DIA 9 QUINTA -Lc 4,14-22a
Cada evangelista destaca uma cena especial para o início do ministério
de Jesus. Em Marcos, temos a expulsão de um espírito impuro na sinagoga; em
Mateus, a proclamação das bem-aventuranças; em João, as bodas de Caná; e, no
texto de hoje, Lucas apresenta a inauguração do ministério de Jesus em uma
sinagoga de Nazaré, com a leitura do texto de Isaías que fala da evangelização
dos pobres e da libertação dos oprimidos. Assim, o Evangelho de hoje nos fala
do início da vida pública de Jesus, quando Ele começou a pregar nas sinagogas
da região da Galiléia, e particularmente em Nazaré, cidade onde Ele foi criado.
Observe que o Evangelho já começa dizendo que “Jesus voltou para a
Galiléia”. O que significa dizer que Ele estava em outro lugar.
Particularmente, eu não duvido que Jesus tenha viajado bastante, e conhecido
vários lugares, culturas e pessoas diferentes. Acredito que em sua vida
terrena, nos anos não-narrados pelos evangelistas, Ele tenha aprendido muito
mais do que ensinou. Afinal, para falar tão bem como Ele falava, era necessário
conhecer tudo sobre o Reino dos Céus, sobre o Deus Pai, e sobre o ser humano em
si, seus sentimentos, suas limitações, suas imperfeições…
Outro ponto que torna Jesus tão especial como pregador é que Ele foi o
primeiro profeta a trazer a imagem do Deus Pai, e não daquele Deus vingativo,
que pune o pecador e a sua descendência com doenças e desventuras. Você já
assistiu alguma pregação em que a pessoa só falava nos pecados, castigos, no
inferno, no inimigo e de coisas ruins? Certamente deve ter saído desta palestra
bem “pesado”… Com medo de fazer qualquer coisa que Deus desaprovasse…
Nestas primeiras pregações de Jesus, quando Ele ainda nem tinha
discípulos, Ele deve ter falado muito sobre a verdadeira felicidade, que
consiste em fazer a vontade do Pai, mas não por ser obrigado a fazê-la, e sim
por se sentir bem em fazê-la. Por que as pessoas gostavam tanto de ouvi-lo
falar? Provavelmente porque Ele ensinava as pessoas a serem felizes! Não ficava
impondo vários “nãos”, mas falava de Amor, e quem ama, tudo pode.
Jesus identifica-se com esta missão. Tudo poder para que o homem viva e
viva para sempre.
Um outro pormenor de Lucas é sua sensibilidade ao escândalo da divisão
da sociedade em ricos e pobres. Ele realça como Jesus vem ao encontro dos
pobres para resgatar-lhes a vida e a dignidade. A Boa-Nova é a chegada do Reino
de Justiça, com a libertação dos pobres oprimidos.
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