22 de Março - DOMINGO - Evangelho
- Jo 12,20-33
Se
o grão de trigo cair na terra e morrer, produzirá muito fruto.
Este
Evangelho narra que, durante a festa em Jerusalém, um grupo de peregrinos
gregos aproximou-se de Filipe e disse que queriam ver Jesus. Quando recebeu o
recado, Jesus fez esta bela comparação do grão de trigo. Foi justamente durante
esta festa que ele foi condenado e morreu.
O
sentido é claro: quem quer, de coração aberto, aproximar-se de Jesus, vai se
tornar como o grão de trigo, isto é, como qualquer semente: a exemplo de Jesus,
vai morrer para produzir muitos frutos.
Foi
uma forma de preparar os peregrinos para o que ia acontecer no final da novena:
a morte de Jesus. Preparar não só os peregrinos, mas a nós que acreditamos em
Jesus. Logo após a comparação, Jesus disse a mesma coisa, sem nenhuma parábola:
“Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste
mundo, conservá-la-á para a vida eterna”. O cristianismo não é água com açúcar,
mas uma religião radical, até paradoxal: só vive quem topa morrer.
O
caminho de Jesus é o nosso caminho. A sorte de Jesus é a nossa sorte. E não há
outro jeito de chegar ao Céu nem de colaborar na construção do Reino de Deus.
“Se
alguém me segue, onde eu estou ele estará também... E meu Pai o honrará”. O Pai
vai honrar o discípulo de Jesus com a ressurreição e fazendo-o dar muito fruto.
“Sinto-me
angustiado. E que direi? Pai, livra-me desta hora? Mas foi precisamente para
esta hora que eu vim!” Dias depois, no Jardim das Oliveiras, tocado pela
iminência das torturas e da morte, Jesus dirá: “Meu Pai, se possível, que este
cálice passe de mim. Contudo, não seja feito como eu quero, mas como tu queres”
(Mt 26,39). Aqui a angústia chegou ao extremo, ou melhor, chegará ao extremo na
cruz, quando ele dirá: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mt 27,46;
Mc 15,34). A cruz é cruz mesmo! Ninguém escolhe o tipo de cruz que vai
carregar, nem Jesus escolheu. Mas atrás dela brilham raios de luz, que é a
ressurreição.
Nenhum
cristão quer sofrer ou procura sofrimento. O que queremos é amar, e amar
sempre, a Deus e ao próximo. Por isso que passamos pela cruz. Aí está resumido
o mistério da vida cristã: pela dor chega à alegria, pela humilhação chega à
glória, pela morte chega à ressurreição. Tudo por causa do amor assumido e
vivido, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na morte e na vida.
É
bom lembrar que foram as palavras desses peregrinos gregos que a Igreja no
Brasil tomou como lema do projeto de evangelização dos anos 2004 a 2007. O lema
era: “Queremos ver Jesus, caminho, verdade e vida”.
Santo
Atanásio viveu no séc. IV e foi bispo de Alexandria, no Egito. Surgiu na época
uma seita religiosa chamada arianismo. Os arianos diziam que Jesus não era
Deus, mas apenas filho de Deus. A seita cresceu tanto, que o Papa convocou o
Concílio de Nicéia, que elaborou o nosso Credo Niceno-constantinopolitano, no
qual afirmamos que Jesus é “Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus
verdadeiro, gerado não criado, consubstancial ao Pai”.
Como
Atanásio teve grande influência no Concílio, os arianos declararam guerra
contra ele. E, para complicar, a heresia contava com o apoio do poder político,
econômico e militar de Alexandria. A perseguição ia desde baixas calúnias até
ameaças de morte.
Cinco
vezes, Dom Atanásio teve de fugir para o deserto, onde passava meses escondido.
Nos
seus últimos cinco anos de vida, ele passava o dia escondido dentro de um
túmulo do cemitério, e à noite governava a diocese.
Com
Santo Atanásio aconteceu um fato curioso. Como ele foi sepultado na catedral,
quando morreu, saiu do cemitério!
Nós
admiramos Santo Atanásio e até hoje veneramos a sua memória. Com ele aconteceu
exatamente o que disse Jesus: Se o grão de trigo cair na terra e morrer,
produzirá muito fruto.
Quem
perseverar e passar pela crise do grão de trigo jogado na terra úmida, dará
muitos frutos, como deu Jesus, Maria e Atanásio.
Se
o grão de trigo cair na terra e morrer, produzirá muito fruto.
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