26 de julho-Sábado-Evangelho
- Mt 13,16-17
No
Evangelho de hoje somos convidados a contemplar duas realidades. Duas pérolas,
uma de mais e outra de menos valor. A de grande valor é escondida com a máxima
segurança para não ser descoberta por ninguém. O mais importante nelas é a
focalização da opção radical pelo Reino da justiça, diante do qual vale a pena
arriscar tudo, alegremente. Ambas mostram a atitude de alguém que vende tudo o
que possui para conquistar o novo, algo de valor incalculável, o único valor
absoluto.
A
primeira parábola é a do tesouro escondido no campo. A parábola não compara o
Reino com o tesouro, mas quer mostrar o estado de ânimo de quem encontra esse
tesouro, comparando esse estado de ânimo com o que deveria animar os que
descobrem o Reino da justiça como valor absoluto de suas vidas. Como reage quem
encontra um tesouro? Como reage quem descobriu que a justiça é o único caminho
para conseguirmos sociedade e história novas?
O texto
não afirma que o descobridor estivesse à caça de tesouros escondidos.
Simplesmente foi por providência, foi sem esforço. O Reino da justiça também
não é objeto de buscas intermináveis. Está debaixo de nossos pés, ao nosso
alcance, em nosso chão. A reação de quem encontrou o tesouro é de alegria e
desembaraço de tudo para a obtenção desse tesouro. Aí está, diz Mateus, o
estado de ânimo de quem descobriu, na prática da justiça do Reino, o filão
escondido do mundo novo.
O Reino
é dom gratuito, manifestado na prática de Jesus. A esse achado inesperado
correspondem alegria e desprendimento total. Não se trata de renunciar para
obter o Reino de Deus. É sua descoberta que possibilita desembaraçar-se
alegremente de tudo.
A
segunda parábola é a da pérola de grande valor. Há algumas diferenças em
relação à anterior: o fato de o comprador estar buscando pérolas e a não menção
da alegria com que vende todos os seus bens. Contudo, o significado é o mesmo
da parábola anterior: pelo fato de encontrar um valor maior, desfaz-se de tudo
para possuí-lo, porque vale a pena. Fique bem claro, porém, que o Reino do Céu
não é troca de mercadorias. Não pode ser comprado como o campo que esconde o
tesouro, ou como a pérola. As parábolas querem salientar que nada faz falta a
quem descobriu o sentido e o valor da luta pela justiça.
A
parábola da rede lançada ao mar prolonga o tema da parábola do joio no meio do
trigo e tem sabor de escatologia final. Na sociedade convivem lado a lado
“peixes bons” e “peixes ruins”. Quem lança a rede é Deus e só a Ele compete
ordenar a triagem. O juízo constará de separação. A parábola, portanto, mostra
às comunidades cristãs qual será sua sorte final se perseverarem no
discernimento e na opção definitiva pelo Reino de justiça.
Os
versículos 51-52 pretendem ser a conclusão das parábolas. A insistência cai
sobre a compreensão ou discernimento. “Vocês compreenderam tudo isso?” Não se trata simplesmente de entender
o sentido das parábolas mas, antes de compreender, assumir o ensinamento e a
prática do Reino que elas manifestam. Trata-se de compreender o mistério do
Reino, que pode ser resumido em dois pontos:
1. O
mistério do Reino já foi e continua sendo manifestado naquilo que Jesus diz e
realiza. 2. O que Ele diz e realiza se prolonga na prática da comunidade cristã
em meio a uma sociedade conflituosa. A função da comunidade não é fazer a
triagem ou fugir da realidade, mas dar continuidade à prática de Jesus.
Os
discípulos afirmam ter compreendido tudo isso. Por isso “todo
doutor da Lei que se torna discípulo no Reino do Céu é como um pai de família
que tira do seu baú coisas novas e velhas”.
Este
“pai de família” sou eu, é você, quando fazemos uma opção radical por Jesus, a
“pérola de grande valor”, o único Caminho, Verdade e Vida de todo e qualquer
ser humano.
Padre Bantu Mendonça
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