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sexta-feira, 10 de abril de 2015

A Religião do Deus Providente-Diac. José da Cruz


TERÇA FEIRA DA 3ª SEMANA DA PÁSCOA 21/04/2015
1ª Leitura Atos 7, 51-8 1ª.
Salmo 30/31,6ª “Em vossas mãos entrego meu Espírito”
Evangelho João 6, 30-35


No meio da multidão que procura Jesus, como no evangelho de ontem, há grupos que já tem uma raiz religiosa, portanto uma Tradição antiga como a Religião de Israel. Esse grupo, com quem hoje neste evangelho, Jesus está debatendo, traz no coração e na mente essa Cultura Religiosa do “Deus Providente”, que foi em verdade a experiência profunda dos seus pais com o Deus da Aliança. No fundo o grupo reflete a cultura de hoje, quando se trata de religião, onde o Deus da Providência tem que dar e oferecer Segurança, Saúde, Prosperidade aos Crentes que Nele crêem. Busca-se neste sobrenatural que é o Divino, coisas que nem sempre se pode ter. Que garantia podemos ter de que, ao sair de nossa casa não seremos assaltados? Ou quem sabe, vítimas fatais de um acidente de trânsito? Que garantias podemos ter de que no final da tarde ainda teremos o nosso emprego. Que garantias podemos ter de que a esposa seja boa, os nossos filhos sejam bons e não nos tragam nenhum problema? Resposta para todas essas perguntas: Nenhuma! Então no Fenômeno Religioso da atualidade, essas perguntas para as quais não temos respostas, deixamos com Deus em quem confiamos, e que, se formos bons cristãos, pessoas de oração, participantes da comunidade, frequentadores assíduos de celebrações e Sacramentos, Dizimistas Zelosos, nos livrará de tudo isso. Observem como se comporta um cristão quando vítima de alguma fatalidade, logo vem a queixa e o questionamento: Por que justamente comigo isso aconteceu, Senhor? É como se nos queixássemos, “Puxa Deus! Por que o Senhor não fez nada para evitar que isso acontecesse comigo que sou Servo tão fiel?”
Diante da fatalidade há pessoas que abandonam a comunidade, a Vida de Fé. Por que? Porque confiaram em um Deus que não os conseguiu livrar do Mal das tragédias inesperadas. Resumindo bem, para o homem da pós modernidade, Religião significa Segurança! Naquilo que eu não posso resolver nem mudar, tenho um Deus que faz por mim. Parece que é obrigação da Divindade oferecer-me Segurança e Proteção contra todos os males que possam me atingir.
O jogador que entra em campo,toca no gramado e faz o sinal da Cruz, está buscando proteção para seu corpo e seu time. Deveria ser outro o significado, ao fazer o sinal da cruz, “Estou em comunhão com o meu Deus, na prática desse esporte”. O Sinal da Cruz, que é um gesto de comprometimento de se viver na comunhão com a Trindade, virou um amuleto de sorte, um gesto de superstição.
O evangelho de hoje mostra bem essa cultura muito presente no Israelita mais Fiel: o tamanho da minha Fé é do mesmo tamanho das obras que Deus realizou em minha vida! E eles tinham fortes e boas razões para acreditar nisso: afinal seus antepassados foram libertos das garras dos Egípcios, um Deus que abriu as águas do mar, deu-lhes água, pão e carne em toda a travessia do deserto. O grande problema desse grupo que debate com Jesus, e do homem “Religioso” da Pós Modernidade, é o de não querer mudar, saindo da Religião do “Venha anos o Vosso Reino” para a Religião do comprometimento total. Conversão é isso, compreender no fundo da alma e do coração, que Jesus o Filho de Deus não nos deu o Pão, mas Ele se fez Pão, para nutrir a nossa Fé e o nosso Amor, para também nós nos fazermos pão, que sustenta e fortalece a Vida do outro. Religião é doação, desapego, esvaziamento, para servir os outros.

Se não compreendermos isso, continuaremos no mesmo refrão desse grupo, diante de Jesus: Que sinal nos fazes pare possamos crer em ti? A Fé autêntica e verdadeira vem bem antes do milagre, ela brota da Palavra Viva do Santo Evangelho, que me torna um colaborador na edificação do Reino de Deus.

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