Queriam prendê-lo, mas ainda não tinha chegado a sua hora.
Este Evangelho mostra que Deus é o Senhor do mundo e dos acontecimentos.
Nada foge ao seu poder e controle. Também com Jesus foi assim: “Queriam
prendê-lo, mas ninguém pôs a mão nele, porque ainda não tinha chegado a sua
hora”.
Neste momento duro de forte perseguição, vemos dois sentimentos, quase
que opostos, em Jesus. O primeiro é que ele não queria morrer; pelo contrário,
queria continuar vivendo ainda muitos e muitos anos na terra, a fim de
trabalhar pelo Reino de Deus e fazer o bem. Esse sentimento aparece quando o
evangelista diz: Jesus “evitava andar pela Judéia, porque os judeus procuravam
matá-lo”. O evangelista fala ainda: “Também ele subiu para a festa, não
publicamente mas sim como que às escondidas”.
O segundo sentimento, muito maior que o primeiro, era o seu grande amor
ao Pai, concretizado no desejo de ser fiel à missão que recebera dele. Este
sentimento aparece nos comentários do evangelista: “Aproximava-se a festa das
Tendas... também ele subiu a Jerusalém”. Jesus era um homem religioso e via na
festa uma ocasião para louvar a Deus Pai.
Aparece também quando o evangelista fala: “Em alta voz, Jesus ensinava
no Templo, dizendo...” Era cutucar a onça com vara curta. Mas ele não suportou
ouvir os comentários errados das pessoas que diziam: “Este, nós sabemos donde
é. O Cristo, quando vier, ninguém saberá donde é”. No Templo, em alta voz,
Jesus desmente, dizendo: “Vós sabeis de onde sou... No entanto, eu vim do Pai e
a ele vós não conheceis”.
Foi devido a essa afirmação que queriam matá-lo, e só não o fizeram
porque Deus Pai interveio, libertando-o. Jesus falava sem medo porque confiava
em Deus Pai e sabia que ele domina e controla todos os acontecimentos, de modo
que só permitiria a morte de Jesus quando chegasse a sua hora, isto é, quando
esse pecado contribuísse para a realização dos planos do Pai.
O profeta é corajoso. Ele anuncia abertamente a verdade e denuncia a
mentira, pois sabe que Deus o protege. Ele não provoca a perseguição sobre si,
pelo contrário, procura evitá-la, mas isso sem abrir mão do seu amor maior, que
é a Deus, e da sua missão recebida de Deus.
A oração de Jesus no Jardim das Oliveiras reflete os seus dois
sentimentos: a vontade de continuar vivendo, e a vontade muito maior de ser
fiel ao Pai: “Meu pai, se possível, que este cálice passe de mim. Contudo, não
seja feito como eu quero, mas como tu queres” (Mt 26,39).
É interessante observar que Deus Pai não fez a vontade de seu Filho,
envolvido nas limitações humanas, na hora em que ele pediu, mas a fez de modo
pleno e definitivo, três dias depois, pela ressurreição. O que Deus quer é
sempre melhor do que o que nós queremos. Por isso que rezamos no Pai Nosso:
“Seja feita a vossa vontade, assim na terra como nos céus”.
O importante é que Jesus, mesmo sem entender direito os acontecimentos,
foi fiel a Deus Pai. “Tornei o meu rosto duro como pedra. Ofereci minhas costas
aos que queriam me bater, e o meu rosto aos que me arrancavam a barba. Porque
sei que meu Pai me ajuda” (Is 50,4-7).
Certa vez, um homem telefonou, do serviço, para a sua esposa e disse:
“Querida, eu quero avisar a você que hoje eu vou levar um amigo para o jantar
aí em casa”. “Tudo bem” – disse ela. Isto era pelas quatro da tarde. A mulher
largou o programa que estava vendo na televisão e se pôs logo a preparar um
delicioso jantar.
Às dezoito e trinta, chegou o esposo sozinho. Na mesa estava um
verdadeiro banquete. Ela estranhou e perguntou logo: “Onde está o seu amigo?”
O esposo a abraçou e disse: “Querida, hoje me deu vontade de comer umas
coisas diferentes, por isso inventei esta mentira. Desculpe!”
No fundo ele não mentiu, porque o maior amigo dela era ele mesmo, que
merecia, pelo menos de vez em quando, depois de um dia estafante de trabalho,
comer algo diferente do que a comida esquentada de sempre.
Nós precisamos ser fiéis a Deus Pai, que quer que os esposos se amem
muito. Ele deve amar o seu marido acima de todos os amigos, e vice versa.
Quaresma é tempo de rever e renovar a nossa maneira de amar as pessoas mais
próximas de nós.
Campanha da fraternidade. A violência no campo é um sério problema
brasileiro, que tem causado muitas mortes, além de milhares de família expulsas
de suas terras pelo poder privado. Entre as causas dessa violência se destacam:
a morosidade nos processos de reforma agrária e de assentamento; os interesses
internacionais em relação à exportação da soja e ao biodiesel; a exploração
predatória das florestas para o crescimento do agronegócio; os grandes
latifúndios; a diminuição da agricultura familiar e de subsistência; a pouca
disponibilidade de empregos; o surgimento e o crescimento de organizações de
resistência; a ausência do Estado nas regiões mais interioranas.
O poder do latifúndio continua forte, agindo por conta própria, e sempre
punindo trabalhadores que se levantam na defesa de seus direitos. Sem justiça
no campo, a sociedade não vive em paz.
Maria Santíssima foi também uma mulher muito firme nas adversidades que
sofreu. Basta ver o seu comportamento nas sete dores. Que ela nos ensine como
seguir o seu Filho nas horas difíceis.
Queriam prendê-lo, mas ainda não tinha chegado a sua hora.
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