25- Quarta - Evangelho
- Lc 21,12-19
Todos
vos odiarão por causa de mim. Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da
vossa cabeça.
Neste
Evangelho, Jesus nos previne sobre as perseguições que seus discípulos
sofrerão, até dentro de casa e pelos parentes mais próximos. A orquestração do
ódio crescerá tanto que todos e todas em nossa volta posicionar-se-ão contra
nós. Mesmo assim, garante Jesus, não nos atingirão, porque Deus está do nosso
lado.
Nessas
horas, devemos evitar duas coisas: 1ª) Praticar a violência, a vingança, ou
qualquer outro desvio do Evangelho. Pelo contrário, serão ocasiões de
testemunharmos a nossa fé. “Sede cordeiros no meio de lobos”. “É permanecendo
firmes que ireis ganhar a vida!” 2ª) Esta é a mais comum: desistir ou diminuir
o fervor e a dedicação, fazendo uma espécie de negociação com os perseguidores.
As duas posições são sinais de falta de fé, ou de fé fraca.
“Se
o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só. Mas, se morre, produz
muito fruto” (Jo 12,24). “Quem não pega a sua cruz e não me segue, não é digno
de mim. Quem busca salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder sua vida por
causa de mim a encontrará” (Mt 10,38-39).
Se
pegamos um ferro quente e o mergulhamos na água fria, acontece o choque
térmico, espirrando água para todo lado. Assim é o cristão, vivendo no meio do
mundo pecador. Ele não provoca; é a própria vida dele ou dela que gera o
choque, resultando na perseguição.
Podemos
ampliar o sentido da palavra perseguição e incluir todas as dificuldades,
confrontos de idéias e dificuldades que encontramos: atritos, oposições veladas
e silenciosas, antipatias...
“Os
Apóstolos saíram do tribunal muito contentes por terem sido considerados dignos
de injúrias por causa do nome de Jesus” (At 5,41). A perseguição e o desprezo
nos identificam com Cristo e assim nós nos tornamos colaboradores no seu
sacrifício pela redenção. Isso nos causa alegria, evidentemente.
“Naqueles
dias, começou uma grande perseguição contra a Igreja que estava em Jerusalém.
Todos, com exceção dos apóstolos, se dispersaram pelas regiões da Judéia e da
Samaria. Entretanto, aqueles que se tinham dispersado iam por toda a parte
levando a palavra da Boa Nova” (At 8,1.4). Está aí um exemplo do que Jesus
falou no Evangelho de hoje: “Esta será a ocasião em que testemunhareis a vossa
fé”.
“Todos
os que querem levar uma vida fervorosa em Cristo serão perseguidos” (2Tm 3,12).
87“Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino
dos Céus. Felizes sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo,
disserem todo mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultar, porque é
grande a vossa recompensa nos céus” (Mt 5,10-11).
O
mundo pecador segue, não a Deus, mas a outro chefe. E faz parte do ser humano
se opor a quem vive ao lado e tem outra cabeça, outros princípios, outros
valores, outra vida. O primeiro esforço é de cooptação; se não consegue, surge
a perseguição aos cristãos.
Entretanto,
numa sociedade de maioria católica como a nossa, geralmente não atacam
abertamente a Igreja Católica. A tática é atacar cada cristão ou cristã
individualmente, e de forma disfarçada: ridicularizações, apelidos...
Jesus
pede: “Não planejeis antecipadamente a própria defesa; porque eu vos darei
palavras tão acertadas que nenhum inimigo vos poderá resistir ou rebater.” Como
é bom sentir esse apoio numa hora de aperto! “Vós não perdereis um só fio de
cabelo da vossa cabeça”. Isto é: nada vos sucederá sem que o Pai, em cujas mãos
estais, o disponha para o vosso bem.
“É
permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” Está aí o objetivo de todo o
discurso de Jesus: levar-nos à firmeza.
Muitos
querem um cristianismo “soft”, sem cruz, e que apresenta o céu com portas
largas. Até religiões são fundadas nessa linha. Mas a religião de Jesus, aquela
que tem as chaves do céu, é um caminho estreito.
Havia,
certa vez, um pequeno povoado de pescadores, na beira da praia. De repente ele
começou a diminuir a passos largos. Todo final de tarde, um monstro aparecia no
mar e fazia vítimas! O povo vivia em pânico! Ia diminuindo de dia para dia.
Aquele mostro oprimia e destruía o povoado, paralisando de medo as pessoas.
Um
dia, chegou um sábio àquele povoado e logo ficou sabendo das histórias do
mostro que aparecia na praia e atacava a aldeia. O povo pediu ajuda ao sábio.
Este convocou todo o povo da aldeia para se juntar na beira da praia, no final
da tarde, pela hora em que o monstro costumava aparecer. Naquele final de
tarde, todo o povo se juntou na beira da praia, à volta do sábio. Ele falou:
“Eu
sou meio cego... já não enxergo as coisas direito. Por isso, quero que vocês
falem, que vocês vão dizendo como é o monstro, quando ele aparecer!”
Todo
o povo ficou em silêncio, na expectativa! De repente, alguém gritou: “É ele!
Está aparecendo!” Imediatamente o povo se atropelou, correndo, fugindo,
gritando de medo... Mas o sábio logo gritou interrompendo a correria: “Não!
Ninguém foge! Continuem todos aqui! Continuem olhando o mostro e falando o que
vai acontecendo com ele!” E o povo, morrendo de medo, segurou a vontade de
fugir e continuou relatando a evolução do monstro. “Aí vem ele! Está
aumentando! Vem caminhando na direção da praia! Está ficando cada vez maior!”
Alguns
não agüentavam o medo e saíam correndo. Mas o sábio logo interrompia a
correria, pedindo que continuassem olhando o monstro e relatando o que estava
acontecendo.
“Está...
está diminuindo... está desaparecendo... desapareceu...”
O
monstro são os inimigos de Cristo e dos cristãos. Se não nos unirmos, e
tivermos medo, ele ficará cada vez maior e nos devorará. Mas se nos unirmos e
formos corajosos na fé, ele desaparecerá. Às vezes, pequenos obstáculos da vida
podem nos parecer monstros grandes e terríveis. Nessas horas, se tivermos medo
e não nos unirmos, eles nos devorarão na certa.
Maria
Santíssima não ficou livre das perseguições. Imagine o que ela sofreu ao pé da
cruz, e em todas as suas dores. Que ela nos ajude.
Todos
vos odiarão por causa de mim. Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da
vossa cabeça.
Padre
Queiroz
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