Domingo, 20 de outubro de 2013
29º Domingo do Tempo Comum
Santos do Dia: Aca de Hexham (monge,
bispo), Adelina de Moriton (virgem), Aderaldo
de Troyes (fundador do priorado
de Villacerf), Aidano de Mayo (bispo), André de Creta
(mártir), Barsabas e Companheiros (mártires), Bernardo
de Bagnorea ou de Castro (bispo), Bradano e Orora (venerados
em Ile de Man), Caprásio de Agen (mártir), Irene (virgem,
martirizada perto de Nabautia), Maria Bertila ou Ana
Francisca Boscardin (virgem), Marta, Saula e Companheiras
(virgens, mártires de Colônia), Máximo
de Áquila (mártir), Sindulfo de Rheims (eremita),
Vital de Salzburgo (monge, bispo).
Primeira leitura: Êxodo 17, 8-13
E, enquanto Moisés conservava a mão levantada, Israel vencia.
Salmo responsorial: 120, 1-2. 3-4. 5-6. 7-8
Do Senhor é que me vem o meu socorro, do Senhor que fez o céu e a terra.
Segunda leitura: 2 Timóteo 3, 14 – 4,2
O homem de Deus seja perfeito e qualificado para toda boa obra.
Evangelho: Lucas 18, 1-8
Deus fará justiça aos seus escolhidos que gritam por ele.
E, enquanto Moisés conservava a mão levantada, Israel vencia.
Salmo responsorial: 120, 1-2. 3-4. 5-6. 7-8
Do Senhor é que me vem o meu socorro, do Senhor que fez o céu e a terra.
Segunda leitura: 2 Timóteo 3, 14 – 4,2
O homem de Deus seja perfeito e qualificado para toda boa obra.
Evangelho: Lucas 18, 1-8
Deus fará justiça aos seus escolhidos que gritam por ele.
Jesus propôs esta parábola para convidar
seus discípulos a não desanimar em seu intento de implantar o reinado de Deus
no mundo. Para isso deveriam ser constantes na oração, como a viúva o foi em
pedir justiça até ser ouvida por aquele juiz que fazia ouvidos moucos à sua
súplica. Sua constância e persistência, levou o juiz a fazer justiça à viúva,
livrando-se de ser importunado por ela.
Esta parábola do evangelho tem um final
feliz, como tantas outras, ainda que não seja comum acontecer sempre na vida.
Porque, quanta gente morre sem que se lhe faça justiça, apesar de ter estado a
vida inteira suplicando o Deus do céu? Quantos mártires esperaram em vão a
intervenção divina no momento final da condenação? Quantos pobres lutam por
sobreviver sem que ninguém lhes faça justiça? Quantos crentes se perguntam até
quando vai durar o silencio de Deus? Quando Deus vai intervir neste mundo de
desordem e injustiça legalizada? Sendo o Deus da paz e do amor, como permite
essas guerras tão sangrentas e cruéis, a destruição do meio ambiente? Como
tolerar a desigualdade crescente entre países e entre cidadãos?
No meio de tanto sofrimento, ao crente
fica cada vez mais difícil orar, entrar em dialogo com esse Deus a quem Jesus
chama de “pai”, para pedir-lhe que “venha a nós teu reino”. Da noite escura
desse mundo, desde a injustiça estrutural, fica cada dia mais difícil crer
nesse Deus apresentado como onipotente e onipresente, justiceiro e vingador do
opressor.
Ou talvez tenhamos que cancelar para
sempre essa imagem de Deus que vem das páginas evangélicas. Porque, lendo-as,
dá a impressão de que Deus não é nem onipotente nem impassível – ou não age
como tal – mas como débil, sofredor, “padecente”. O Deus cristão se revela mais
dando a vida que impondo uma determinada conduta aos humanos. Marcha na luta
reprimida e frustrada de seus pobres, e não à cabeceira dos poderosos.
O cristão, consciente da companhia de Deus
em seu caminho para a justiça e a fraternidade, não deve desfalecer, e sim
insistir na oração, pedindo força para perseverar até implantar seu reinado em
um mundo onde dominam outros senhores. Somente a oração o manterá na esperança.
Não andamos largados da mão de Deus.
Pela oração sabemos que Deus está conosco. E isto deve bastar para continuar
insistindo sem
desfalecer. O importante é a Constancia, a tenacidade. Moisés teve
essa experiência. Enquanto orava, com as mãos elevadas no alto do monte, Josué
ganhava a batalha; quando baixava as mãos, isto é, quando deixava de orar,
os amalecitas, seus adversários, venciam.
Os companheiros de Moisés, conscientes da eficácia da
oração, o ajudaram a não desfalecer, sustentando-lhe os braços para
que não deixasse de orar. E assim esteve – com os braços levantados, isto é,
orando insistentemente – até que Josué venceu os amalecitas. De modo
ingênuo ressalta-se neste texto a importância de permanecer em oração, de insistir
diante de Deus.
Na segunda leitura, Paulo também recomenda
a Timóteo ser constante, permanecendo no aprendido nas Sagradas Escrituras,
onde se obtém a verdadeira sabedoria que, pela fé em
Cristo Jesus, conduz à salvação. O encontro do
cristão com Deus deve realizar-se através da Escritura, útil para ensinar, repreeder,
corrigir e educar na virtude. Deste modo estaremos equipados para realizar toda
obra boa. O Cristão deve proclarar esta palavra, insistindo em tempo
e fora de tempo, repreendendo e reprovando a quem não a tenha em conta,
exortando a todos, com paciência e com a finalidade de instruir no verdadeiro
caminho que nela se manifesta.
Para a mentalidade moderna, na qual já não
imaginamos Deus como alguém que está “aí fora” e “lá em cima”, manipulando os
acontecimentos deste mundo, a oração clássica de súplica passou a ter um outro
sentido. Ao longo da historia, em dado momento, foi dado menos valor à oração
de súplica, como se ela tivesse um caráter egoísta e sua intenção fosse de
“manipulação de Deus”, como se fosse “servir-se” dele mais do que servi-lo.
Porém, chega um momento em que nos convencemos de estar no mundo sem “um Deus
tapa buracos” e vemos menos sentido em recorrer a ele a cada instante. Vamos
assumindo o estar no mundo, como se Deus não existisse (Grotius). Ou,
como disse Bohoeffer: somos chamados a viver diante de Deus, porém “sem
Deus”, isto é, sem precisar lançar mão de Deus; o Deus verdadeiro quer que
sejamos adultos, que assumamos nossa responsabilidade.
A oração continua tendo sentido,
obviamente, porém “outro sentido” que o de andar estabelecendo transações (“Eu
te dou para que tu me dês”), com o Deus “de cima”,
que pode melhorar nossa saúde, ou facilitar alguma dificuldade do caminho
removendo obstáculos. A oração é outra coisa, para outra finalidade, e continua
sendo bem necessária, como a respiração, porém não para fazer milares.
Depois de Copérnico e Newton, já não há milares.
Com certa ingenuidade, cabe fazer uma
oração leve de pedido: que não seja uma “negociação” com Deus, nem que seja
colocado de lado (influir, fazer mudar de atitude), mas simplesmente expressar
diante dele nossas inquietações, seja como um desabafo pessoal, uma forma “teista”
de “falar com o Mistério”, como um modo de colocar nossas preocupações no contexto
da vontade de Deus e de consolidar nossa busca de fazer sua vontade. Sobre a
oração de pedido e sua necessária consideração, já se escreveu muito e
provavelmente a tenhamos estudado também. O que nos toca agora é agir, sempre
mais e mais.
Oração: Ó Deus, Pai de
misericórdia, que olhas com entranhas de misericórdia o sofrimento de teus
filhos e filhas: confiamos ao teu coração a esperança e a resistência de todos
os nossos irmãos e irmãs que reclamam justiça insistentemente e sequer sabem de
onde lhes chegará, e te pedimos nos dês um coração como o teu, para que,
armados da fé da coragem, resistamos, resistamos à tentação da
desesperanças e permaneçamos firmas junto ao teu projeto de criar um mundo
novo, mais digno de ti e das criaturas. Por nosso Senhor Jesus Cristo.
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