11 de Outubro - Sexta - Evangelho - Lc 11,15-26
Se é pelo dedo de
Deus que expulso os demônios, então chegou para vós o Reino de Deus.
Este Evangelho
narra duas reações negativas que algumas pessoas tiveram, ao ver Jesus
expulsando um demônio. Umas diziam que era pela força do príncipe dos demônios,
e outras lhe pediam um sinal do céu mostrando que ele é realmente o Messias.
Os chefes do povo
detestavam Jesus e queriam destruir a influência dele no meio do povo a todo
custo. Mas agora ficou difícil, porque Jesus acabava de expulsar um demônio, o
que torna inegável uma força sobrenatural agindo do lado dele. Então os seus
inimigos começaram a dizer ao povo Ele age por força sobrenatural sim, mas é
por Belzebu, o príncipe dos demônios. Belzebu era um antigo deus pagão, deus
mau, que no pensamento popular tornou-se o chefe dos demônios.
A expulsão de um
demônio é um milagre e um sinal fortíssimo de que Jesus é o enviado de Deus. No
entanto, o próprio Deus fez de tal modo que os sinais não forçam ninguém a
crer. Eles são ambivalentes e alguns podem até se aproveitar deles para ir
contra quem os fez. A fé tem de ser um ato livre e não forçado por uma clara
evidência. Assim, Deus respeita a nossa liberdade. Foi o que aconteceu aqui:
alguns estavam com os olhos como que vendados e não viam os sinais que Jesus
fazia e lhe pediam sinais. Outros interpretavam os sinais contra o próprio
Jesus, dizendo que é pela força do mal.
Jesus, primeiro
mostra que o argumento não “pega” porque o próprio chefe expulsar os colegas
significa a destruição do grupo. Um reino lutando contra si mesmo leva o reino
à ruína.
“Quando um homem
forte e bem armado guarda a própria casa, seus bens estão seguros. Mas, quando
chega um homem mais forte do que ele, vence-o.” Esse primeiro homem forte que
toma conta de uma pessoa é o demônio. O outro mais forte é Jesus. Portanto,
Jesus é mais forte que todos os demônios, inclusive Belzebu. Está aí a prova de
que Jesus age “pelo dedo de Deus”.
Na pessoa de Jesus,
chegou à terra alguém mais forte que todas as forças do mal. Ele é capaz de
expulsar os demônios que se apoderam das pessoas e da sociedade.
Portanto, a
expulsão de um demônio mostra que chegou à terra o Reino de Deus, que é o Reino
da misericórdia e da libertação de todos os males.
Demônio, nós
sabemos, é um nome genérico que designa todas as forças do mal.
Todos os sinais que
Deus realiza no mundo pedem uma resposta pró ou contra Jesus e a sua Igreja.
Por isso que Jesus fala: “Quem não está comigo está contra mim”. Em outras
palavras, ninguém consegue ficar neutro diante de Jesus e da sua Igreja. Quem
não é a favor, é contra.
A frase “Quem não
recolhe comigo dispersa” é ainda mais forte. Ela usa a comparação com a
colheita de cereais. Diante da colheita, que é a construção do Reino de Deus, a
humanidade está dividida em apenas dois grupos: uns estão lutando pelo Reino de
Deus e outros estão lutando contra ele. Quem não se envolve na luta pelo Reino
de Deus, acaba se posicionando contra ele e trabalhando pelo reino de satanás.
E nós, estamos
recolhendo, junto com Jesus ou dispersando, junto com o reino do mal?
Naturalmente vamos dizer que estamos do lado de Jesus. Mas a nossa vida
corresponde? Quem pratica a mentira, a injustiça, o ódio, a violência, a
exploração, a poluição da natureza, a destruição da família... Quem faz isso
está dispersando, está voltando a espalhar os grãos que outros recolheram.
“Quando o espírito
mau sai de um homem... e volta, ele traz consigo mais sete espíritos piores do
que ele.” Jesus se refere a quem se converteu, tornando-se um católico
direitinho, e volta à vida de pecado. A conversão agora se torna sete vezes
mais difícil, porque a pessoa fica sete vezes pior do que era antes. Vamos
tomar cuidado com as recaídas no pecado. Feliz de quem nunca se afastou de
Deus, ou, se infelizmente o fez, que agora não volta mais ao pecado!
“É pequenino que se
torce o pepino.” Se o filho ou a filha comete um erro e os pais corrigem, tudo
bem. Mas se volta a fazer o mesmo erro, o castigo deve ser maior, porque a recaída
no erro leva a pessoa a se acostumar com o erro.
Certa vez, um grupo
de pessoas estava numa praia e viram, bem distante, em alto mar, algo parecido
com um feixe de paus boiando na água. Viram que o objeto estava se aproximando
da praia e concluíram que o vento estava trazendo.
Quando estava mais
perto, passaram a achar que se tratava de um barco quebrado boiando nas ondas.
Chegando mais próximo, viram que era um barco, novinho e bonito, com vários
turistas fazendo um passeio ao alto mar.
O mesmo acontece
com Jesus: Quem o vê apenas de longe, sem uma aproximação afetiva, tem idéias
erradas sobre ele, pensando até que age pela força de Belzebu. Mas quem o ama e
dele se aproxima com o coração aberto, recebe o dom da fé e descobre nele o
Filho de Deus, o nosso caminho, verdade e vida.
Maria Santíssima
nunca fez pecado. Ela pisou a cabeça da serpente tentadora. Mesmo assim, uma
espada de dor atravessou a sua alma. Santa Maria, rogai por nós!
Se é pelo dedo de
Deus que expulso os demônios, então chegou para vós o Reino de Deus.
Padre Queiroz
Obrigado padre Queiroz, pelas suas explicações e comentários da liturgia diária! Um abraço
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