22--Domingo - Evangelho
- Jo 18,33b-37
Tu
o dizes: eu sou rei.
Hoje
celebramos com alegria a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do
Universo. No Evangelho, Jesus se declara nosso Rei: “Tu o dizes: eu sou rei”.
Paradoxalmente, a declaração foi feita em seu momento de maior fraqueza.
Por
que Pilatos perguntou a Jesus se ele era rei? Porque este foi o motivo
principal que foi colocada pelos judeus no seu processo de condenação, entregue
à autoridade romana. Mas o motivo foi estratégico. Jesus estaria negando a
autoridade de Tibério César, o imperador romano de todas as colônias. Se Pilatos
não confirmasse a condenação de Jesus, estaria negando que César é o rei dos
judeus.
Mas
o governador despreza a afirmação de Jesus, por isso que pergunta diretamente a
ele. A resposta de Jesus foi clara: “Eu sou rei”. Ele é Rei não só dos judeus
mas do mundo inteiro. Entretanto, Jesus explica: “O meu reino não é deste
mundo. Se fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse
entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui”. Isto é, não é um reino como
os reinos que existem no mundo, em que os reis oprimem, são corruptos etc.
Apesar de Jesus ser rei, ele não vai usar o seu poder em benefício próprio.
Jesus
é um rei a serviço da verdade, da graça, da justiça e da paz. E é um rei forte.
Se não praticarmos essas virtudes, estaremos fritos.
Pilatos
não entendeu em que sentido Jesus é rei, isto é, não entendeu o Reino de Deus,
do qual ele é rei. Nós precisamos entender, senão as coisas podem se complicar
para o nosso lado. Dizer que Jesus é um rei apenas espiritual não é correto,
pois todas as realidades temporais estão submetidas a ele e serão julgadas por
ele. Ele é um rei universal não só em termos geográficos, mas em todos os
sentidos.
Jesus
é um rei, cujo reino é “eterno e universal, reino da verdade e da vida, reino
da santidade e da graça, reino da justiça, do amor e da paz” (Prefácio da festa
de Cristo Rei). A Lei evangélica não é imposta pela força, mas tem de haver a
soberania da verdade, da justiça, da graça, do amor e da paz. Se alguém não
buscar esses valores, verá depois com quantos paus se faz uma canoa.
É
isso que fala o Evangelho de S. Mateus, que narra o Juízo Final: “Então o Rei
dirá aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em
herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo!... (Mt
25,34). Isto mostra que Jesus é rei deste mundo e do outro, do céu e da terra.
Se não, ele não iria nos julgar por atos praticados aqui na terra, como dar de
comer a quem tem fome..., e determinar quem vai para o céu. Entretanto, Jesus
não usa o seu poder de Rei, enquanto estamos aqui na terra. Ele usará a partir
do Juízo Final. Aqui, ele quer que nos convertamos por nossa própria
iniciativa.
“Ele,
oferecendo-se na cruz, vítima pura e pacífica... submeteu ao seu poder toda
criatura” (Prefácio da festa de Cristo Rei). Jesus conquistou o seu reino na
cruz, através do seu sangue derramado por nós.
No
credo que rezamos na Missa, na versão Niceno-Constantinopolitana, diz assim:
Jesus “de novo há de vir em sua glória para julgar os vivos e os mortos; e o seu
reino não terá fim”.
E
no Pai Nosso nós rezamos: “Venha a nós o vosso reino”. Os discípulos e
discípulas de Jesus somos os atuais agentes do Reino de Deus, para
consolidá-lo, usando o mesmo método de Jesus. No nosso batismo, logo depois que
o padre nos batizou, ele ungiu a nossa testa com o óleo santo e disse: “Agora
fazes parte do povo de Deus. Que ele te consagre com o óleo santo para que,
inserido(a) em Cristo, sacerdote, profeta e rei, continues no seu povo até a
vida eterna”. Fomos incorporados em Cristo que é rei. Portanto, unidos com ele,
todos somos reis e rainhas do universo.
Certa
vez, um casal estava viajando em uma estrada rural. Ao entrar numa poça d’água,
o carro ficou atolado na lama. Depois de alguns minutos de tentativas
frustradas de retirar o carro, viram um jovem que vinha pela estrada,
conduzindo uma junta de bois. O rapaz parou e se ofereceu para ajudá-los. O
casal aceitou e minutos depois os bois retiraram o carro do buraco.
Ao
receber os cumprimentos de agradecimento, o rapaz disse: “Sabem, eu retiro
muitos carros desse atoleiro. Só hoje vocês já são o décimo carro que eu ajudo
a tirar da lama! O homem olhou para o moço e disse admirado: “E quando é que
você tem tempo de trabalhar no seu sítio? À noite?” “Não”, respondeu o rapaz. “À
noite eu ponho água no buraco”.
Há
pessoas que ajudam a construir o Reino de Deus. Há outras que afastam as
pessoas desse projeto. E há muitas que fazem as duas coisas: hora destroem,
hora constroem. O nosso dia está repleto de oportunidades para fazer o bem. Que
as aproveitemos. Mas não vamos, depois, adicionar água no buraco!
Todo
reino tem sua rainha. É a esposa do rei ou, se ele é solteiro, a sua mãe. Maria
Santíssima é a nossa Rainha. Peçamos a ela que interceda por nós junto do Rei,
a fim de que sejamos bons cidadãos do Reino de Deus.
Tu
o dizes: eu sou rei.
Padre
Queiroz
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