Segunda
Feira da 2ª Semana do Advento 09/12/2013
1ª
Leitura Isaias 35, 1-10
Salmo 84 (85) “Eis que vem o nosso Deus! Ele vem
para salvar”
Evangelho
Lucas 5, 17-26
(A
Força do Amor e da Fé nunca fica sem uma resposta diante de Deus)
Certa ocasião,
quando refletíamos esse evangelho em grupo, alguém perguntou se na casa onde
Jesus estava pregando, havia elevador ou coisa parecida, se olharmos o relato
em si mesmo, vamos acabar fazendo outras perguntas como, "Será que eles
não podiam pedir licença para passar no meio das pessoas e entrar na
casa?" e mais ainda... Seria normal que as pessoas que estavam aglomeradas
á entrada, quando vissem o esforço dos quatro homens, subindo na parede com o
paralítico deitado em uma cama, oferecessem ajuda, buscando uma alternativa
mais fácil...
O próprio Jesus, não
poderia ter dado um jeito de sair para atender o paralítico, sem precisar tanto
esforço de subir e ainda ter de abrir um buraco no telhado? Fazer perguntas
como essas, é muito importante para a nossa reflexão, pois vamos e convenhamos,
o modo que eles encontraram para colocar o paralítico á frente de Jesus, não
foi o mais fácil, aliás, correu-se até o risco de um grave acidente.
Hoje em dia a gente
sabe que nossos templos existentes, ou os que estão em construção, devem ter em
seu projeto, a construção de rampas, para facilitar o acesso de nossos irmãos
deficientes. Mas com certeza, não é este o tema do evangelista, ele está
querendo dizer alguma coisa as suas comunidades e aos cristãos do nosso tempo.
Dia desses, alguém
bastante estressado dizia-me que certas pessoas só atrapalham a vida da
comunidade, porque são muito radicais, geniosas, incomodam a todos, e o tempo
todo eles só arranjam encrencas e mais encrencas, concluindo, dão muito
trabalho, são sempre do contra, enfim, chatas e duras de engolir, e que sem
elas, a comunidade é uma maravilha, o conselho deveria tomar providência, ou
quem sabe, o padre impor a sua autoridade.
Pessoas com essas
características não caminham, e ainda dificultam a vida de quem quer caminhar:
pronto, já começamos a descobrir os paralíticos e paralíticas de nossas
comunidades, irmãos e irmãs que não se emendam de seus defeitos, nunca mudam o
seu jeito de ser, não se convertem e precisam portanto, ser acolhidas e
carregadas. Há irmãos na comunidade que a gente tem prazer de encontrar, é
sempre uma alegria imensa, mas há também esses, que nos perturbam, incomodam, e
a gente não fica a vontade, se estão conosco em uma reunião da pastoral ou do
movimento, a troca de "farpas" será inevitável...
Há no texto duas
coisas que chamam a nossa atenção, primeiro o esforço desse quarteto, subir
pela parede, desfazer o telhado e descer a cama com cordas. Jesus elogia-lhes a
fé, parece até que fez o milagre como retribuição a tanto esforço. Eles tinham
fé em Jesus Cristo, sabiam que se o levassem diante dele, seria curado, mas por
outro lado, embora o texto não cite isso, a gente percebe que o amavam muito,
tiveram com ele muita paciência, sei lá quantos quilômetros tiveram que andar,
carregando aquela cama que deveria ser pesada, e ainda, ao deparar com a
multidão aglomerada á frente da casa, poderiam ter desistido, já tinham feito a
sua parte. Mas a força do amor e da fé, fez com que não desistissem, e se
preciso fosse, seriam capazes de derrubar a casa.
Os quatro são uma
referência para as nossas comunidades, onde muitas vezes falta-nos o amor e a
fé, para carregar nossos paralíticos e superar os obstáculos, passando por cima
dos preconceitos. Nas comunidades há pessoas amorosas, pacienciosas, que
aceitam conviver com todos, amando-os como eles são, sem exigências,
preconceitos ou radicalismo, mas há também a turma de "nariz
empinado", como aqueles doutores da lei, que não crê em um Deus que é
misericórdia, e que perdoa pecados, seguem normas e preceitos, até trabalham na
comunidade, mas são extremamente exigentes com os "paralíticos",
acham-se perfeitos e não aceitam a convivência com os imperfeitos.
Jesus elimina o
problema pela raiz, "Filho, teus pecados te são perdoados...", a cura
física vem em segundo plano, e se a enfermidade impede que o paralítico se
aproxime de Jesus, a comunidade os carrega, possibilitando que ele também faça
a experiência do Deus que perdoa, ora, se houver na comunidade intolerância,
preconceitos, e ranços ocultos, como é que essas pessoas poderão experimentar o
amor, o perdão e a misericórdia? Os intolerantes têm sempre um olhar
extremamente crítico e severo, para com os paralíticos, e não aceitam que
outras pessoas tenham por eles amor e ternura, manifestada na paciência e
tolerância.
Por isso Jesus
ordena – levanta-te, toma o teu leito e vai para casa. Deus nunca faz as coisas
pela metade, na obra da salvação, Jesus não fez simplesmente uma reforma no ser
humano, mas o transforma em uma nova criatura, na graça santificante do
Batismo, fazendo com que deixe de se relacionar com Deus na religião normativa,
porque crê no Deus que é todo amor e misericórdia, que perdoa pecados e os liberta
com a sua santa palavra, em Jesus de Nazaré.
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