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de Março de 2015-Jo 8,1-11
No Evangelho de hoje, a pergunta dos mestres da
lei tinha uma resposta clara segundo a Torá e a tradição. Porém existiam umas
conclusões que podiam colocar em situação crítica aquele que respondesse
legalmente à pergunta solicitada. Caso Jesus desse uma resposta afirmativa, ele
seria condenado pela autoridade romana como executor de uma sentença de morte,
à qual não tinha direito; e, portanto seria punido como um assassino. Caso sua
resposta fosse negativa, Jesus seria condenado como quem despreza a lei pátria
e seu desprestígio seria máximo entre os judeus ortodoxos, com uma reputação
totalmente negativa que o aniquilava como mestre em Israel.
Por isso, como bom Mestre, Jesus nada responde e se inclina para
escrever no chão como quem desenha letras sem sentido na terra. Ele se
desentende de um problema que não é seu e que não tem por que responder, pois
ele não tinha testemunhado o adultério e não era juiz no caso, que como caso de
morte seria o sinédrio quem o julgaria. Eram as testemunhas que deviam atuar
através da denúncia ao juiz e atirando as primeiras pedras, para que o povo
respondesse e assim evitar o mal que do contrário, contaminaria todo o povo (Dt
22, 22). È costume entre os árabes fazer traços com o dedo quando o que estão
escutando não é de seu interesse. É possível que Jesus atuasse em consonância
com esta última suposição. Por isso os acusadores insistem.
Para entendermos a resposta de Jesus, devemos buscar precedentes na
tradição e na Lei. Já disse que são as testemunhas que deveriam ser as
primeiras pessoas a atirar as pedras que deviam ser dirigidas ao coração da
vítima para acabar de imediato com sua vida. Quem estiver sem pecado entre vós
atire a primeira pedra. Pela resposta de Jesus e venho que naquele tempo os
homens adúlteros eram tantos que se deixou de aplicar a lei. E então, suas
atitudes estavam em confronto com a posição do Mestre: O sem pecado entre vós
seja o primeiro a lhe atirar a pedra. Ninguém esperava esta resposta que
respeita a lei e não é um mandato, mas um aviso e uma lição.
Meu irmão minha irmã, nós que gostamos de julgar
e condenar os outros por pouco que façam de errado. Não podemos e nem temos o
direito de julgar e condenar se somos culpados do mesmo delito. Veja que os mestres
da lei atacaram a Jesus com a lei. Mas Ele os contra-ataca com a consciência,
que é a lei suprema para todo homem em particular. O que aconteceu ontem se
repete em nossos dias. Que aconteceu dentro da consciência dos acusadores? Por
que começaram a desfilar, a começar pelos mais velhos? Eles ficaram com a
consciência pesada de tantos pecados e por isso fora saindo um por um. Os mais
velhos foram os primeiros. Efetivamente os jovens são como discos novos em que
o pecado inicia seu caminho de vício e raia com a ação repetitiva a
consciência do indivíduo. Os mais velhos não são mais pecadores, mas os que
acumulam maior número de pecados. Os mais velhos entenderam por experiência que
agora eram eles, as testemunhas, as que passavam de declarantes a juizes e o
processo e a condenação estava transferido de Jesus a eles mesmos. Jesus não
poderia ser incriminado nem pela relaxação da lei de Moisés, nem pela execução
de uma pessoa que a lei romana não permitia na época.
A morte da adúltera não era o motivo principal da denúncia, pois o
que pretendiam era a implicação de Jesus na morte da mesma. Faltando este
último, o teatro urdido desmoronava como um castelo de cartas.
Falando do perdão S Agostinho, diz que no fim duas pessoas estavam
presentes na cena: a miséria e a misericórdia. Se ninguém a condenava, Jesus
tampouco a condena. A lei divina foi transformada por esta sentença: sempre que
o arrependimento seja sincero e o acompanhe o propósito de não pecar mais, o
perdão será absoluto O passado é apagado e o futuro só depende do presente e
das disposições do momento. A memória servirá para enaltecer a bondade de Deus
que perdoa, sem exigir compensações e reditos pelo passado.
É assim que Deus faz conosco quando erramos e
Jesus nos ensina a fazer quando os nossos nos ofendem. Portanto, a sabedoria de
Jesus dá um xeque-mate a quem pensava tê-lo apanhado. E é precisamente por meio
de uma consciência que aparentemente não funcionava que os mais velhos
reconhecem seu erro e retiram sua denúncia. Como está a tua consciência quando
censuras o teu marido, esposa, filho, filha, pais, vizinho, colega, funcionário
ou qualquer um com quem te encontras pelo caminho pelos mesmos delitos que nós
usualmente cometemos e talvez até mais graves do que os que consegues enxergar
dos outros? Lembro-te que muitas falhas erros que os outros cometem teriam
solução na tua casa se nós os assumíssemos como nossos e nos empenhássemos a
resolve-los. Até porque neles somente os contemplamos para criticá-los e não
para ajuda na solução. Verdade ou mentira?
Levante os olhos e veja que o perdão divino é mais amplo do que nós
geralmente acreditamos. Só exige que tenhamos a vontade de não optar mais pelo
mal. Pare de olhar para o pecado do outro e de formular um juízo de condenação,
pois os teus são maior do que os do outro. A única diferença é que os teus são
invisível e dificilmente os vês com os teus olhos ao passo que os dos outros
consegues ver. Mas se te colocas no lugar do outro e te propões a ajudar para
que o outro se levante e caminhe. Terás ganhado o seu irmão e tu terás a tua
recompensa nos céus.
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