos em que tudo escurece, em que não temos mais apoios, em que a nossa vida parece tremer. É então que se pode verificar a solidez da nossa fé, da nossa confiança. “Senhor, eu creio, mas vem em auxílio da minha pouca fé! Pai, entrego-me nas tuas mãos!”
4. PARA A SEMANA QUE SE SEGUE…
A oração silenciosa… Para nos colocarmos sob o olhar de Jesus, tomemos nesta semana tempo para a oração silenciosa. Esta não deve ser “vazia”. É um tempo em que nos pomos na presença do Senhor e em que, depois de algumas palavras de louvor, o silêncio nos ajuda a sentir o olhar amoroso de Cristo.
A oração silenciosa… Para nos colocarmos sob o olhar de Jesus, tomemos nesta semana tempo para a oração silenciosa. Esta não deve ser “vazia”. É um tempo em que nos pomos na presença do Senhor e em que, depois de algumas palavras de louvor, o silêncio nos ajuda a sentir o olhar amoroso de Cristo.
UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA
ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909
portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.org
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