20- Sexta
- Evangelho - Lc 19,45-48
Fizestes
da casa de Deus um antro de ladrões.
Este
Evangelho narra Jesus expulsando os vendedores do Templo. E cita o Antigo
Testamento: “Está escrito: A minha casa é casa de oração (Is 56,7); mas vós
fizestes dela um antro de ladrões” (Jr 7,11). O episódio é fruto do grande zelo
que Jesus tem pela casa de Deus. “O zelo por tua casa me há de devorar” (Jo
2,17).
Essa
expulsão dos vendedores do Templo é um sinal profético de Jesus que, por um
lado, denuncia a corrupção do culto realizado no Templo, por outro anuncia o
fim da religião da antiga aliança. Isso desagradou os chefes do povo, que
tentaram eliminar Jesus. Esse fim da religião praticada no Templo foi bem
simbolizado na cena acontecida na hora da morte de Jesus: “O véu do templo
rasgou-se de alto a baixo no momento em que Jesus morre na Gólgota” (Mt 27,51).
O próprio Jesus será o novo templo da nova religião que brotará da nova aliança
no seu sangue.
Os
nossos templos, altares, ritos e oferendas têm valor cultual, mas não se bastam
a si sós. Para que o culto seja vivo, precisa ser autêntico, correspondendo à
vida da Assembléia celebrante. A vida e o culto devem ser ligados, senão ele se
torna uma provocação a Deus.
“Assim
fala o Senhor: Conheço a tua conduta. Não és frio nem quente. Oxalá fosses frio
ou quente! Mas porque és morno, nem frio nem quente, estou para vomitar-te de
minha boca” (Ap 3,15-16).
Por
outro lado, a vivência da fé, sem deixar de ser pessoal, tem de ser comunitária
e celebrativa. A dinâmica da vida cristã é circular: ver > julgar > agir
> celebrar > rever > ver...
Vamos
zelar pelo bom ambiente da nossa igreja ou capela, tornando-a realmente uma
casa de oração, de respeito a Deus e de fraternidade.
Assim,
com certeza, ela será um manancial da Água Viva da graça de Deus, onde todos os
que entram encontram a paz, o caminho, a verdade e a vida.
Mesmo
que venha perseguição sobre nós, como aconteceu com Jesus, compensa fazer isso,
porque “a minha casa será chamada casa de oração”.
Havia,
certa vez, uma aldeia de plantas no fundo de um rio. A correnteza era forte e
as plantas se agarravam às pedras com todas as raízes, para não serem
despedaçadas. Era sempre igual a vida das plantas daquela aldeia: segurar-se
nas pedras do fundo do rio, com medo de serem arrastadas pela correnteza. Todo
dia era sempre igual: a luta pela sobrevivência, sem nunca verem a luz do sol.
Um
dia, uma das plantas disse: “Eu não agüento mais! Não tem sentido viver desse
jeito. Eu vou soltar as raízes das pedras, quero ver a superfície da água.
As
outras plantas riram dela. “Você é louca! Se você soltar as raízes, a
correnteza vai despedaçar você contra as pedra das margens. Não invente. Não
queira ser diferente. Sempre vivemos assim, por que mudar?”
A
planta respondeu: “Não importa. Prefiro morrer despedaçada contra as pedras a
morrer aqui de tédio aqui, sempre presa a essas pedras”. E, respirando fundo,
soltou as raízes.
Logo
a correnteza tomou-a, jogou-a contra as pedras das margens, precipitou-a nas cachoeiras,
machucou-a. Mas a planta resistiu e, bebeu a luz do sol. Com o tempo, o rio
chegou a lugares tranqüilos e ela conseguiu parar numa margem. Acostumou-se
logo a viver bem mais livre, na superfície. Enquanto isso, as outras plantas
continuavam presas às pedra do fundo rio, na mesma luta e monotonia de sempre.
Jesus
veio propor uma mudança, um novo tipo de templo. Mas o povo do seu país
preferiu ficar agarrado às estruturas arcaicas, sem soltar as raízes. E o pior:
Mataram aquela Planta que quis modificar e que Deus mandou à terra para isso. É
sempre assim: quem não quer caminhar procura impedir que os outros caminhem.
Maria
Santíssima é chamada Templo de Deus, porque nela Deus Filho morou durante nove
meses. Peçamos a ela que nos ajude a obedecer ao seu Filho, respeitando a casa
de Deus.
Fizestes
da casa de Deus um antro de ladrões.
Padre
Queiroz
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