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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Todos verão a salvação de Deus-Claretianos

Domingo, 6 de Dezembro de 2015
Tema: segundo Domingo do advento
Baruc 5,1-9: Em ti Deus mostrará o seu esplendor
Salmo 125: Grande é o Senhor conosco e por isso estamos alegres
Filipenses 1,4-6.8-11: Que cheguem limpos e irrepreensíveis ao dia de Cristo
Lucas 3,1-6: Todos verão a salvação de Deus.
1No ano décimo quinto do reinado do imperador Tibério, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galileia, seu irmão Filipe tetrarca da Itureia e da província de Traconites, e Lisânias tetrarca da Abilina,2sendo sumos sacerdotes Anás e Caifás, veio a palavra do Senhor no deserto a João, filho de Zacarias.3Ele percorria toda a região do Jordão, pregando o batismo de arrependimento para remissão dos pecados,4como está escrito no livro das palavras do profeta Isaías (40,3ss.): Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.5Todo vale será aterrado, e todo monte e outeiro serão arrasados; tornar-se-á direito o que estiver torto, e os caminhos escabrosos serão aplainados.6Todo homem verá a salvação de Deus.
Comentário
Advento é tempo de esperança e de abertura para a mudança: mudança de hábito e de nome (Baruc), mudança de caminho (Isaías). Mudar, para que todos possam ver a salvação de Deus. Em um belo poema, Baruc canta com fé jubilosa a hora em que o Eterno vai cumprir as promessas messiânicas, vai criar a nova Jerusalém e vai oferecer sua salvação. Jerusalém é apresentada como a “Mãe” enlutada por seus filhos extraviados. Deus oferece a Sião, sua esposa, a salvação como manto régio, cinge-a com diadema de “glória” do Eterno. A Mãe desolada que viu seus filhos partirem, escravos e acorrentados, vai vê-los retornar livres e festejados como um rei quando vai tomar posse de seu trono. Vai receber um nome simbólico: “Paz de Justiça-Glória de Misericórdia”, isto é, Cidade-Paz pela salvação recebida de Deus. Cidade-glória pelo amor misericordioso que Deus lhe oferece.
Fazendo eco aos profetas do desterro, Baruc profere uma palavra consoladora a um povo que passa por dificuldades: “O Senhor se lembra de ti” (5,5). Já o segundo Isaías se havia perguntado: “Pode uma mãe esquecer o seu filho? Pois ainda que ela se esqueça dele, eu não me esquecerei” (Isaías 49,15). O Deus fiel não se esquece de Jerusalém, sua esposa, que é convidada agora a despojar-se do luto e vestir “as vestes perpétuas da glória de Deus” (5,1). É a salvação que Deus oferece para os que ama, dos que se lembram do seu amor.
Onde está nosso profetismo cristão? O profeta não é um adivinho, nem alguém que prediz os acontecimentos futuros. O profeta enfrenta o tempo todo o poderio pessoal e social, fala a partir do “clamor dos pobres” e pretende sempre que se faça justiça. Obviamente lhe preocupa o futuro do povo, a situação angustiante dos pobres. Os profetas surgem nos momentos de crise e de mudança para vislumbrar uma situação nova, plena de liberdade, de justiça, de solidariedade e de paz.
A missão do profeta cristão é questionar os “sistemas” contrários ao Espírito, defender toda pessoa excluída e todo povo ameaçado, alentar esperanças em situações catastróficas e promover a conversão e atitudes solidarias. Vive junto com o povo e o contato com Deus (é um místico) e daí obtém a força para sua missão. Por meio dos profetas, Deus guia seu povo “com sua justiça e sua misericórdia” (Bar 5,9).  O profeta “aplaina os caminhos” a seguir.
No evangelho, ao chegar a plenitude dos tempos, o próprio Deus anuncia a proximidade do Reino por meio de João e assegura com Isaías que “todos verão a salvação de Deus” (Lucas 3,6). Para o Deus que chega com o dom da salvação devemos preparar o caminho no hoje de nossa própria história.
João Batista, profeta precursor de Jesus, foi filho de um “mudo” (povo em silêncio) que renunciou ao “sacerdócio” (aos privilégios da herança) e de uma “estéril” (fruto do Espírito). Veio-lhe a palavra quando estava afastado do poder e no contato com o povo. A palavra sempre chega do deserto (onde somente há uma palavra) e se dirige aos instalados (entre os quais habitam os ídolos) para desmascará-los. A palavra profética custou a vida a João. Seu desejo profético é profundo e universal: “todos verão a salvação de Deus”. A salvação vem na história (nossa história se faz história da salvação), com uma condição: a conversão (preparai o caminho do Senhor). Que devemos fazer para ser todos um pouco profetas?
Isaías, repetido por João Batista e corroborado por Baruc, nos convida a entrar no dinamismo da conversão, a estar a caminho, a promover a mudança. Mudar a partir de dentro, crescendo no fundamental, no amor para “escolher o melhor” (Filipenses 1,10). Com a presença e sensibilidade do amor escutaremos as exigências do Senhor que chega e sairemos ao seu encontro “cheios dos frutos de justiça” (1,11).
Esta renovação a partir de dentro tem sua manifestação externa porque os montes “são abaixados”, os vales preenchidos, o torto endireitado e o escabroso nivelado (Bar 5,7). As esperanças são purificadas, as desigualdades suprimidas e transformada a humanidade, reconciliada e igualada, integrada em família de fé: “os filhos reunidos do Oriente e do Ocidente” (Bar 5,5). Converter-se então é dilatar o coração e dilatar a esperança para torná-la do tamanho do mundo, com a medida de Deus. Uma humanidade mais igualitária e respeitosa da dignidade de todos é o melhor caminho para que Deus chegue trazendo sua salvação. A cada um corresponde examinar as renúncias impostas ao endireitar o torto ou ao abaixar os montes ou encher os vales. Nossos caminhos devem ser retificados para que Deus chegue.
Advento é o tempo litúrgico dedicado à esperança. E esperar é ser capaz de mudar, e ser capaz de sonhar com a utopia e de provoca-la mesmo naquelas situações nas quais tudo possa parecer impossível.
Deixemo-nos impregnar pela graça deste acontecimento que se aproxima, deixemos que estas celebrações da Eucaristia e da liturgia destes dias nos ajudem a aprofundar o mistério que estamos por celebrar.

Unidos na esperança, caminhamos juntos ao encontro com Deus. Porém, ao mesmo tempo ele caminha conosco assinalando o caminho porque “Deus guiará a Israel entre festas, à luz de sua glória, com sua justiça e sua misericórdia” (Bar 5,9).
Oração
Ó Deus, Pai e Mãe, que suscitaste João Batista, precursor de Jesus, anunciando-o e clamando pela conversão, faze que também nós sejamos sempre “precursores” da Boa Notícia de Jesus, anunciadores dos caminhos pelos quais queres vir a nós, por ele, que vive e reina contigo pelos séculos dos séculos. Amém. 


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