SEGUNDA FEIRA DA 3ª SEMANA DA PÁSCOA 20/04/2015
1ª Leitura Atos dos apóstolos 6, 8-15
Salmo 118/119,1b “E seguem a Lei do Senhor”
Evangelho João 6, 22-29
Uma Falsa “religião”, que termina com a morte biológica
A relação com uma entidade divina que supre todas as minhas
necessidades materiais com o seu poder. Eis aqui uma falsa religião que um belo
dia termina quando o sujeito pede a divindade para que dê saúde, ou que a
preserve da morte biológica, mas esse deus que fez tantos prodígios, não tem
poder, ou não quer restituir a saúde ao fiel, e nem lhe protege da morte
biológica que chega sorrateira em uma enfermidade ou em um acontecimento
imprevisto. Que Deus é esse e que Fé será essa, que não requer comprometimento,
nem da parte da divindade invocada e muito menos do seguidor?
Esse tipo de religião, esse modo de se viver a Fé, é digno da
crítica dos descrentes, de que a Religião é o ópio do povo, segundo o
pensamento Marxista. Não faz parte da obra da Salvação, Deus manifestado em
Jesus Cristo, ficar usando dos seus poderes divinos, para atender as
necessidades materiais do homem. O Cristianismo puro e autêntico, segundo o
exemplo do próprio Cristo, não fica dando o “peixe” mas ensina e incentiva o
Crente a aprender pescar, usando dos recursos próprios para isso, da sua inteligência e empreendorismo. Afinal,
o que são os milagres relatados nos evangelhos? Como devem eles ser
compreendidos? O que têm eles a ver com a nossa vida do quotidiano?
Lidos e reinventados por um Cristianismo do consumismo e do lucro
para ricas Instituições, os milagres de Jesus, que em seu sentido mais puro,
são os sinais concretos da Libertação, servem como forte instrumento de
dominação onde o “Homem de Deus” que os realiza, torna-se o Pajé da Tribo e
somente ele tem acesso a divindade e aos benefícios que essa queira conceder
aos crentes que tornaram-se seus seguidores.
Ser milagreiro me faz poderoso e famoso, as pessoas angustiadas com
problemas de toda ordem, inclusive perturbações psicossomáticas querem ser
libertadas, querem o livramento, e o Homem de Deus é aquele que pode conseguir
diante de Deus, essa “libertação e cura”. E isso é dominação, aproximo-me de
todas as pessoas carentes e dou o que eles pedem, e com isso as tenho sob meu
domínio. Essa religião termina com a morte biológica contra qual nem a ciência
e nem ninguém, pode fazer alguma coisa.
Uma religião assim termina de maneira melancólica e decepcionante
para o crente. O que vem depois da morte ninguém sabe. Toda esperança está
fundamentada na realidade de uma existência humana. Jesus Cristo neste
evangelho exorta a multidão a buscar algo mais sólido e consistente, algo que
supere qualquer expectativa meramente terrestre, algo que lhe dê a certeza de
que, quando tudo parecer o fim, seja na verdade o recomeço. Esse alimento
perene que leva o ser humano a caminhar, e a continuar a sua existência, mesmo
após a morte biológica é unicamente Jesus Cristo. Cada milagre que Jesus
realizou, e que hoje ainda realiza, é apenas um sinal deste algo mais, desta
Vida Eterna que Nele já está ao nosso alcance. Nossa Fé não pode satisfazer-se
com os milagres, eles apenas indicam uma realidade nova que Jesus trouxe a toda
humanidade, não porque deu o melhor de si, mas deu-se a si próprio.
Pedimos muitos milagres que no fundo rechaçam as cruzes que nos
conduzem ao calvário, pedimos muitos milagres porque preferimos os atalhos e
desvios, que nos dão conforto e segurança nesta vida. Queremos a glória da
ressurreição, mas sem ter que passar pelo tormento da cruz.Preferimos o “pão
material” de um Reino já pronto, que eu possa desfrutar, sem despender qualquer
esforço e comprometimento. (Diácono José da Cruz – Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim SP – E-mail cruzsm@uol.com.br)
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