27- Sexta - Evangelho - Lc 21,29-33
Esta parábola da figueira encerra o “discurso escatológico” que encontramos nos três Evangelhos sinóticos, seguindo-se as advertências sobre a necessidade de vigiar e orar. Depois da descrição da violência característica dos poderes deste mundo, é confirmada a presença do Reino de Deus entre nós, como escatologia já realizada.
O escatológico-apocalíptico, que é a expectativa de um fim glorioso
para Israel, tem sua origem na tradição do Dia de Javé, o dia da vingança sobre
os seus inimigos e de glória e poder para o povo eleito. Os discípulos
originários do judaísmo, com sua visão messiânico-escatológica ainda não
compreendiam as palavras de Jesus. Jesus os adverte: Vós, do mesmo modo… ficai
sabendo…É fundamental que fiquemos atentos para não sermos surpreendidos.
Os cristãos são admoestados a se manterem em contínuo estado de
vigilância em relação à história, uma vez que ela está sendo fermentada pelas
realidades escatológicas. Urge, pois, perceber como nela se manifestam os
sinais do fim.
A mensagem de Jesus nada tem a ver com os apocalipses da época,
reservados a um grupo restrito de iniciados. Jesus ensina publicamente, sem a
preocupação de selecionar seus ouvintes. Embora só os discípulos o compreendam,
sua doutrina deve ser anunciada a todos os povos. Basta abrir-se para Ele, para
entender o conteúdo de seus ensinamentos.
A tensão que se estabelece é a tensão da esperança. A esperança é
o desejo ardente de realizar, hoje, a vontade de Deus. O Reino de Deus já está
acontecendo. É a sedução do bem, da vida, da comunhão com Deus, da
solidariedade, da fraternidade, da partilha, da alegria. E as palavras de Jesus
são anunciadas como convite à participar do banquete da Vida.
A figueira e as demais árvores foram empregadas para ilustrar a
parábola da escatologia. Vendo-as frutificar, é possível afirmar, sem perigo de
engano, que o verão se aproxima. Igualmente, pode-se declarar que algo de novo
estará acontecendo na história, quando a morte ceder lugar à vida, a escravidão
abrir espaço para a liberdade, a injustiça for sobrepujada pela justiça, o ódio
e a inimizade forem vencidos pelo amor e pela reconciliação.
Este germinar de esperança é um sinal evidente da presença do
Filho do Homem, fazendo a escatologia acontecer. Chegará um tempo de plenitude.
Este, porém, está sendo preparado pela aproximação paulatina daquilo que todos
esperamos.
Pai, reforça a sinceridade de minha fé nas palavras de teu Filho
Jesus, pois nele o teu Reino se faz presente na nossa história, realizando,
assim, tua promessa de salvação.
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