SEGUNDA - 30 de Dezembro de 2013 - Evangelho
- Lc 2,36-40
Da gruta de Belém, onde naquela Noite
Santa nasceu o Salvador, o olhar volta-se hoje para a humilde casa de Nazaré,
para contemplar a Santa Família de Jesus, Maria e José, cuja festa celebramos,
no clima festivo e familiar do Natal.
O Redentor do mundo quis escolher a família como lugar do seu
nascimento e do seu crescimento, santificando assim esta instituição
fundamental de todas as sociedades. O tempo passado em Nazaré, o mais longo da
sua existência, permanece envolto por uma grande discrição e dele poucas
notícias nos são transmitidas pelos evangelistas. Se, porém, desejamos
compreender mais profundamente a vida e a missão de Jesus, devemos
aproximar-nos do mistério da Santa Família de Nazaré para ver e ouvir. A
liturgia de hoje oferece-nos para isso uma oportunidade providencial.
A humilde casa de Nazaré é para todo o
crente, e especialmente para as famílias cristãs, uma autêntica escola do
Evangelho. Aqui admiramos a realização do projeto divino de fazer da família
uma íntima comunidade de vida e de amor; aqui aprendemos que cada núcleo
familiar cristão é chamado a ser pequena «igreja doméstica», onde devem
resplandecer as virtudes evangélicas. Recolhimento e oração, compreensão mútua
e respeito, disciplina pessoal e ascese comunitária, espírito de sacrifício,
trabalho e solidariedade são traços típicos que fazem da família de Nazaré um
modelo para todos os nossos lares.
Desejei realçar estes valores na
Exortação apostólica «Familiaris consortio», de que celebramos, neste ano, o
vigésimo aniversário. O futuro da humanidade passa pela família que, nos tempos
de hoje, mais do que qualquer outra instituição, foi assinalada por profundas e
rápidas transformações da cultura e da sociedade. A Igreja, porém, nunca deixou
de fazer chegar «a sua voz e oferecer a sua ajuda a quem, conhecendo já o valor
do matrimônio e da família, procura vivê-lo fielmente; a quem, incerto e
ansioso, anda à procura da verdade e a quem é injustamente impedido de viver
livremente o próprio projeto familiar» (Familiaris consortio, 1). Ela dá conta
da sua responsabilidade e deseja continuar, ainda hoje, «a oferecer o seu
serviço a cada homem interessado nos caminhos do matrimônio e da família»
Para realizar esta sua ingente missão, a
Igreja conta de modo especial, com o testemunho e contribuição das famílias
cristãs. Melhor ainda, «perante os perigos e dificuldades que a instituição
familiar atravessa, ela convida a um suplemento de audácia espiritual e
apostólica, na consciência de que as famílias são chamadas a ser ‘sinal de
unidade para o mundo’, e a testemunhar ‘o Reino e a paz de Cristo, para os
quais o mundo inteiro caminha’» (ibid. 48).
Os cristãos, recorda o Concílio Vaticano
II, atentos aos sinais dos tempos, devem promover «ativamente o bem do
matrimônio e da família, quer pelo testemunho da sua vida pessoal, quer pela
ação harmônica com todos os homens de boa vontade» (Gaudium et spes, 52). É
necessário proclamar com alegria e com coragem o Evangelho da família.
Jesus, Maria e José abençoem e protejam
todas as famílias do mundo, para que nelas reinem a serenidade e a alegria, a
justiça e a paz, que Cristo, ao nascer, trouxe como dom à humanidade.
Pai, dá-me a graça de ser piedoso e justo como as pessoas
envolvidas no Mistério da Encarnação de teu Filho Jesus. Sejam elas para mim
fonte de perene inspiração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário