DIA 5 DOMINGO- Mt.2,1-12
« Epifania » quer dizer « manifestação
», « aparição ». A glória de Deus manifesta-se num menino que é o Verbo
encarnado. É uma solenidade ! Entre os nossos irmãos do Oriente, essa festa é
celebrada como o verdadeiro Natal. Na verdade, a figura dos Magos, no evangelho
desta solenidade da Epifania, apesar de parecer de pouco significado, longe de
ser uma mera presença sem qualquer importância, desempenha um papel importante
na vida da Igreja, e na vida de cada um de nós.
Neste capítulo temos a história resumida
da infância do Senhor Jesus. Era de se esperar que depois dos acontecimentos
relatados por Lucas no cap. 2, sobre o nascimento do Senhor Jesus Cristo, toda
a Judéia e Jerusalém correriam em busca do “recém nascido Rei dos Judeus”, mas
pelo relato que temos aqui em Mateus, logo aqueles acontecimentos notáveis
foram esquecidos. Como é comum ver pessoas que ouvem as boas novas de salvação
e depois seguem suas vidas como se aquilo que ouviram não tem nenhuma
importância, não influenciam em nada suas vidas.
Nos surpreendem alguns detalhes nestes
versículos. “Uns magos vieram do oriente…” O oriente no Velho Testamento sempre
fala do homem separado de Deus seguindo seu próprio caminho e se afastando cada
vez mais do Senhor (Gn 3:24; 4:16; 11:2). Porém ao chegarmos no Novo Testamento
encontramos homens vindo do oriente em busca do “Emanuel”, Deus conosco (Mt
1:23). Contudo esta busca não aconteceu pelo mero interesse humano, antes foi
Deus quem os despertou usando uma linguagem que ele pudessem entender, uma
estrela. Aos pastores de Belém Deus enviou um anjo, aos magos uma estrela …
Deus tem Seus meios de despertar todos os homens em todos os lugares. Confiemos
na Sua sabedoria e poder (“Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos
filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor
chamar”, At 2:39).
Outro detalhe importante de observarmos
é que “tendo nascido Jesus em Belém … vieram do oriente a Jerusalém…” O
propósito pelo qual eles vieram foi para adorá-Lo (v. 2), contudo foram onde
Ele não estava, Jerusalém.
Jerusalém era o centro de adoração e,
pensando assim, os magos concluíram que ali deveria nascer e viver o Rei dos
Judeus … Que engano! Assim sempre são os pensamentos humanos, raciocinam com
sua lógica sem conhecerem o verdadeiro caminho do Senhor. Foi assim desde Caim,
que pensava ser aceito por Deus chegando a Ele pelos seus próprios meios. Tem
sido assim durante toda a história da humanidade e até hoje. Os homens querem
encontrar Deus nos seus próprios caminhos, pelas suas religiões que eles mesmo
inventam. Bem disse o Senhor por intermédio de Isaías: “Porque os Meus
pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os Meus
caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a
terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os
meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos” (Is 55:8-9).
Outro fato importante é que o centro
religioso naqueles dias ainda era Jerusalém. Ali continuavam as cerimônias, as
ofertas, as festas. Mas o Senhor não estava ali. Que lição há aqui para nós
hoje! Quão facilmente uma igreja pode continuar com suas reuniões de oração,
partir do pão e todo o formalismo, e, contudo o Senhor não está no meio. Não é
exatamente este o mal da igreja de Laodicéia? Achavam que tinham tudo, mas eram
miseráveis, e o pior: o Senhor estava fora, batendo à porta, esperando para
alguém ouvir e abrir a porta (Ap 3:17-18, 20).
Voltando para Mateus cap. 2 notamos como
este engano foi corrigido. As Escrituras foram abertas, e mostrado com certeza
o rumo que esses adoradores deveriam seguir (vs. 4-5). Sempre será assim para
os de coração sincero, uma vez que as Escrituras lhes são abertas e seus
pensamentos e caminhos são apresentados como sendo contrários aos de Deus, logo
abandonam seus próprios caminhos para seguirem o Caminho seguro apontado por
Deus em Sua Palavra. Contudo nem todos estão dispostos a deixarem “Jerusalém”
para adorar numa simples “casa”. Não vemos que os demais habitantes de
Jerusalém se ajuntaram aos magos para irem com eles adorar. Eles foram perturbados,
mas não atraídos ao Cristo, o Rei dos Judeus. Oh! Como a história se repete!
Quantos estão satisfeitos em seu meio religioso idólatra, ou em meio a tantas
cerimônias e atividades que não têm nenhuma base bíblica, e quando ouvem da
simplicidade da “casa” — um grupo de cristãos que se reúnem atraídos ao nome do
Senhor na simplicidade que a igreja se reunia no princípio — não tem desejo de
sair de “Jerusalém” em busca de Cristo. Para os magos não importava o lugar,
nem mesmo a aparência, mas a Pessoa. Eles não vieram à Jerusalém para adorar,
como o eunuco em At 8:27, mas vieram para adorá-Lo, e se Ele não estivesse ali,
então não podiam adorar.
Ainda há outro personagem para
analisarmos, Herodes. Atrás de uma capa de piedade havia um único interesse …
matar o Menino. Quantos usam a piedade com o único interesse de beneficiar-se a
si mesmo. Estão na igreja porque querem tirar alguma vantagem. Bem nos avisa
Paulo em I Tm 6:5 sobre “homens corruptos de entendimento, e privados da
verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais.“
E, prostrando-se, O adoraram…
Finalmente encontramos no v. 11 uma cena
cuja grandeza é impossível descrever em palavras. Estes homens sábios,
certamente instruídos em toda a ciência, estão em uma casa bem simples. Ali há
um Menino de menos de dois anos de idade, e estes homens ilustres se prostram
diante daquele Menino para adorá-Lo.
Adoração vai além de qualquer
compreensão humana! Nem os discípulos puderam entender quando aquela mulher
derramou o precioso ungüento sobre a cabeça de Jesus (Mt 26:7-8). Puderam
avaliar o preço do ungüento, puderam sentir o seu olor, mas não puderam
compreender um coração que adora. Contudo o problema daqueles discípulos, pelo
menos nesta ocasião, era que eles não estavam contemplando Aquele que estava
diante deles como deveriam. O tamanho da nossa adoração é relativo ao valor que
damos ao Alvo da nossa adoração. Como um Judas poderia entender aquela mulher
se o “Mestre” só lhe valia 30 moedas de prata? Quanto valia Cristo para os
outros discípulos? Quanto vale o Senhor Jesus Cristo para nós? Quanto estamos
dispostos a deixar por Ele?
Para os magos não era meramente um
Menino que eles estavam adorando, mas Deus mesmo. Atrás daquela aparência
frágil de um Menino se podia ver o Rei dos Judeus. Suas ofertas falam muito da
contemplação e entendimento que eles tiveram: ouro, falando da Sua realeza;
incenso, do Seu sacerdócio, e mirra da Sua missão de Profeta. Além disso essas
dádivas falam de outros aspectos da Sua maravilhosa Pessoa, vida e obra. O ouro
é o material que simboliza a divindade (no Tabernáculo, o lugar onde a presença
de Deus estava, tudo era revestido de ouro) — aquele Menino era Deus manifesto
em carne. O incenso nos fala da Sua vida humana, mas perfeita, que viveu sempre
de modo que agradou o Pai. E a mirra nos fala de Seus sofrimentos vicários,
pelos quais Ele cumpriria aquela grande obra da nossa salvação.
Não é de se admirar que corações
ocupados assim com o Senhor venham para adorá-Lo, e não ficam satisfeitos com qualquer
outra coisa, nem mesmo com toda a pompa religiosa. Eles buscam a Pessoa. Eles
buscam a Cristo! Que nosso anseio seja: “Onde está o Rei que acaba de nascer”?
VIEMOS ADORÁ-LO.
Minha compreensão se tornou muito mais clara com essa reflexão. Muito obrigada.
ResponderExcluir