23 de Março - Segunda - Evangelho
- Jo 8,1-11
Bom
dia!
Vamos
fazer como em um filme em que conseguimos ver uma mesma cena de vários ângulos
e poder assim interagir com a cena que esta acontecendo (…)
Primeiro
ângulo: Uma mulher sendo trazida pelos fariseus, pois foi pega em adultério e
pela lei deveria ser sumariamente punida. Esse ângulo é a narrativa do texto em
si.
Segundo
ângulo: Vemos uma mulher que seria apedrejada por um erro que com certeza NÃO
FEZ SOZINHA. Aonde esta o homem com que ela cometia adultério? Pois se ela
fosse solteira, para que isso estivesse acontecendo precisaria ter um cúmplice
casado, não é verdade?
Terceiro
ângulo: As pessoas que cercavam Jesus a ouvir seus ensinamentos não o põem em
pratica, visto que na narrativa NINGUÉM DEFENDE A MULHER. Jesus pregava o
afastar do pecado, mas amar o pecado, MAS NAQUELE MOMENTO NÃO VEMOS NINGUÉM,
ALÉM DELE, A DEFENDÊ-LA.
Quarto
ângulo: A começar pelos mais velhos, um a um (…). Esse é um ângulo interno.
Conseguem
imaginar a cena nos quatro ângulos de reflexão? Somando as cenas será que
conseguimos ver semelhanças com alguns dos nossos próprios atos?
Olhem
o comentário proposto pelo site da CNBB:
“(…)
Quando falamos em pecado, SEMPRE NOS REFERIMOS AOS PECADOS QUE OS OUTROS
COMETERAM, JAMAIS AOS NOSSOS, PORQUE OS OUTROS PRECISAM SER CONDENADOS PELOS
SEUS ERROS E NÓS SOMOS DIFERENTES, PRECISAMOS SER COMPREENDIDOS. Quando fazemos
isso, geralmente escondemos dos outros a face amorosa e misericordiosa de Deus,
porque esta face e só para nós, e lhes mostramos um Deus que pune e é vingativo,
que quer o castigo de todos, e esta face não é para nós. Com isso, nos tornamos
um obstáculo para a conversão dos outros e, em conseqüência disso, Deus não
agirá com misericórdia e amor conosco”.
Para
os fariseus, o problema era Jesus e não a mulher (era apenas um pretexto). É
mania nossa tentar resolver (ou seria justificar) um problema usando outro
menor. Quantas vezes em brigas e discussões, principalmente entre pais e
filhos; esposos e esposas, quando um de nós perde a razão, busca no passado um
erro do outro para enfim sair vencedor da disputa? (primeiro ângulo)
“(…)
Quando já estavam fora, um dos anjos disse-lhe: “Salva-te, se queres conservar
tua vida. Não olhes para trás, e não te detenhas em parte alguma da planície;
mas foge para a montanha senão perecerás.” (Gênesis 19, 17)
Lembro
de minha avó que dizia: “Se brigar na rua, receberá também o castigo em casa”.
Talvez na cabeça de minha avó ela tentasse me ensinar que não importava quem
estava certo, mas que o fato em si me tornava errado também. O MACHISMO, O
PATERNALISMO E O ORGULHO descrevem profundas “justificativas” QUE NO FUNDO
SERVEM APENAS PARA CONDENAR O OUTRO, NÃO SERVINDO PARA MIM E MEU CASO. Entenda:
ainda hoje vigora acreditar que a mulher corrompe o homem; dizem que a traição
esta no DNA do homem; que o instinto do homem é reproduzir, gerar novos seres,
(…). Pode até ter fundamento científico, mas é nítido que para fugir de nossas
próprias mazelas temos mania de contar a história do jeito que nos agrada.
(segundo ângulo).
Mas
tem um porém… De Deus nada fica oculto!
“(…)
Susana, porém, chorando, disse em voz alta: ‘Ó Deus eterno, que conheces as
coisas escondidas e sabes tudo de antemão, antes que aconteça! Tu sabes que é
falso o testemunho que levantaram contra mim! Estou condenada a morrer, quando
nada fiz do que estes maldosamente inventaram a meu respeito. O Senhor escutou
sua voz” (Dn 13, 42-44)
A
mulher pecadora era um pequeno problema, pois uma pedrada, uma ofensa, uma
repreensão resolveria, mas aonde fica a justiça e o amor ao próximo? Tantos
dedos apontado, mas nenhum acolhendo (…). Encontramos talvez o grande problema:
Nossa omissão perante as injustiças!
Não
estou fazendo apologia ao pecado, mas é nítido e visível que aqueles que mais
apontam não têm coragem de olhar suas próprias mazelas e apedrejá-las. Não
agimos com toda força, de toda alma e de todo coração contra isso, portanto não
pomos em prática o que Jesus nos ensinou (terceiro ângulo).
Por
fim o quarto ângulo! Tudo tem uma hora em nós! Um dia a gente amadurece. Um a um
a começar pelos mais velhos. No próximo “apedrejamento” que presenciarmos
(fofocas, disse me disse ou simplesmente “falar mal” de alguém) tenhamos uma
postura diferente.
“(…)
Se alguém causou tristeza, não me contristou a mim, mas de certo modo – para não
exagerar – a todos vós. Basta a esse homem o castigo que a maioria dentre vós
lhe infligiu. Assim deveis agora perdoar-lhe e consolá-lo para que não sucumba
por demasiada tristeza. Peço-vos que tenhais caridade para com ele, Quando vos
escrevi, a minha intenção era submeter-vos à prova para ver se éreis totalmente
obedientes”. (II Coríntios 2, 5-9)
Sejamos
mais justos: “Só a justiça gera a paz”!
Um
imenso abraço fraterno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário