Segunda- 4 de Novembro de 2013-Evangelho - Lc 14,12-14
Quando deres uma festa, convida os pobres... Então será feliz!
Neste Evangelho, mais do que uma parábola, Jesus nos faz um pedido muito
claro: Quando dermos uma festa, não convidemos os nossos parentes, ou amigos,
ou vizinhos ricos. Pois estes poderão nos retribuir, convidando-nos também.
Pelo contrário, que convidemos os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos...
Porque estes não nos poderão retribuir, e receberemos a recompensa de Deus, na
ressurreição dos justos.
O pedido de Jesus é facílimo de entender, porque todos nós fazemos
festinhas, de vez em quando, seja de aniversário natalício, de casamento, de
batizado, por ocasião do Natal... O problema é que a fé ainda não penetrou
tanto em nós, a ponto de nos mover a atender o pedido de Jesus. Alguns fazem
até uma “releitura”, dizendo que Jesus não quis dizer isso que ele disse, mas
outra coisa. Tudo para escapar do pedido dele, que é muito forte.
Sabemos que a recompensa de Deus é infinitamente mais generosa que a de
qualquer ser humano. É o que disse Jesus em outra ocasião: “Dai e vos será
dado. Uma medida boa, socada, sacudida e transbordante será colocada na dobra
da vossa veste, pois a medida que usardes para os outros, servirá também para
vós” (Lc 6,38). Naquele tempo, o povo usava túnicas, também os homens; e
costumavam medir cereais na dobra da própria túnica.
Como é distante a vida que levamos, da vida que Jesus nos propõe! Este é
apenas um exemplo; há muitos outros ensinamentos dele que têm a mesma
radicalidade. Por exemplo:
- Os que se casam, “já não são dois, mas uma só carne. O que Deus uniu,
o homem não separe” (Mt 19,6).
- “Se alguém te der uma bofetada na face direita, oferece-lhe também a
outra” (Mt 5,39).
- “Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe
também o manto!” (Mt 5,40).
- “Se alguém te forçar a acompanhá-lo por um quilômetro, caminha dois
com ele!” (Mt 5,41). Etc.
Jesus cita o almoço porque eles estavam almoçando. Foi apenas um
exemplo. O que ele quer é uma mudança de coração. Quando o nosso coração muda,
muda todo o nosso comportamento.
Neste Evangelho, Jesus nos pede para dar preferência aos mais pobres e
excluídos. No início de sua vida pública, ao apresentar seu programa de vida,
ele disse: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me consagrou com a
unção, para anunciar a Boa Nova aos pobres. Enviou-me para proclamar a
libertação aos presos e, aos cegos, a recuperação da vista; para dar liberdade
aos oprimidos e proclamar um ano de graça da parte do Senhor” (Lc 4,18-19).
Isso foi opção de Deus Pai. O mesmo Deus que escolheu uma mãe para seu
Filho, escolheu também uma classe social para ele viver, a fim de mostrar ao
mundo de que lado Deus está.
Jesus disse que continuaria presente na terra, em quatro situações: 1)
Na Eucaristia: “Isto é o meu corpo”. 2) Na Igreja: “Onde dois ou mais estiverem
reunidos em meu nome, eu estarei aí no meio deles”. 3) Nas crianças: “Quem
acolher em meu nome uma criança como esta, estará acolhendo a mim mesmo” (Mt
18,5). 4) E nos pobres: “Todas as vezes que fizestes isso a um destes mais
pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!” (Mt 25,40).
No Evangelho de hoje, após nos pedir para convidar os pobres para o
almoço, Jesus diz: “Então serás feliz!” Realmente, é indizível a alegria que
sente uma pessoa que tem a coragem de atender a este pedido de Jesus.
Fica para nós a pergunta: A nossa Comunidade tem o mesmo coração de
Jesus? Ela atende a esse pedido dele? “Queremos ver Jesus, caminho, verdade e
vida.” Que mostremos ao povo do terceiro milênio o verdadeiro rosto de Jesus!
Certa vez, estava se aproximando o Natal, e as catequistas de uma
Comunidade resolveram armar o presépio de forma comunitária. Cada criança devia
trazer, ou sugerir, aquilo que ela acha que devia haver no presépio.
Um menino trouxe de casa um recorte de revista, contendo a foto de
moradores de rua, entre eles várias crianças, e colocou no presépio.
A catequista lhe perguntou por quê, e ele explicou: “Eu acho que Jesus
está no meio dessas pessoas, e quer que elas tenham moradia”.
Esse garoto demonstrou um profundo conhecimento de Jesus e do seu
Evangelho.
Nossa Senhora seguiu à risca o Evangelho do seu Filho. Além de viver no
meio dos pobres, ela, no hino Magnificat, criticou duramente os ricos. “Encheu
de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias.” Que ela nos ajude a
viver com coragem o que seu Filho ensinou, mesmo estando no meio de uma
sociedade que segue, muitas vezes, o caminho contrário.
Quando deres uma festa, convida os pobres... Então será feliz!
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