SEXTA FEIRA DA III SEMANA DO
ADVENTO 20/12/2013
1ª Leitura Isaias 7, 7-14
Salmo 23(24), 7b
“Levantai-vos, ó pórticos antigos, para que entre o Rei da Glória”
Evangelho Lucas 1, 26-38
Depois do nome, a
referência mais importante de uma pessoa é a sua filiação, filho de fulano e de
cicrana, ter uma mãe e um pai, uma origem, algo que está na essência da nossa
humanidade, sem essa referência, até da existência se pode duvidar. Quem é ele,
filho de quem, onde mora? O Filho de Deus, onipotente, onipresente, onisciente,
aceita trilhar o mesmo caminho do homem. A encarnação é obra de Deus, mas que
irá acontecer com a colaboração do homem.
O rei Davi era a
dinastia mais famosa de Israel, pois unificara o norte e o sul formando um dos
maiores impérios do oriente, o povo sonhava com aqueles tempos em que Israel
era uma nação respeitada e temida pelas demais, pois o rei Davi impunha
respeito, pelo poder do seu numeroso exército, mas acima de tudo por ter sido
ungido do Senhor, pois ser rei era uma missão divina. As profecias falavam que
o esperado messias era dessa família e que seria igual ou até melhor que Davi,
ele era para o povo o braço poderoso de Deus lutando a favor dos pobres,
alinhando-se com os homens justos e punindo os maus.
Os grandes
acontecimentos ou decisões importantes que representem mudança na vida do povo,
só poderiam ocorrer no meio dos poderosos, ao povo cabia ouvir, dizer amém e
aguentar as consequências. Entretanto a vinda do messias começa a ser
articulada entre Deus e uma mocinha pobre da periferia chamada Nazaré, até ela
própria fica assustada e surpresa quando percebe que está em suas mãos mudar os
rumos da história do seu povo. A mudança dos rumos de uma nação, só começa a
acontecer de fato, quando o povo descobre a sua força. Deus nunca seguiu as
estruturas humanas para realizar a salvação da humanidade, escolhe como
parceiro pessoas fracas, aparentemente incapazes de fazer qualquer mudança.
Por caminhos
tortuosos, incompreensíveis para os homens, Deus irá cumprir com a promessa, o
noivo de Maria chama-se José e pertence a família do grande rei Davi mas apesar
disso, José é um homem do povo, que vive de sua profissão de carpinteiro. E
Maria? Quais eram seus planos de vida?
Todos nós temos de
ter um projeto de vida, quem não tem, acaba não vivendo bem e nem sabe o
sentido da vida. Maria estava prometida em casamento a José, como seu povo ela
também esperava o messias, ela também alimentava no coração a esperança de dias
melhores.
E em um momento de
oração Maria se abre para ouvir a Deus e descobrir a sua vontade a seu
respeito. Somente uma fé madura e consciente consegue se abrir diante de Deus e
ao mesmo o questiona. Há certas coisas em nossa vida de difícil solução, e que
seria tão bom se Deus fizesse do nosso jeito. Não que Deus seja sempre do
contra, mas nunca vai ser do nosso jeito. Em Maria vemos o que é realmente a
fé, quando não fazemos questão que seja do nosso jeito, mas sim do jeito de
Deus, daí é que as coisas vão acontecer. Só que o jeito de Deus não é muito
fácil de aceitar porque ultrapassa a lógica humana.
Maria não é casada,
não tem marido, quando ela apresenta essa dificuldade o anjo anuncia que as
coisas irão acontecer do jeito de Deus e para que Maria possa confiar é lhe
dado um sinal, a prima Isabel, avançada em idade e ainda por cima estéril, irá
conceber uma criança. Os sinais de Deus nunca seguem a lógica humana, mas é
preciso confiar. E Maria aceita totalmente a missão, que não será das mais
fáceis, abre mão de todos os seus planos, inclusive o casamento com José, ela
aceita o risco de ser acusada de infidelidade, o que poderia fazer com que
fosse condenada á morte, caso o noivo a denunciasse.
Eis aqui a serva do
Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra - Para nós, hoje é muito fácil
aceitar e entender essa história. Mas pensemos um pouco em Maria, que não fazia
idéia do que vinha pela frente, mas sabia que Deus estava com ela.
Hoje o reino de Deus
vai acontecendo e sendo edificado em meio aos homens, na medida em que, como
Maria, nós aceitamos o desafio, fazendo de nossa vida uma entrega total e
silenciosa nas mãos do Pai. Para isso é sempre preciso renovar a cada dia a
decisão em favor de Jesus e seu reino...
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