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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

És tu aquele que há de vir? - Claretianos




Domingo, 15 de dezembro de 2013
3º Domingo do Advento
Santos do Dia:Cristina da Geórgia (apóstola leiga), Estêvão de Suroz (bispo), Folcuíno de Thérouanne (bispo), Júlia d’Arezzo (monja camaldulense), Maria Crucifixa da Rosa (virgem), Maximino de Micy (abade), Sílvia de Brescia (virgem), Urbício de Huesca (eremita), Valeriano de Abbenza (bispo).
Primeira leitura:Isaías 35,1-6a.10
Deus vem em pessoa e os salvará.
Salmo responsorial:Sl 145 (R. Is 35,4)
Vem, Senhor, salvar-nos. 
Segunda leitura:Tiago 5,7-10
Mantenham-se firmes, porque a vinda do Senhor está próxima. 
Evangelho:Mateus 11,2-11
És tu aquele que há de vir?
A primeira e a segunda leituras de hoje, do profeta Isaías e do apóstolo Tiago, coincidem na mensagem: vale a pena esperar, é preciso esperar, devemos esperar porque o nosso Deus vem, em pessoa ... É preciso ter paciência, porque é iminente sua chegada, ele já está à porta...
Não podemos duvidar de que esta forma de propor a esperança, de vivê-la e de transmiti-la, foi útil e muito eficaz para muitas gerações anteriores à nossa, porém tampouco duvidamos de que hoje em dia essa proposição possa não servir.
Este motivo aduzido classicamente para fundamentar a esperança (de que alguém vem, alguém via irromper apocalipticamente em nossa vida, inclusive em caráter iminente, e de que nossa esperança consista em “esperar” (de espera, não de esperança) sua chegada... não é mais plausível.
Esse esquema conceitual, segundo o qual Deus anunciou que volta, em uma segunda vinda que selará o fim do mundo, e que nós estamos, portanto, em um tempo intermediário, incerto e ameaçado pela espada pendente (de Dâmocles) dessa surpresa divina que chegará como a visita do ladrão, foi uma imagem poderosa, que atraiu a atenção de muitas gerações, porem que hoje começa a não funcionar.
Essa idéia de que devemos esperar que no futuro Deus vai castigar os maus... e assim “colocar as coisas no seu lugar” e vingar as maldades do que nos prejudicaram... provavelmente foi muito efetiva em outro tempo, como o foi na pedagogia tudo que se referia aos prêmios e castigos, às boas e más notas, porém hoje já muito poucas mentes lúcidas podem aceitar que a pedagogia humana infantil possa ser atribuída ao mistério existencial do ser humano.
Aquelas reações tinham uma compreensão do mundo, fundamentalmente religiosa, inserida nas coordenadas da descrição do mundo que as religiões haviam elaborado: um mundo que consistia essencialmente em um “plano de Deus” para provar o ser humano e levá-lo à outra vida, melhor ou pior segundo o merecimento de premio ou castigo.
Dentro desse “pequeno mundo”, dentro dessa cosmo visão religiosa que ocupou por milênios o magistério da nossos ancestrais, funcionava ao falar de uma segunda vinda, de uma Deus que prova o ser humano, da ameaça que supõe a possível surpresa de Deus que vem e irrompe no mundo para finalizá-lo e inaugurar outro eón, o dos prêmios e castigos. Esse imaginário religioso (tradicional, antigo, milenário...) está se esgotando, desaparecendo com as gerações mais adultas, esvanecendo-se e perdendo vivacidade e plausibilidade nas gerações médias, e sendo rejeitada pelas gerações jovens, nas quais já não consegue vigência. A transmissão desse tipo de fé está sendo interrompida.
No novo imaginário ou cosmo visão, que muitos estamos adquirindo, fundamentada na nova imagem que a cosmologia e o conjunto atual das ciências nos oferecem, já não cabe conceber a realidade tão “antropocentricamente” como se tudo consistisse e tudo se reduzisse a “um plano que Deus fez para provar o ser humano”. Ao ser humano atual não cabe mais uma espiritualidade que afirma que ele é o centro do cosmos e que este cosmos “foi criado simplesmente para servir de cenário para o drama humano de sua salvação ultra terrena... E não aceita tampouco que o mistério tão respeitável do além seja associado com e posto a serviço da ameaça de castigos ou da promessa de prêmios...
É possível ser cristão sem aceitar estas imagens que hoje sentimos como não incorporáveis à nossa cosmo visão? Se é assim, ao custo de purificar nossa esperança, e, mais amplamente, nossa cosmo visão religiosa global, daquelas imagens próprias de um tempo que já não é o nosso.
Nessa realidade o que importa é o conteúdo profundo, a experiência espiritual, a dimensão de esperança (neste caso), não o suporte de categorias, esquemas mentais, cosmo visões apocalípticas ou esquemas de concepção do tempo do que lançaram mão nossos antepassados. O cristianismo, ao longo da historia, já abandonou muitas imagens que no seu tempo foram comuns, mas que logo se obscureceram e que finalmente se tornam inaceitáveis (de algumas das quais hoje inclusive nos envergonhamos). Durante muitos séculos o predomínio do pensamento estático, o suposto da a-historicidade e a negação do caráter evolutivo de tudo, tentou fazer-nos pensar que não podemos mudar nada, que devemos crer ao pé da letra tudo que nossos antepassados diziam, sem  ter vivido a sua experiência profunda, porém com liberdade e criatividade, e que nada pode ser inovado. Porém, a mesma historia está aí para mostrar o contrario a quem saiba e queira ver. E também está aí o presente: são muitos já, de fato, os cristãos e cristãs que “crêem de outra maneira”.
O evangelho de Mateus apresenta a chamada “prova messiânica”. João, o Batista, do cárcere manda emissários para perguntar a Jesus se ele é o esperado ou se devem esperar outro. Jesus não responde com provas teológicas, nem com citações bíblicas apologéticas, ou com dogmas ou doutrinas, mas remete e aos “cegos vêem, os inválidos andam, os leprosos ficam limpos... e aos pobres se lhes anuncia o evangelho, a Boa Noticia”.
Estes fatos, essas boas noticias, são a prova da identidade do Messias. E serão, terão que ser, a prova de identidade de quem segue o Messias, o Cristo, ou seja, os cristãos. Somente se nossa vida produz esses mesmos fatos, somente se somos “boa noticia para os pobres”, somente então estaremos sendo seguidores daquele Messias, do Cristo, ou seja, estaremos sendo realmente cristãos.
Oração: Ó Deus, bom Pai, ao aproximar-se a celebração da festa do Natal, nós te pedimos que aumente nossa esperança, para que nunca desistam do esforço por criar um mundo no qual o amor seja possível. Nós te pedimos por Jesus de Nazaré, filho teu e irmão nosso, cujo nascimento nos apressamos em celebrar. Amém.




3 comentários:

  1. Como faz bem a nossa alma meditarmos em todas as palavras aqui escrito, como e bom ter nos nossos dias pessoas como Joao mensageiros de CRISTO. DEUS SEJA LOUVADO

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  2. Queridos, Bom Dia.
    Olhem, precisamos seguir o exemplo de Jesus que falava às multidões com palavras simples para atingir à todas as camadas, quer intelectuais, cientistas, elites e, principalmente, os sem instrução, fazendo crescer em seus corações o grande tesouro, a pedra preciosa : JESUS CRISTO.
    Polemicas não conduzem à nada.

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