DIA 8 QUARTA -Mc 6,45-52
Viram Jesus andando sobre as águas.
Este Evangelho começa com as palavras:
“Depois de saciar os cinco mil homens...” É uma prova da divindade de Jesus,
mostrando o seu poder sobre a natureza. Em seguida o Evangelho apresenta outra
grande prova: Jesus domina a natureza, andando sobre as águas do mar.
“Ao anoitecer, o barco estava no meio do
mar e Jesus sozinho em terra. Ele viu os discípulos cansados de remar, porque o
vento era contrário.” O Mar representa o mundo em que vivemos. Nós precisamos
atravessar esse mar da vida e ir para a outra margem, isto é, para um mundo
mais justo, mais fraterno e mais obediente a Deus.
Muitos querem ficar na terra firme. Isso
é cômodo, mas não é bom porque assim o mundo novo não surge. É difícil
atravessar o mar da vida, porque ficamos cansados e o vento é contrário. Mas
compensa porque Deus caminha conosco, e ele domina todas as turbulências.
Cristo é o Senhor da natureza e da História. Se o seguimos, nada de mal nos
acontecerá..
“O coração deles estava endurecido.”
Deus caminha ao nosso mas, devido à nossa dureza de coração, nós não o
reconhecemos e até o confundimos com um fantasma. “Começaram a gritar”. Eram
gritos de súplica. Quanta gente se afunda, sem se lembrar de rezar! Deus caminha
sobre as águas, ao nosso lado, mas não entra no nosso barco se nós não
pedirmos.
Jesus deixou todos os recursos à nossa
disposição, a fim de nos lançarmos com coragem no mar da vida e atravessá-lo.
Temos a santa Igreja, os sacramentos especialmente a Eucaristia, temos a
Sagrada Escritura, o apoio da nossa Comunidade e muitos outros meios. Do outro
lado está o mundo novo que Deus quer construir, contando conosco. Não podemos
ficar na praia, “vendo a banda passar”, pois o fermento foi feito para ser misturado
na massa, o sal para ser misturado na comida, e a luz para ser colocada num
lugar alto, a fim de iluminar a todos.
Humanamente é arriscado, mas a nossa
segurança está em Deus que tudo pode. Na Bíblia, ter fé é sinônimo de ter
coragem; e medo é sinônimo de falta de fé.
Aqueles cristãos e cristãs que dedicam
umas horas da semana aos trabalhos da Comunidade, por exemplo, pastoral da
criança, vicentinos, legião de Maria, apostolado da oração, pastoral da
juventude, liturgia, canto..., estão se atirando no mar.
Também aqueles e aquelas que,
impulsionados pela fé, se envolvem na política. Isso porque “a política é a
ferramenta mais poderosa de transformação social” (Papa Paulo VI). Deus quer
uma sociedade transformada, e nada melhor do que usarmos os recursos políticos.
Este mar, da política, não é só revolto, mas muitas vezes sujo, tem mau cheiro,
piranhas e tudo mais. Mas compensa enfrentá-lo.
Existem muitas formas de atuar. O que
não podemos é ficar na praia “olhando navios”.
O que faz a diferença entre o cristão
medroso e o cristão que se atira no mar é o tamanho da fé que ele ou ela tem.
Quanto maior é a nossa fé, mais corajosos somos.
“Ao anoitecer... Jesus estava em terra e
viu os discípulos cansados de remar, porque o vento era contrário. Então, pelas
três da madrugada, Jesus foi até eles...” Dá impressão que Jesus demorou para
socorrê-los. Isso retrata direitinho a nossa caminhada cristã. Precisamos
perseverar, mesmo entre as maiores dificuldades, porque Deus, antes de nos
socorrer, costuma testar a nossa fé. A noite representa aqueles momentos
obscuros em nossa vida. É justamente aí que mostramos a nossa fé e
perseverança. O socorro veio “pelas três da madrugada”. É a hora em que o
horizonte começa a clarear.
“Jesus queria passar adiante.” E
realmente passaria, sem socorrê-los, se eles não pedissem. Deus não entra na
nossa vida, se não pedirmos. Deus está sempre ao nosso lado. Quantos se afogam
num copo d’água e não pedem ajuda! Muitos, devido à falta de fé, até o
confundem com um fantasma.
Após o milagre, “os discípulos ficaram
ainda mais espantados”. É o impacto feliz e alegre do encontro do homem com
Deus, do finito com o infinito, do contingente com o transcendente, do relativo
com o absoluto.
Certa vez, uma senhora estava entrando
na igreja e viu, na escada, uma menina sentadinha, com aparência de muito
pobre. A mulher aproximou-se dela e perguntou: “Você precisa de alguma coisa,
filha?” A garotinha respondeu, choramingando: “A minha mãe morreu, e eu
gostaria de ter uma mãe!”
A senhora disfarçou a sua emoção e
explicou que Deus nos deu uma mãe muito bonita e carinhosa, que é Nossa
Senhora. Em seguida convidou-a a entrarem juntas na igreja. Levou-a até a
imagem de Maria e as duas rezaram espontaneamente. Nesta hora, a criança deu um
sorriso encantador.
Este foi apenas o primeiro contato entre
as duas, porque na mesma tarde a senhora foi com ela até a sua casa.
A mãe abre para a criança o horizonte da
vida e lhe dá segurança. A mãe sabe unir a ternura com a firmeza, o carinho com
a correção. Sabe sorrir, mas sabe também ficar séria e ameaçar. Deus nos ama,
por isso nos deu o amor de uma mãe.
Nós queremos pedir à Santa Mãe de Deus e
nossa pelas crianças abandonadas, especialmente por aquelas que não têm mãe,
para que preencha o vazio que ficou em seus coraçõezinhos. Com o apoio de
Maria, todos nós temos coragem de atravessar o mar revolto da vida, cumprindo
assim o mandamento de Jesus. A travessia do mar da vida é como uma grande
pinguela, e Maria Santíssima é o corrimão. Segurando nela, com certeza não cairemos.
Viram Jesus andando sobre as águas.
Padre Queiroz
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