DIA 09 - QUARTA
O Evangelho de hoje dentre tantas
coisas que nos traça está o caminho da santidade que passa pelo seguimento a
Cristo. Fazer-se seus discípulos, isto é, o caminho da santidade é na realidade
um caminho na verdade e na liberdade. De fato, Jesus diz: “Se permanecerdes
fiéis à minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos; conhecereis a
verdade e a verdade libertar-vos-á”.
Propor a santidade de vida mais não é
do que propor o caminho da verdade e da liberdade.
À luz da fé, a santidade é vida na
verdade total não limitada às realidades materiais ou apenas à vida terrena.
Com efeito, o santo tem em consideração tanto os bens materiais como os
espirituais; tem em consideração tanto a realidade terrena como a sobrenatural;
contempla a própria vida não apenas na perspectiva temporal, mas também eterna.
Por outras palavras, o santo vive na verdade considerando todos os aspectos da
própria existência.
O
aspecto mais importante é que aquele que deseja a santidade abre-se a Deus que
é o bem supremo e a fonte da verdade. Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade
e a vida” (Jo 14, 6). Depois da sua morte e ressurreição, prometeu que nos
enviaria o Espírito Santo como “o Espírito de verdade” (Jo 16, 13), que nos
“guiaria à verdade total” (Jo 16, 13). Rezou ao Pai pelos seus discípulos: “Consagra-os
na verdade. A tua palavra é verdade” (Jo 17, 17; ). Diante de Pilatos disse: “Foi
por isso que nasci e para isso vim ao mundo: para dar testemunho da
verdade” (Jo 18, 37). Seguindo radicalmente Cristo, caminhamos na verdade, na
verdade total, na verdade que não desilude (cf. Rm 9, 33).
A
santidade de vida e a abertura à graça ajudam-nos na realidade a compreender
mais profundamente as verdades de Deus. São Paulo justamente escreve: “O
homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus; para ele são
loucura, e não é capaz de as compreender” (1 Cor 2, 14). Ou ainda: “Todo aquele
que peca não viu Deus nem o conheceu” (1 Jo 3, 6). Não alcançamos a
contemplação plena do rosto do Senhor unicamente com as nossas forças, mas
deixando-nos guiar pela graça. Só a experiência do silencio e da oração oferece
o horizonte adequado no qual pode maturar e desenvolver-se o conhecimento mais
verdadeiro, aderente e coerente do mistério de Deus. Por este motivo com
frequência nos surpreende a compreensão perspicaz da verdade de Deus que os
santos demonstram, mesmo os que não fizeram muitos estudos.
Sim, o caminho da santidade é um
caminho na verdade, na verdade total.
No Evangelho, Jesus diz também que “a
verdade libertar-vos-á”. O Mestre Divino fala aqui da liberdade verdadeira,
espiritual. Na realidade, o caminho na verdade, isto é, o olhar sobre todos os
aspectos da nossa existência, ajuda-nos a encontrar uma justa escala de
valores. Ajuda-nos, por conseguinte, a não nos tornarmos ou a permanecermos
escravos dos bens materiais e das nossas concupiscências, dos vícios, do
pecado, mas estimula-nos e torna-nos capazes de desejar os valores mais
importantes, indestrutíveis, perenes.
Jesus,
no Evangelho de hoje responde aos Judeus de maneira clara: “Em verdade, em
verdade vos digo: aquele que cometer pecado é escravo do pecado”. Vem à
nossa mente tantos jovens que hoje são escravos da droga, do sexo, do prazer,
do dinheiro, do orgulho, da preguiça, da inveja, etc. Não são livres. Não são
livres de desejar os valores maiores. Contudo, quem de nós não experimentou e
não experimenta em maior ou menor medida a escravidão de vários vícios e
debilidades? Santo Agostinho que depois de uma vida tão libertina teve que se
esforçar bastante para encontrar esta liberdade espiritual, isto é, para partir
as correntes dos seus maus hábitos e da paixão carnal depois escreveu com
convicção: “Ouso dizer que na medida em que servimos a Deus somos livres,
enquanto que na medida em que servimos a lei do pecado somos escravos”.
Santo
Agostinho também tinha a consciência de que a liberdade espiritual não se
alcança plenamente com as próprias forças, mas unicamente através da graça, da
ajuda do Senhor. Contudo, Jesus afirma isto de maneira clara no Evangelho que
ouvimos: “Por conseguinte, se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres”.Portanto, seremos
verdadeiramente livres, se o Filho nos libertar!
O
caminho da santidade é um caminho para a liberdade, a liberdade verdadeira,
espiritual, que pode manifestar-se “até em condições de constrição exterior
como nos ensina o papa João Paulo II, na carta Encíclica Redemptor hominis, 12.
A condição da sua autenticidade é “a exigência de uma relação honesta em
relação à verdade [...] a toda a verdade acerca do homem e do mundo” Continua
sua santidade. Assim, voltam à nossa mente as palavras de Jesus no Evangelho de
hoje: “a verdade libertar-vos-á”.
Peçamos ao Senhor que nos ajude, a
saber, aceitar seriamente o convite à santidade nas nossas condições de vida
quotidiana, que mais não é que um convite a caminhar na verdade total e na
liberdade autêntica.
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