Quinta-feira -
Semana Santa
A
SANTA CEIA
Coenantibus
autem eis, accepit Jesus panem, et benedixit ac fregit, deditque discipulis
suis, et ait: Accipite et comedite; hoc est corpus meum. Et accipiens cal icem,
gratias egit, et dedit illis dicens: Bibite ex hoc omnes. Hic est enim sanguis
meus novi Testamenti, qui pro multis effundetur in remissionem peccatorum...
Erat autem recumbens unus ex discipulis ejus in sinu Jesu, quem diligebat Jesus
(Mt 26, ; Jo 13).
Enquanto
comiam, tomou Jesus o pão e, depois de pronunciar a bênção, partiu-o e deu-o
aos seus discípulos, dizendo: Tomai, comei. Isto é o meu corpo. Tomou, em
seguida, um cálice, deu graças e entregou-lhes dizendo:
Este
é o meu sangue, sangue da aliança, que vai ser derramado por muitos para a
remissão dos pecados ... Ora um dos discípulos, aquele que Jesus amava, estava
à mesa junto do peito de Jesus (Mt 26, 26-28; Jo 13, 12).
Primeiro
Prelúdio. O Cenáculo. Jesus está como transfigurado no meio dos seus apóstolos.
As fontes do amor vão abrir-se para darem ao mundo a Eucaristia.
Segundo
Prelúdio. Obrigado, Senhor. Com S. João, agradeço-vos, amo-vos, dou-me todo a
vós.
PRIMEIRO
PONTO: A Eucaristia. - Ó prodígio inaudito! O Senhor supremo faz-se alimento da
sua pobre e miserável criatura!
Enquanto
comiam, nesta noite da última Ceia, Jesus estava sentado com os seus
discípulos. - Ergue os olhos para o seu Pai e recolhe-se numa ardente oração.
Está como transfigurado. - Consideremos o céu aberto acima da sua cabeça: os Anjos
admirados tremem de alegria e de temor ... de alegria: a Eucaristia inflamará e
santificará tantos corações! Acenderá no seio da Igreja uma tal fogueira de
dedicação e de amor!... de temor também: a Eucaristia encontrará tantos
ingratos! Será profanada pelos Judas de todos os séculos!
Escutemos
as palavras de Jesus: «Tomai e comei, isto é o meu corpo; bebei, isto é o meu
sangue ... ». - Eu vos saúdo, ó verdadeiro corpo, nascido da Virgem Maria!
Verei
os apóstolos aproximarem-se, tomarem o seu lugar nesta primeira comunhão ...
Maria, a Mãe bem-amada de Jesus! Quem poderia dizer o ardor da sua caridade! É
o seu Filho que ela recebe! É a carne, é o sangue que ela lhe deu! Correntes de
amor sobem para o céu nos transportes desta casta união, destes santos arrebatamentos.
«Fazei
isto em minha memáris-, acrescenta Jesus, e os seus apóstolos são feitos
sacerdotes para a eternidade. Unamo-nos ao seu acto de fé e de amor.
SEGUNDO
PONTO: Judas! - A Paixão começa no Cenáculo, com a atitude de Judas tão
cruelmente ofensiva para o Coração de Jesus. O traidor já vendeu o seu divino
Mestre. Entretanto assiste hipocritamente à Ceia e à instituição da Eucaristia.
Comunga sem dúvida sacrilegamente.
Nosso
Senhor experimenta abatimento e piedade. Tenta ainda salvá-lo. Adverteo: «Um
de vós, diz, que estais comigo a esta mesa, trelr-me-e-, Isto devia recordar ao
traidor a lamentação de David: «Se um inimigo me tivesse ofendido, tê-lo-ia
suportado, mas vó~ um amigo que vivia à minha mesa ... »
Nosso
Senhor deixa manifestar a sua tristeza, não por causa de si mesmo, Ele sabe que
deve morrer: «No que diz respeito ao Filho do homem, diz, vai acontecer segundo
o que foi determineao». Mas entristece-se por causa do crime do seu discípulo:
«Ai daquele, diz, pelo qual o Filho do homem é treidot: (Lc 22,22). Mas nada
toca o pecador endurecido.
Ó
Coração sagrado, vítima dos homens, peço-vos perdão pela traição de Judas e
pelos crimes que vos hão-de afligir, humilhar, e ferir até ao fim dos tempos
sobre todos os altares da terra; perdão pelos cristãos indignos, perdão pelos
sacerdotes apóstatas!
TERCEIRO
PONTO: S. João sobre o Coração de Jesus. - Entremos no Cenáculo no momento da
acção de graças desta primeira comunhão da terra. S. João repousa com abandono
e ternura sobre o Coração de Jesus. É a realização de um quadro do Cântico dos
Cânticos: «O meu Bem-Amado é para mim e eu sou para ele ... Eu sou para o meu
Bem-Amado e o seu Coração volta-se para min» (Cant. 2).
Jesus
compraze-se na sua imolação eucarística. Esta Páscoa fecunda, que Ele acaba de
celebrar com os seus discípulos, renovar-se-à sobre o altar até ao fim dos
tempos. É o maná do Novo Testamento, o pão da vida, o pão dos fortes, as
delícias dos santos, o penhor da salvação e da ressurreição.
S.
João, o apóstolo virgem, o amigo do Esposo, o familiar de Cristo, extasia-se
com a comunhão que acaba de fazer, deixa cair ternamente a sua cabeça sobre o
peito do seu Mestre querido. Ele é puro, e a castidade dos sentidos e do
coração permite ao homem a intimidade com Deus. Atracção inefável que desprende
o discípulo da terra e o eleva à região superior da beatitude e do amor.
O
discípulo bem-amado apoia sobre o coração sagrado de Jesus os seus lábios donde
brotarão os rios da teologia sagrada, a sua fronte que tantos raios
maravilhosos de ciência e de sabedoria devem ornamentar, e cingir a auréola dos
apóstolos, dos profetas, das virgens, dos mártires.
Cristo
reservou a ele somente, porque é puro, escrever com a sua mão os mistérios da
pureza incriada, do Verbo de Deus feito carne pela salvação do mundo.
S.
João, discípulo bem-amado, atraí-nos convosco para o peito de Jesus quando
estamos unidos a Ele na comunhão.
Resoluções.
- Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou por eles para lhes
assinalar o seu amor! E eu que farei para lhe dar amor por amor? Irei à
Eucaristia com uma pureza e um fervor que me aproximam das disposições de S.
João.
Colóquio
com S. João.
(Leão
Dehon, OSP 3, p. 364ss. Tradução do Pe. José Jacinto Ferreira de Farias, SCJ)
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