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quinta-feira, 27 de agosto de 2020

O CAMINHO DA CRUZ NOS LEVA À VIDA ETERNA – Maria de Lourdes Cury Macedo

 

 

Domingo, 30 de agosto de 2020.

Evangelho de Mt 16,21-27. 

 

A liturgia de hoje nos mostra quais as condições para o cristão seguir Jesus: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”.

Jesus e seus discípulos estão a caminho de Jerusalém. Jesus começa a mostrar para os discípulos o Caminho da Cruz. Esse caminho é marcado pela necessidade de ir a Jerusalém sofrer, ser morto e ressuscitar. Jesus tinha consciência que pelo seu modo de viver, de falar, de agir, de ensinar, não seria aceito pelas autoridades políticas e religiosas, mas corajosamente ele não recua, Ele não volta atrás, segue em frente para Jerusalém onde assume conscientemente os riscos da rejeição, do sofrimento e da morte por causa da justiça do Reino.

Nós podemos perceber quatro etapas do CAMINHO DA CRUZ quando Jesus disse: (1ª) que precisava ir a Jerusalém; (2ª) sofrer muito da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas; (3ª) seria morto, e (4ª) ressuscitaria ao terceiro dia.

Jesus tem consciência do enfrentamento do Sinédrio. E começa a mostrar isso aos discípulos. Pedro, por sua vez, propõe outra alternativa para Jesus, não quer que ele vá a Jerusalém para lá morrer. Pedro ama Jesus, não quer perdê-lo, porque lá o Messias seria rejeitado, passaria pelo sofrimento e morte.

Jesus diz palavras duras a Pedro. A razão destas palavras era porque se comportava como o tentador propondo-lhe o domínio material sobre todos os reinos deste mundo. Pedro é satanás e pedra de tropeço “porque não pensa como Deus e sim como os homens”. Pedro quer desviar Jesus da sua missão, não por mal, mas por não compreender a Missão de Jesus, por amá-Lo demais.

Muitas vezes somos “satanás” para nossos irmãos quando queremos desviá-los do caminho certo, dando conselhos que não estão de acordo com os ensinamentos de Jesus, quando queremos atrapalhar os bons planos dos nossos irmãos, quando desencorajamos nossos irmãos de fazer caridade, de fazer o bem para o outro, desencorajamos as pessoas de trabalhar nos serviços da igreja, de perdoar a quem nos ofendeu, de retribuir com o bem, o mal que nos fizeram, de vingar, de dar o “troco” como costumamos dizer àqueles que nos ofenderam ou nos prejudicaram.

Pedro descobrira que Jesus é o Messias, porém não aceita as consequências de ser o Messias servo sofredor. Não pensava um Messias sofredor, rejeitado, cuspido, crucificado. O mesmo Jesus chamara Pedro de pedra a qual a igreja estava sendo edificada, chama-o agora de “satanás”. Pedro não está pensando as coisas de Deus e sim as coisas dos homens. O pensamento do discípulo é do mundo, de gente que ainda não assimilou a mensagem de Jesus... Ele tem que aprender que é preciso renunciar a si mesmo, tomar a cruz e seguir Jesus como discípulo.

A missão de Jesus não é do jeito que queremos, ao contrário, quer que nós sejamos como Ele é. Jesus não combate a violência com violência, o mal com o mal, Jesus usa uma luta pacífica, sua arma é o Amor. Jesus quer deixar claro que o Messias não seria um rei glorioso que muitos esperavam. Um Messias lutador, guerreiro que ia expulsar os Romanos de suas terras e governaria com poder e glória. A salvação que Deus oferece não coincide com os planos de grandeza humana.

Nós também pensamos como Pedro, não é mesmo? O ser humano quer ter domínio sobre os outros; alcançar o poder para ter mais coisas; agir com violência contra os que nos ofendem e nos tratam mal ou nos prejudicam... Outras vezes chega fazer caridade esperando tirar proveito ou vantagem pessoal. Ao contrário, Jesus serve aos outros; procura ser mais em qualidade; ensina a perdoar, a amar, a ser misericordioso, solidário, partilhar nossos bens, nossas vidas... e assim apresenta as condições para segui-lo: negar-nos a nós mesmos.

Jesus repreende Pedro, e em seguida mostra aos discípulos as condições para segui-Lo. Seguir a Jesus é adesão pessoal (se alguém quiser vir comigo tome sua cruz e siga-me) isto requer renúncia, aceitação e compromisso.  O destino do discípulo não pode ser diferente do destino de Jesus. Para estar com Ele é exigido duas condições: renunciar a si mesmo e tomar a própria cruz.

Renunciar a si mesmo é deixar de lado toda ambição pessoal, o comodismo, a vida errada, a vida egoísta que só pensa em si. Renunciar a si mesmo quer dizer: que a Salvação, a vida Nova de união com Deus e com os irmãos deve ser um grande valor para nós. Renunciar a si mesmo é não pensar só em si, no seu bem estar, mesmo que tudo indica que será um bem para nós, mas pensar também no bem do outro e fazer tudo para o irmão ser feliz. Quem dá a vida não perde, mas a ganha como a semente lançada na terra.

Cristo nos pede que nossas escolhas sejam determinadas pelas necessidades dos irmãos. Todo o nosso agir seja gratuidade, isto é, sem esperar nada em troca e nossa vida seja doação de nós mesmos. Aí sim devemos nos alegrar se nossa vida se transformar em doação.

Carregar a própria cruz é enfrentar, com as mesmas disposições de Jesus, o sofrimento, perseguição e morte por causa da justiça, por causa do Evangelho. Podemos aqui nos lembrar da última bem-aventurança, a dos perseguidos por causa da justiça. Ser discípulos de Jesus, portanto, é reviver a síntese das bem-aventuranças. Podemos nos lembrar de tantas pessoas que morreram por defender os pobres, os sofridos, os excluídos, os desprotegidos: padres, freiras, leigos etc.

Carregar a cruz vai além de suportar sofrimentos, dores, doenças, desgraças, mortes, tragédias, desemprego, situação financeira difícil. Carregar a cruz é seguir o caminho que Jesus percorreu, dar a vida pelos mesmos ideais, enfrentar, se necessário até a perseguição e a morte por fidelidade ao Evangelho, como Jesus que deu a vida por nós e foi perseguido porque não abriu mão de sua doutrina de amor.

Estamos percebendo as condições para seguir Jesus na vida de comunidade, na vida de Igreja? Viver na igreja é viver em comunhão de vida com o Pai e com os irmãos.

Ser cristão é entregar-se, confiar totalmente na pessoa de Jesus. Isto é a maior sabedoria, o maior amor. Ser cristão é aceitar as palavras de Jesus, suas ideias, como norma para nossa vida: é viver como ele viveu; é segui-lo como seguimos a um guia de absoluta confiança, até as últimas consequências. Cristo exige muito de nós, mas está exigindo o que Ele mesmo fez.

Jesus, portanto, vai ao encontro da cruz para depois voltar em sua glória, ressuscitado, vitorioso. Nós cristãos para ganharmos a vida eterna também teremos que percorrer o caminho da cruz, pois Jesus retribuirá à cada um de acordo com a vida que levar aqui neste mundo, de acordo com a coerência de nossa vida.

O que poderemos levar conosco no fim de nossa vida? O dinheiro acumulado, os prazeres que desfrutarmos, as vitórias que alcançarmos, a gratidão dos outros, os títulos, as honras? Não! A única coisa que nos restará será o amor que tivermos dado a Deus e aos irmãos.

 

Abraços em Cristo!

Maria de Lourdes

 

 

 

 

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