DIA 12 - SÁBADO - Evangelho- Jo 11,45-56
E também para reunir na unidade os
filhos de Deus dispersos.
Este Evangelho narra a decisão final dos
chefes, de matar Jesus. Eles fazem uma submissão da fé à política: “Se
deixarmos que ele continue assim... virão os romanos...” E o sumo sacerdote
Caifás lavra a sentença: “É melhor um só morrer pelo povo do que perecer a
nação inteira”.
O evangelista João interpreta: “Caifás
profetizou que Jesus ia morrer pela nação. E não só pela nação, mas também para
reunir os filhos de Deus dispersos”. De fato, a morte de Jesus reuniu, numa só
Igreja, os filhos de Deus dispersos pelo mundo inteiro. A santa Igreja reúne
cristão de todas as raças e culturas. Por isso a chamamos católica que
significa universal. E isto não é mais que um começo, ou uma figura da união em
Cristo de toda a humanidade, no final dos tempos.
Os cristãos são os primeiros chamados
por Deus a “reunir os filhos de Deus dispersos”. Entretanto, a manipulação de
fatos, a opressão, as ideologias e o pecado tentam impedir que a humanidade se
agrupe num só rebanho em torno de Cristo. Acontece uma luta, e a cada momento
surgem novos adversários para os cristãos. Entretanto, a ação perseverante e
não violenta, o espírito de reconciliação e a oração fazem com que o projeto de
Cristo avance no mundo. Este é um ideal que empolga os cristãos, especialmente
os jovens
Jesus congregará, com sua morte, os
filhos de Deus provenientes de todos os pontos cardeais, formando o novo Povo
de Deus. Esta é a eficácia da morte de Jesus na cruz, que foi decidida pelas
autoridades, no Evangelho de hoje.
No projeto de Jesus, a vida surge da
cruz. É a cruz da dor, da doença, das humilhações e perseguições... Mas atrás
da cruz brilha uma luz que ilumina o universo inteiro. “Os judeus pedem sinais,
os gregos buscam sabedoria. Nós, porém, proclamamos Cristo crucificado,
escândalo para os judeus e loucura para os pagãos” (1Cor 1,22-23).
Humanamente, a cruz é o contrário das
aspirações humanas. Mas, iluminada por Cristo, ela aparece como algo que
transborda, supera a morte e leva à ressurreição.
Havia, certa vez, num campo, uma lebre.
Ela era bonita e vivia feliz, saltitando no descampado. Um dia, ela viu um
caçador com uma arma de fogo. Sentiu medo, correu o quanto pôde e escondeu-se
atrás de uma moita de capim. O caçador procurou, procurou... não a viu mais e
foi-se embora.
Mas a lebre resolveu comer aquela moita
de capim. No dia seguinte, lá estava o caçador novamente. Como não havia mais
moita de capim, o caçador deu um tiro e ela morreu.
Deus nos dá oportunidades para nos
libertarmos do caçador que é satanás. A quaresma é como uma moita de capim,
pois vem cada ano nos proteger da rotina do pecado. Não vamos devorá-la,
vivendo-a como um tempo igual aos outros.
Vamos reconhecer os nossos pecados, pois
eles ajudaram a crucificar Jesus. Não nos interessam agora os pecados dos
fariseus e mestres da Lei, mas os nossos, os quais queremos extirpar de uma
vez, iniciando uma vida nova.
Campanha da fraternidade. O mistério da
cruz revela o significado mais profundo do amor: nada para si, tudo para os
outros. De fato, a cruz mostra o que foi a vida de Jesus: renúncia a tudo para
ser para todos. Esta renúncia só pode ser entendida a partir do esvaziamento da
condição divina do Verbo (cf. Fl 2,5-11), para assumir em tudo a condição
humana. Jesus nunca procurou para si algum tipo de favorecimento pessoal.
Quando nasceu, foi colocado em uma manjedoura por não haver lugar para ele na
hospedaria (cf. Lc 2,1-7). Jesus não realiza nenhum milagre em benefício
próprio, nem mesmo no momento de fome no deserto, por ocasião das tentações
(cf. Lc 4,2-4), nem quando lhe falta onde reclinar a cabeça (cf. Lc 9,58). No
alto da cruz, Jesus não tem praticamente nada que seja seu. Suas vestes,
tecidas por sua mãe. É por isso que Jesus diz com autoridade: “Quem quiser ser
meu discípulo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Lc 9,23). Sem a
renúncia, a pessoa não consegue viver o mistério da cruz. Para ser discípulo de
Jesus, é necessário ter os mesmos sentimentos dele (cf. Fl 2,5). Somente haverá
paz e segurança quando este valor pascal for descoberto e vivido por todos.
Maria colaborou de perto nessa reunião
dos filhos de Deus dispersos. Que ela nos ajude a colaborar também.
E também para reunir na unidade os
filhos de Deus dispersos.
Pe. Queiroz
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