2 2 de março
Os Evangelhos são coletâneas de memórias de Jesus
de Nazaré, elaboradas em meio às primeiras comunidades de discípulos,
principalmente aquelas vinculadas a Jerusalém, oriundas do judaísmo. Estas
memórias foram surgindo de acordo com as expectativas tradicionais do Primeiro
Testamento, voltadas para o messias glorioso e poderoso. Após a morte de Jesus,
este messias foi projetado no Cristo ressuscitado. Em conseqüência, os
Evangelhos, escritos algumas décadas após a morte de Jesus, interpretam sua
vida sob a ótica do ressuscitado. Assim, nas falas de Jesus foram inseridas
referências a sua própria morte e ressurreição. Filipe e André, bem como seu
irmão Pedro, eram de Betsaida, cidade de cultura predominantemente grega,
situada ao norte do Mar da Galiléia. Alguns gregos, provavelmente seus
conhecidos, se aproximam manifestando o desejo de ver Jesus. Evidencia-se como
os gregos se interessaram em participar da vida que ele comunica. É o
testemunho de que existiam comunidades de discípulos de Jesus no mundo
gentílico, fora da influência do judaísmo. Jesus afirma que chegou a hora da
sua glorificação. É a glória do Filho do homem (o humano), e não do messias
poderoso. A glória de Jesus é sua missão levada até o fim com os frutos do
anúncio e a comunicação da vida eterna (“salvação eterna”, conforme a teologia
sacrifical da carta aos hebreus – segunda leitura) a todos os povos, sem
restrições étnicas, nacionalistas, ou de particularidades religiosas. Os
discípulos são convidados a dedicar a vida a esta missão do anúncio da
esperança e à comunicação de amor e vida, que é a glória de Deus. A “lei no
coração” anunciada por Jeremias (primeira leitura) é o mandamento do amor
comunicado por Jesus, que une a todos e traz a paz.
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