QUARTA FEIRA SANTA 01/04/2015
1ª Leitura Isaias 50, 4-9a
Salmo 68 (69) 14cb
Evangelho Mateus26, 14 - 25
" Um de Vós vai me
trair..."
É o mesmo relato de ontem, mas agora
do jeito de MATEUS. No evangelho de ontem, quando Jesus vai anunciar que será
traído, o texto fala que ele está angustiado e perturbado em seu espírito,
lembram-se? Podem conferir o texto de João.... Pois no evangelho de hoje, essa
angústia e aflição muda de lado, são os discípulos que ficam angustiados e
aflitos, e começam a indagar "Senhor, por acaso serei eu?". E Pedro,
logo ele, dá uma cutucada a João, que estava perto do Mestre, quer saber quem é
o desavergonhado, quem sabe, para tomar uma providência...
O Jesus de Mateus, que escreve para
a comunidade Cristão Judaica, é firme e não demonstra nenhuma perturbação
quando anuncia a traição. É que Mateus apresenta um Jesus fiel à missão, e que
cumpre todaa Vontade do Pai, com firmeza e determinação. Entretanto, há algo
que o leitor fica se perguntando, "Se ele cumpre a vontade do Pai, porque
demonstrou sua indignação ao dizer "Ai daquele que irá trair o Filho do
Homem, melhor seria que não tivesse nascido....".Ora, se era vontade do
Pai, então Judas estava fazendo o seu papel, e estava, por assim dizer
"Colaborando" para que tudo acontecesse, conforme o previsto....Jesus
até poderia tratá-lo bem, era preciso que alguém o traísse para que ele fosse
condenado á morte, e Judas aceitou o papel de traidor....
Esta seria uma leitura ingênua desse
evangelho, pois facilmente podemos cair no fatalismo, "Deus quis
assim....foi feita sua vontade". Coitado do nosso Deus, quantas desgraças
e tragédias jogamos em suas costas…Aliás, tem gente que se safa de situações
apertadas jogando a culpa em Deus ou no Diabo.
Com toda certeza, muitas vezes Jesus
conversou com Judas, expôs sua missão, exortou-o a não entrar pelo caminho
errado, disse-lhe do perigo que corria, aoconfundir o seu Messianismo com
alguma ideologia política e ali á mesa, deu-lhe a última dica...uma
oportunidade para Judas pensar no assunto, rever a sua atitude, quem sabe, usar
o seu livre arbítrio e mudar de vida, por fidelidade a Jesus, mesmo que não
compreendesse bem o seu messianismo, pois Pedro também não entendia, mas o
aceitou como ele era.
Portanto, não se trata do anuncio de
uma fatalidade, mas um jogo de palavras, mostrando que a questão estava em
aberto e Judas ainda poderia dar outro rumo á sua vida. Assim que Judas saiu de
cena, rompendo portanto com a comunidade, Pedro, querendo amenizar o mal
entendido, e melhorar o clima do jantar, já no Horto das Oliveiras, quando
Jesus anuncia que ele será motivo de queda para todos eles, vai apresentar-se como diferente, o melhor e o
mais fiel de todos, "Para mim jamais serás motivo de queda, Senhor".
Com essas palavras Pedro estava dizendo que Jesus podia contar com ele
sempre...Pobre Pedro, que ducha de água fria levou na cabeça, quando Jesus diz
que ele irá negá-lo por três vezes,
antes que o galo cantasse...
Nossas mãos não tocam no mesmo
prato, o pão com Jesus, mas tocam em Jesus que é o Pão da Eucaristia, somos tão
íntimos dele como Judas o era, e todos os discípulos. Seria um erro pensarmos
que o nosso pecado é bem menor que o de Judas e de Pedro, na própria comunidade
caímos em contradição, quem dirá quando estamos fora dela. E por que agirmos
dessa maneira, ao estilo de Pedro ou de Judas? Por que diferente de Jesus de
Mateus, buscamos a nossa vontade, que coincide com a vontade de Pedro e de
Judas: vencer pelo caminho mais fácil, chegar á glória da ressurreição, sem ter
de passar pelo triste trajeto do calvário, que nos assusta e amedronta....
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