28/11/2015
Tempo Comum - Anos Ímpares - XXXIV Semana – Sábado
Lectio
Primeira leitura: Daniel 7, 15-27
Eu, Daniel, senti-me esmagado perante
semelhantes visões, com o espírito perturbado. 16Aproximei-me de um dos
assistentes e interroguei-o sobre a realidade de tudo aquilo. Respondeu-me e
deu-me a explicação: 17«Estes portentosos animais, que são em número de quatro,
são quatro reis que se levantarão da terra. 18Os santos do Altíssimo são os que
hão-de receber a realeza e guardá-la por toda a eternidade.» 19Quis, então,
conhecer exactamente o que se referia ao quarto animal, diferente dos outros, excessivamente
aterrador, cujos dentes eram de ferro e as garras de bronze, que devorava,
depois desfazia em pedaços e o que restava calcava-o aos pés. 20Desejei ser
esclarecido acerca dos dez chifres que tinha na cabeça, bem como daquele outro
chifre que tinha despontado e diante do qual três chifres tinham caído. É que
esse chifre tinha olhos e uma boca que proferia palavras arrogantes e parecia
maior que os seus companheiros. 21Tinha visto este chifre fazer guerra aos
santos e levar vantagem sobre eles. 22Mas o Ancião, quando veio, fez justiça
aos santos do Altíssimo. A hora deles era aquela e obtiveram a posse do reino.
23Respondeu-me assim: «O quarto animal será um quarto reino terrestre, que será
diferente de todos os reinos, devorará o mundo, o calcará e o reduzirá a pó.
24Os dez chifres designam dez reis, que surgirão neste reino, mas após estes
surgirá um outro, diferente dos anteriores, o qual vencerá três reis.
25Proferirá insultos contra o Altíssimo, perseguirá os santos do Altíssimo.
Pensará em mudar os tempos sagrados e a religião. Os santos viverão sob a sua
alçada, apenas durante um determinado espaço de tempo. 26Mas o julgamento
continuará e tirar-lhe-ão o domínio, para o suprimir e aniquilar
definitivamente. 27A realeza, o império e a grandeza de todos os reinos,
situados sob os céus, serão então devolvidos ao povo dos santos do Altíssimo. O
seu reino é eterno e todas as soberanias lhe prestarão preito de obediência.»
A visão escatológica de Daniel prossegue. Mas,
desta vez, não consegue compreender sozinho o seu sonho, e pede explicação a
uma das figuras do tribunal celeste. Os quatro animais são quatro reinos
poderosos, que, todavia, serão suplantados pelo reino dos «santos do Altíssimo»
(v. 27). O quarto animal aterroriza Daniel que, mais uma vez, pede explicações
ao anjo: haverá dez reis, e finalmente um rei – o pequeno chifre – mais feroz e
blasfemo que os outros, que substituirá o culto de Deus pelo dos ídolos. Este
rei terá mãos livre durante um certo tempo. Depois, será julgado e reduzido a
nada. O reino eterno será, finalmente, entregue aos santos do Altíssimo, as
potências angélicas que representam o domínio de Deus. Podemos entrever uma
alusão à revolta dos Macabeus contra Antíoco IV ou aos rebeldes que lutam por
salvaguardar a pureza da fé e o conforto da previsão da vitória final.
Evangelho: Lucas 21, 34-36
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos
34«Tende cuidado convosco: que os vossos corações não se tornem pesados com a
devassidão, a embriaguez e as preocupações da vida, e que esse dia não caia
sobre vós subitamente, 35como um laço; pois atingirá todos os que habitam a
terra inteira. 36Velai, pois, orando continuamente, a fim de terdes força para
escapar a tudo o que vai acontecer e aparecerdes firmes diante do Filho do
Homem.»
Ao terminar o “Discurso escatológico”, Jesus
alerta-nos para o perigo do relaxamento espiritual. Mas também nos convida à
coragem e à força do testemunho. Mas o que mais interessa ao Senhor é preparar
os discípulos para a luta espiritual que há caracterizar a sua experiência
histórica. Se são perigosos os ataques exteriores, não o são menos as fraquezas
interiores. Para ser fiel ao Evangelho, é preciso estar atento a si mesmo e
resistir aos outros. Por isso, o convite: «Velai, orando continuamente» (v.
36). Estas palavras apontam as atitudes de quem quer ser discípulo de Jesus. São
atitudes indispensáveis a cada um dos crentes, mas também às comunidades. Na
certeza de que todos havemos de comparecer diante do Filho do homem (cf. v.
36), Jesus indica-nos a necessidade de fazer algumas opções. Em primeiro, a da
vigilância, isto é, a do exame crítico do tempo em que vivemos, a presença
crítica na sociedade em que vivemos e actuamos, mas também o discernimento
crítico das propostas de salvação que vamos recebendo de um lado e de outro. Em
segundo lugar, a renúncia: para nos prepararmos para o encontro com o Senhor,
para estar interiormente e exteriormente puros, para não nos deixarmos seduzir
pelo mundo nem pelo Maligno.
Meditatio
«Velai, orando continuamente, a fim de
aparecerdes firmes diante do Filho do Homem.» (v. 36). No último dia do ano
litúrgico, o Senhor recomenda-nos esperança e vigilância. Paulo repetia essa
recomendação aos Coríntios: «Estai vigilantes, permanecei firmes na fé, sede
corajosos e fortes.» (1 Cor 16, 13). A Igreja continua a repeti-la: «Vigiai e
orai em todo o tempo, para vos apresentardes sem temor diante do Filho do
homem» (versículo do Aleluia).
Podemos ter esperança porque, como lemos no livro de Daniel, «A realeza, o império e a grandeza de todos os reinos, situados sob os céus, serão então devolvidos ao povo dos santos do Altíssimo» (v. 27). Será então que o Filho do homem, de quem ontem ouvimos falar, corresponde ao povo? É um ponto obscuro. A expressão aqui tem sentido colectivo e sempre messiânico, mas o sentido pessoal não é excluído, porque o Filho do homem é, ao mesmo tempo, o chefe, o representante e o modelo do povo dos santos. Jesus falou de Si mesmo, muitas vezes, como Filho do homem. Os santos, diz Daniel, serão por um certo tempo entregues nas mãos dos inimigos; depois, Deus retirar-lhes-á o poder, e os santos receberão do reino. É a nossa esperança: «Tende confiança: Eu já venci o mundo!» (Jo 16, 13). Jesus venceu, e nós participamos da sua vitória, se permanecermos unidos a Ele, orando e vigiando.
«Segundo o seu desígnio de amor, concebido antes da criação do mundo (cf. Ef 1,3-14), o Pai enviou-nos o seu Filho: "Ele O entregou por todos nós" (Rm 8,32). Pela ressurreição, constituiu-O Senhor, Coração da humanidade e do mundo, esperança de salvação para quantos ouvem a sua voz.» (Cst 19).
Podemos ter esperança porque, como lemos no livro de Daniel, «A realeza, o império e a grandeza de todos os reinos, situados sob os céus, serão então devolvidos ao povo dos santos do Altíssimo» (v. 27). Será então que o Filho do homem, de quem ontem ouvimos falar, corresponde ao povo? É um ponto obscuro. A expressão aqui tem sentido colectivo e sempre messiânico, mas o sentido pessoal não é excluído, porque o Filho do homem é, ao mesmo tempo, o chefe, o representante e o modelo do povo dos santos. Jesus falou de Si mesmo, muitas vezes, como Filho do homem. Os santos, diz Daniel, serão por um certo tempo entregues nas mãos dos inimigos; depois, Deus retirar-lhes-á o poder, e os santos receberão do reino. É a nossa esperança: «Tende confiança: Eu já venci o mundo!» (Jo 16, 13). Jesus venceu, e nós participamos da sua vitória, se permanecermos unidos a Ele, orando e vigiando.
«Segundo o seu desígnio de amor, concebido antes da criação do mundo (cf. Ef 1,3-14), o Pai enviou-nos o seu Filho: "Ele O entregou por todos nós" (Rm 8,32). Pela ressurreição, constituiu-O Senhor, Coração da humanidade e do mundo, esperança de salvação para quantos ouvem a sua voz.» (Cst 19).
Oratio
Senhor, neste último dia do ano litúrgico,
quero colocar-me diante de Ti, em atitude de confiança e de paz. Com grande
alegria, quero bendizer-Te pelo teu amor sempre presente, pelo teu magnífico
projecto de salvação. Louvado e exaltado sejas para sempre por todos os homens,
pela tua Igreja, pelos teus servos, pelos justos que, tendo passado pela grande
tribulação, já estão Contigo para sempre. Louvado sejas por todos os santos e
humildes de coração. Amen.
Contemplatio
Nosso Senhor dará a cada um segundo as suas
obras. Foi o que Ele mesmo nos disse. A sua justiça será rigorosa e sem acepção
de pessoas. O exame versará primeiro sobre a fé, quem tiver acreditado será
salvo; depois sobre a caridade e as obras de misericórdia. Acautele-se quem não
tiver praticado a caridade segundo o seu poder. O exame incidirá também sobre
os deveres pessoais, sobre os deveres de estado. A quem tiver recebido muito,
muito será pedido. Os que tiverem exercido uma autoridade hão-de responder por
si e pelos outros. Quantas ilusões hão-de cair nesse dia! O exame será tão
rigoroso! O olhar de Deus é tão penetrante! Nós ocultamos as nossas faltas a
nós mesmos. Não queremos ver. Não nos queremos humilhar diante dos
representantes de Deus. Tenhamos uma vez a coragem de irmos até ao fundo da
nossa consciência. Não façamos como os maus contabilistas, que esperam o dia da
falência para olharem claramente para os seus negócios. Quando a hora chegar,
pode ser próxima e sempre imprevista, escutaremos esta interpelação: «Presta
contas da tua administração». Estamos prontos? Conhecemos as contas que temos
de dar? Não desviámos sempre os nossos olhos para não vermos? Apressemo-nos a
reflectir sobre isto. O juízo será definitivo. Os justos escutarão esta
sentença triunfal: «Vinde, benditos de meu Pai, possuir o reino que vos foi
preparado desde o princípio do mundo». E os pecadores receberão este juízo
aterrador: «Retirai-vos de mim malditos, ide para o fogo eterno que foi
preparado para Satanás e para os seus anjos». E uns irão para o suplício que não
acaba e os outros para a vida eterna». Foi por bondade e para nos premunir que
Nosso Senhor quis dar-nos toda esta descrição. Ficou gravada no espírito dos
apóstolos e foi transmitida a toda a Igreja guardando sempre a mesma vivacidade
de expressão. A liturgia colocou-a na sua primeira e na sua última página, nos
evangelhos do primeiro e do último domingo do ano. A arte cristã esculpiu-a no
pórtico das nossas igrejas, para que entremos sob a impressão desta pregação. O
Credo no-lo recorda todos os dias. A conclusão é dada por S. Lucas: «Vigiai,
portanto, em todo o tempo». Vigiai todos os dias, pensai sempre no juízo. (Leão
Dehon, OSP 4, p. 306s.)
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Velai e orai continuamente» (Lc 21, 36).
«Velai e orai continuamente» (Lc 21, 36).
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