31 de Março de 2015- Evangelho - Jo 13,21-33.36-38
Estamos no dia mais movimentado do Ministério
Público de Jesus. Trata-se da última Terça Feira que Jesus passou na terra,
antes da Sua morte na cruz.
O dia começou bem cedo, com a saída de Jesus e Seus discípulos de
Betânia para Jerusalém, e terminou pela noite dentro, num jantar, em Betânia,
onde Maria unge Jesus para a sepultura, Jesus aponta o traidor e delineia o
conteúdo do novo mandamento e de onde Judas sai possuído por Satanás, para
trair o seu Mestre, entregando-o aos principais dos sacerdotes e capitães do
templo. Infelizmente, Judas é uma peça na articulação dos chefes religiosos do
templo e das sinagogas ao planejarem a morte de Jesus. Felizmente porque tendo
sido configurado o ato de traição de Judas, Jesus anuncia a glorificação do
Filho do Homem. É a manifestação plena do amor de Jesus, até o fim, sem
limites. A partir da traição de Judas a glória de Jesus:Paixão e Morte, é a
obra de Sua vida em plenitude, pela qual nos tornamos eternamente perfeitos.
O dia está cinzento e nublado por causa dos bombardeamentos, de
acusações e respostas dadas pelo Senhor às ardilosas questões dos fariseus,
saduceus e herodianos, sobre a sua autoridade, ressurreição dos mortos,
tributo, grande mandamento; fica também o discurso escatológico de Jesus, a
profecia da destruição de Jerusalém, ensinos sobre a segunda vinda, condenação
dos ímpios e galardão dos salvos.
É um dia terrivelmente desgastante e que só Jesus, o Senhor, podia
concretizar. Ele foi fiel, concreto e objetivo. Nada deixou por fazer.
É Terça-feira santa Jesus vislumbra já a Sua futura trajetória na
qual com a Cruz às costas e com um sorriso dirá: Está consumado.
O evangelista João dirá várias vezes que se tratava de um ladrão.
Logo, alguém de caráter duvidoso, de quem se pode esperar tudo. A traição seria
apenas mais uma manifestação da personalidade malsã deste discípulo. Os
evangelhos, em geral, referem-se a Judas como alguém que vendeu sua própria
consciência ao aceitar entregar o Mestre por um punhado de dinheiro.
Entretanto, é possível suspeitar de outras razões desta atitude tresloucada.
Será que Judas entendeu, de fato, o projeto de Jesus? Terá sido capaz de abrir
mão de seus esquemas messiânicos para aceitar Jesus tal qual se apresentava?
Estava disposto a seguir um Messias pobre, manso, amigo dos excluídos e
marginalizados, anunciador de um Reino incompatível com a violência e a
injustiça? Judas esperava tirar partido do Reino a ser instaurado por Jesus.
Vendo frustrado o seu intento, não teria tido escrúpulo de traí-lo? Uma coisa é
certa: Judas como muitos de nós, estava longe de sintonizar-se com Jesus. Algo
parecido acontecia com Pedro, que haveria de negá-lo. A diferença entre os dois
é que este recuou e se converteu à misericórdia do Senhor.
Meu irmão minha irmã o texto de hoje nos revela a
Festa já da última Ceia. S. João vai interpretando os acontecimentos de maneira
simbólica: atrás do pão, Satanás entra em Judas; já era noite; a morte de Jesus
que já ferimos, é a sua glorificação; Pedro, segui-l’O-à depois, mas antes O
nega. Espiritualmente está com vontade e desejo de seguir o seu Mestre. Mas a
carne impedia-o de fazê-lo. Jesus está cada vez mais abandonado dos homens, ao
mesmo tempo em que é o seu Salvador, por isso não olha para traz e segue o Seu
caminha. Ele sabe que chegou a hora da glorificação do Filho do Homem: Agora
a natureza divina do Filho do Homem é revelada, e por meio dele é revelada
também a natureza gloriosa de Deus. E, se por meio dele a natureza gloriosa de
Deus for revelada, então Deus revelará em si mesmo a natureza divina do Filho
do Homem. E Deus fará isso agora mesmo.
Depois da rejeição dos meios oficiais, vem agora a traição e a
negação dos seus. Esta foi a atitude dos dois discípulos. Mas, muitas vezes é
nossa também. Quantas vezes depois de um emprego adquirido, depois de uma linda
esposa ou esposo maravilhoso, de um filho pedido, uma casa própria, de uma
graça recebida, colocamos Jesus de lado e o que é grave trocamo-l’O pelos bens
temporais e o negamos?
Olhemos para nós e nos perguntemos se somos fiéis ao Evangelho e se
O testemunhamos no mundo de hoje.
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