11- DOMINGO - Evangelho - Mc 10,17-30
Um jovem rico, piedoso e observante dos mandamentos encontrou-se com Jesus. Chamou-o “Mestre” e desejava possuir a vida eterna. Para conseguir essa meta observava os mandamentos com perfeição. Jesus o olhou com amor e, então, pronunciou o convite exigente: “Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me”!
A
tristeza entrou no coração desse jovem rico. A riqueza o impediu de seguir
Jesus, porque é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus!
Impressiona-nos
o fato de que este jovem era perfeito no cumprimento dos mandamentos de Deus e,
além disso, merecera o olhar amoroso de Jesus porque buscava com decisão
progredir no caminho de Deus. Mas o cumprimento dos mandamentos convivia nele
com a riqueza, transformada em ídolo que lhe dava segurança. Jesus lhe ofereceu
a possibilidade de ser livre, para que o Reino de Deus ocupasse todos os
espaços de sua vida. Ele preferiu a segurança de seus bens. Para não perder o
pouco que possuía, perdeu o tesouro infinito da vida com o Senhor.
O discípulo de Jesus dá valor ao que o mundo
despreza. Para possuir a sabedoria e viver de modo prudente, considera os
cetros e os tronos, a riqueza, as pedras preciosas, a prata e o ouro do mundo,
a saúde e a beleza, como um punhado de areia (cf Sb 7,7-11). Ele faz como
fizeram os apóstolos que deixaram tudo para seguir Jesus e, por isso, receberam
“cem vezes mais”: “Em verdade vos digo, quem tiver
deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do
evangelho, receberá cem vezes mais agora, durante esta vida – casa, irmãos,
irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições – e, no mundo futuro, a vida
eterna“.
Estando
às próprias palavras de Jesus, compreendemos que Ele pede as mesmas condições
para todos os que querem seguí-lo. Tais condições não são diferentes para os
que se consagram a Deus no celibato, para os que são chamados ao sacerdócio
ministerial, ao diaconato permanente ou à vida de casados. Ao propô-las Jesus
se dirigiu às “grandes multidões”, como nos atesta o evangelista Lucas.
As
observâncias religiosas não são o essencial no projeto de Deus. A opção
fundamental, necessária, é o desapego das riquezas e a superação das injustiças
que decorrem das estruturas sócio-econômicas de acumulação das riquezas. Em
contraste com este rico, segue-se o testemunho de Pedro, representando a
comunidade de discípulos, que, com sabedoria, professa sua fé neste seguimento,
declarando seu desapego de tudo.
É a
força da Palavra de Deus, “mais penetrante que qualquer espada de dois gumes”,
que é capaz de extirpar a ambição das riquezas, gerando o amor ao próximo. É o
caminho do seguimento de Jesus na construção do mundo novo de justiça e paz.
Evidencia-se
a proposta da rejeição desta estrutura social, dividida entre privilegiados e
excluídos, com a inversão entre os “primeiros” e os “últimos”. É um projeto que
contraria a acumulação capitalista privada resultante da exploração do trabalho
dos pequenos empobrecidos. Este projeto, assumido por causa de Jesus e do
Evangelho, suscitará a perseguição dos poderosos beneficiários do projeto de
acumulação financeira em um mercado global.
O projeto de Jesus, em andamento, significa a
inserção na vida eterna do “mundo futuro”. É a concretização do sonho de um
mundo novo, na paz da comunhão com a natureza, com o próximo e com Deus. E o
caminho seguro do seguimento de Jesus está na prática diária da Palavra de
Deus. A Carta aos Hebreus hoje nos lembra: “A Palavra de Deus é viva,
eficaz e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes. Penetra até
dividir alma e espírito, articulações e medulas. Ela julga os pensamentos e as
intenções do coração. E não há criatura que possa ocultar-se diante dela. Tudo
está nu e descoberto aos seus olhos, e é a ela que devemos prestar contas”
(Hb 4,12-13).
Vivendo assim entenderemos também que a prática
perfeita dos mandamentos do Senhor tem um valor profundo, se a nossa vida é
colocada inteiramente nas mãos do Senhor e não na segurança de nossas próprias
riquezas. Se queremos ver o mundo mudar a sua avaliação das coisas, não podemos
deixar de responder ao apelo de Jesus no evangelho de hoje: “vá, venda tudo o que tem e dê o dinheiro aos pobres e assim você
terá riquezas no céu”!
Senhor
Jesus, reforça minha liberdade interior de forma que nada, neste mundo, me
impeça de cumprir a vontade do Pai.
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