7 de Março de 2015 - Evangelho - Lc 15,1-3.11-32
Prefiro denominar assim o texto de hoje porque na
verdade, O Senhor é misericórdia e clemência, indulgente e cheio de amor. O
Senhor é bom para com todos e, misericordioso para todas as suas criaturas (Sl
144,8s)
Este Evangelho narrado por Lucas, conhecido como “parábola do filho
pródigo”, poderia muito bem ser denominado “parábola do pai misericordioso”.
Nele temos a revelação do Deus de Jesus que a todos acolhe em seu infinito
amor. Respeita plenamente a liberdade de seus filhos e está com o coração
aberto para acolhê-los a qualquer momento, sem censuras, independentemente de
sua história passada. Este é o meu Deus de quem eu devo aprender todos os dias
e horas. Diferencia-se do deus dos escribas e fariseus, que castiga os que dele
se afastam, impondo-lhes variados sofrimentos; e, se há arrependimento, reata
sua aliança sob ameaças.
É por seu amor misericordioso que o Deus de Jesus
move à conversão e ao reencontro com a vida plena. Assim a parábola do Pai
Misericordioso vai mostrar como Deus pai age diante do filho pecador. A
situação que relata é absolutamente real e facilmente encontrável em qualquer
família humana. Um homem tinha dois filhos. Um pede a parte na herança e
vai embora. Gasta os bens, passa fome e resolve pedir para voltar para que
viva apenas como empregado de seu pai – ele sabe que errou muito e que, por ser
um homem justo, seu pai não deixava os empregados passar fome; por isso, quer
viver ali nem que seja como um deles, para não morrer de forme. O pai,
contudo, vai além: não só o recebe como o aceita novamente e o coloca no lugar
onde sempre esteve: o de seu filho.O outro filho – que permanecera fiel ao pai
– cobra, sente inveja, sente raiva. E o pai o convida a participar daquela
festa, porque seu irmão havia sido recuperado e a família estava novamente
composta.
O processo de conversão começa com a tomada de consciência: o filho
mais novo sente-se perdido econômica e moralmente. A acolhida do pai e as
medidas tomadas mostram não só o perdão, mas também o restabelecimento da
dignidade de filho.
É necessário, filho, que te alegres: teu irmão
estava morto e reviveu, perdido e foi achado. O filho mais velho é
justo e perseverante, mas é incapaz de aceitar a volta do irmão e o amor do pai
que o acolheu. Recusa-se a participar da alegria. Esta é a tua é minha atitude
quando tachados de corretos e justos não aceitamos no nosso meio todos os que
arrependidos nos pedem desculpas e perdão pelas falhas cometidas. Quantas vezes
oiço dizer. Padre, eu não consigo perdoar o que meu marido me fez, minha esposa
me fez. Tenho mágoas do meu pai, da minha mãe, dos meus filhos. O que faço?
Está aqui a resposta da tua pergunta. Com esta parábola, Jesus nos faz apelo
supremo para que assim como os doutores da Lei e os fariseus deveriam aceitar e
partilhar da alegria de Deus pela volta dos pecadores assim tu, assim eu
devemos nos alegrar com o arrependimento, a conversão e o retorno à dignidade
da vida dos nossos irmãos e irmãs.
A atitude do pai é incondicional: meu filho
estava perdido e voltou! Com a festa ele demonstra a sua alegria – que
deve ser a alegria de toda a comunidade, até daqueles que se sentem diminuídos
em valor diante do que se considera pecador.
Devemos acreditar na misericórdia do Pai que nos
recebe sempre de braços abertos e com muita festa. E devemos, sobretudo,
pedir que essa mesma misericórdia seja derramada infinitamente em nosso coração
para que possamos ver com os olhos de Deus os nossos irmãos que julgamos
pecadores e reconhecer que todos somos merecedores do mesmo amor do Pai.
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