8 de Março de 2015 - Evangelho - Jo 2,13-25
Jesus sabendo do que os judeus e as pessoas
pensam e fazem do templo e da festa da páscoa, Ele se levanta e dá um novo
direcionamento daquilo que seria a verdadeira adoração e pureza. E sobretudo a
nova relação para com o verdadeiro templo. Assim, no Evangelho de João, Jesus
denuncia o sistema do templo como negação do projeto de Deus. Com a expressão
“a Páscoa dos judeus”, João nos dá veladamente a conhecer que esta não é a
festa de Jesus. A verdadeira Páscoa não consiste no que eles faziam.
Senão vejamos: Jesus está em Jerusalém, durante a Festa da Páscoa,
muitos crêem nele porque viram os milagres que ele fazia. Mas Ele não confia
neles, pois os conhecia muito bem. E ninguém precisava falar com Ele sobre
qualquer pessoa, pois ele sabia o que cada pessoa pensava.
No episódio da expulsão dos vendilhões do templo de Jerusalém, ao
se referir à sua ressurreição, Jesus deixou claro que Ele era o templo novo e
definitivo. Do templo de pedra se passou à noção do templo espiritual. Depois
de sua vitória sobre a morte, ressuscitando imortal e impassível, esse corpo,
sinal da presença divina neste mundo, conhecendo um novo estado transfigurado,
permitirá sua presença em todos os lugares e em todos os séculos através da
Eucaristia.
Do antigo templo de Jerusalém nada restará e a
destruição da Cidade de Davi no ano de 70 será o sinal de que a casa projetada
por Davi e edificada por Salomão tinha cumprido sua missão profética. São Paulo
captou esta mensagem de maneira maravilhosa e nas suas Cartas demonstrou que o
cristão é ele próprio templo de Deus por ser membro do Corpo de Cristo. Ediz
aos Coríntios: “Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo?” (1 Cor
6,15) e explicará aos Efésios que os batizados são “edificados sobre o
fundamento dos apóstolos e profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo
Jesus. É nele que todo edifício, harmonicamente disposto, se levanta até formar
um templo santo no Senhor. É nele que também vós outros entrais
conjuntamente, pelo Espírito, na estrutura do edifício que se torna a habitação
de Deus” (Ef 2,20-22). Se Jesus exigiu respeito ao templo edificado pelos
homens, muito mais ele requer acatamento para com a casa espiritual que é o seu
seguidor: “Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá.
Porque o templo de Deus é sagrado – e isto sois vós” (1 Cor 3,17).
Indaga então: “Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que
habita em vós, o qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos
pertenceis?” (1Cor 6,19). O templo de Jerusalém era uma prefiguração,
indicativa, mas sombra, da realidade que se daria para os cristãos.
Cumpre, portanto, a cada batizado embelezar esta casa de Deus com a
prática das virtudes. Aí está o alicerce para um namoro e casamento cristão e
santo, a base do respeito ao próprio corpo, o fundamento da fuga da bebida, das
drogas e de qualquer imoralidade. Para tanto é preciso muita oração, a
mortificação, a fuga das ocasiões de pecado e tudo fazer com amor a Deus e ao
próximo. É deste modo que o cristão se torna uma testemunha viva de Cristo
ressuscitado, fortificando-se a cada hora com a Palavra de Deus.
A luta é grande mas nunca se deve esquecer o que disse Jesus a São
Paulo: “ Minha graça te basta” (2 Cor 12,9). Eis por que o Apóstolo podia
afirmar: “Pela graça de Deus, sou o que sou, e a graça que ele me deu não tem
sido inútil. ” (1Cor 15,10). Portanto, embora o fato de Deus habitar no
interior de cada um seja um privilégio, com os auxílios divinos é possível
viver em função desta dignidade.
Deus nos propõe constante conversão para a
purificação do Corpo de Cristo que somos nós. Quem sabe sejamos estimulados a
retirar do culto cristão todo o cheiro do esterco do diabo que é o dinheiro. Se
bem que, com ele, podemos fazer muita caridade, mas é bom que esteja fora do
culto. O culto não é meio de vida nem lugar da exploração do povo como é feito
em diversas igrejas e templos. O templo deve ser purificado de toda as sujeira,
pela água salvadora. O corpo, templo do Espírito, seja também purificado das
marcas do pecado neste tempo da Quaresma.
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