Quarta-feira, 25 de dezembro de 2013
Natal de N. Sr. Jesus Cristo
Santos do Dia:Anastácia de Roma (virgem e mártir), Eugênia de Roma
(virgem, mártir, filha de São Filipe, também mártir), Pedro, o Venerável (abade
de Cluny).
Primeira
Leitura: Is 52,7-10
Verão os confins da terra a vitoria de nosso Deus.
Salmo responsorial: Salmo 97
Os confins da terra contemplaram a vitoria de nosso Deus.
Segunda Leitura: Hb 1,1-6
Deus nos falou pelo seu Filho
Evangelho: Jo 1,1-18
A Palavra se fez homem e habitou entre nós.
Verão os confins da terra a vitoria de nosso Deus.
Salmo responsorial: Salmo 97
Os confins da terra contemplaram a vitoria de nosso Deus.
Segunda Leitura: Hb 1,1-6
Deus nos falou pelo seu Filho
Evangelho: Jo 1,1-18
A Palavra se fez homem e habitou entre nós.
Hoje celebramos a festa do
nascimento de Jesus de Nazaré, porém na realidade, nesta festa há muitos
componentes de gêneros muito diversos e não seria bom tratá-los todos como
dimensões teológicas racionalmente interpretáveis. Há também elementos
culturais, sociais, históricos, afetivos.... Esta mistura torna desaconselhável
lançar mão de uma só lupa ou um único critério teológico racional. Talvez seja
esta uma festa em que é preciso deixar de lado essa perspectiva
teológico-racional e e assumir o papel da criança e celebrar com a ingenuidade
que todos temos dentro de nós.
A leitura de Isaias é um canto de
louvor pela libertação próxima de Jerusalém. Duas imagens marcam a leitura: uma
é a dos mensageiros que dos montes de Judá trazem a notícia da libertação
próxima e gritam: Javé reina! A segunda imagem é a dos sentinelas que
prorrompem em júbilo porque veem o retorno de Javé a Sião e exclamam alegres
como o Senhor consolou seu povo e resgatou Jerusalém. É que no contexto em que
foi escrito o livro de Isaias, a maioria do grupo de Israel se encontra exilado
na Babilônia, são escravos dos Assírios.
Contudo, vê em como muito positivo o
fato de que Dario assuma o poder, pois o povo coloca nele sua esperança de
libertação, pois ele será o “resgatador”, que permitirá o retorno do povo à
terra. Esta realidade é iminente, por isso o escritor canta já a alegria do
retorno à terra. Para nós hoje, esses pés do mensageiro anunciam o nascimento
do Senhor, e nós, como os sentinelas, proclamamos alegres a presença do
salvador que se faz vida no meio de nós.
O salmo responsorial corresponde a
um hino de alegria, dirigido a Javé porque realizou maravilhas e porque revelou
a justiça às nações, recordando-se da lealdade de Deus a Israel. O salmista
convida toda a criação (mar, rios e montes) a aclamar Javé que chega para
julgar o mundo com justiça e os povos com equidade. Esta felicidade pode ser
compartilhada com o salmista quando recebemos Jesus que chega e nasce. É o Deus
mesmo que se converte em Boa Noticia, anuncio de salvação para todos os povos,
que assume nossa condição humana e por isso estamos alegres e cantamos cheios
de júbilo e esperança.
A carta aos hebreus reforça ainda
mais a alegria desta celebração do Natal do Senhor Jesus. Expressa que “muitas
vezes e de muitas maneiras falou Deus no passado a nossos pais por meio dos
profetas, porém nestes últimos tempos nos falou por meio de seu Filho a quem
instituiu herdeiro de tudo. Irmãos, estamos nos últimos tempos, pois a
revelação chegou à sua plenitude em Jesus Cristo. Ele é a imagem de Deus
invisível, quem o vê, vê o Pai; pois assumiu a condição humana e ao nascer em
um estábulo, como um homem pobre; Deus manifestou solidariedade para com todos
os homens da terra e por meio de Jesus mostrou o caminho da salvação.
A liturgia de hoje, a da missa do
dia, mais solene, proclama o prólogo do evangelho de João. Um texto bem solene
e muito especial. Faríamos mal lê-lo como qualquer outro dos relatos
evangélicos de Natal, em torno do nascimento de Jesus, como os evangelhos da
infância. O texto de João pode ter sido escrito anos mais tarde, o último entre
os textos evangélicos canônicos hoje conhecidos, em torno do ano 100 d.C. Não
podemos entender esse texto como um relato “descritivo” transmitindo a
informação sobre “como aconteceram as coisas”, ou uma informação transmitida a
João evangelista por revelação direta. Hoje a ciência bíblica enfoca este texto
com outra luz, conhece melhor sua natureza e sabe que se trata de outra coisa.
Em todo caso, é um texto chave, um
dos poucos textos dos quais se pode dizer que foram simplesmente decisivos para
a configuração concreta do desenvolvimento do cristianismo. Muitos opinam que,
falando de uma maneira quase literária, foi Paulo o criador do cristianismo,
mais que os evangelhos sinóticos, por exemplo. Outra opinião também comum é a
de quem fundou o cristianismo tenha sido João, ao fundamentar com esta visão
fantástica, genial que catapultou a reflexão sobre Jesus à sua dimensão máxima.
Para além dos motivos para considerar este texto importante ou não, a dimensão
de encarnação, a divinização, são como uma coluna vertebral do cristianismo, e
uma das marcas registradas de sua espiritualidade e de seu compromisso
histórico.
Na dimensão concreta da
historicidade já sabemos: não temos nenhuma noticia histórica da data do
nascimento de Jesus. O dia 25 de dezembro foi tomado da festa romana do
nascimento do deus Sol, pois a partir desse dia – hoje sabemos que não
exatamente – começa a aumentar o tempo de insolação (no hemisfério norte,
obviamente); o sol superava seu período anterior invernal, de morte e
diminuição. Se chamamos Jesus de “Sol da Justiça”, que melhor data para marcar
seu nascimento que o dia do nascimento do Sol astronômico, que no mundo romano
era considerado divino.
Pode ser interessante examinar a letra
de alguns dos cantos tradicionais mais comuns. Pode-se observar que em muitos
casos sua letra é teologicamente pobre e insustentável. “Porém, funciona”, isto
é: no sentimento religioso, a racionalidade tem pouco a dizer. O religioso é
pluridimensional; é também afetivo, estético, furtivo, contemplativo... e sim,
também intelectual e racional. Porém hoje, Natal, quem manda é o Menino Jesus e
o menino que carregamos dentro de cada um de nós. Podemos nos sentir totalmente
livres.
Oração: Ó Deus, Pai nosso, que em Jesus nos deste tua Palavra,
feita carne e sangue, força e ternura, morte e ressurreição; nós te pedimos que
nos dês a força necessária para seguir seus passos pelo caminho que ele traçou
para chegar a ti, abraçando em nosso caminhar para ti, a todos os irmãos e
irmãs. Por Jesus Cristo, nosso Senhor.
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