15 de Outubro - Terça - Evangelho - Lc 11,37-41
Dai esmola do que
vós possuís e tudo ficará puro para vós.
Este Evangelho
conta que um fariseu convidou Jesus para jantar na sua casa, mas ficou pensando
mal dele, porque não lavou as mãos antes da refeição. Lavar as mãos antes da
refeição, o que era um rito religioso deles, nascido da tradição.
Jesus é claro com o
fariseu: “Vós limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior está
cheio de roubos e maldades”.
Deus quer a nossa
pureza completa, e é da interior que nasce a exterior. Mudando o nosso coração,
isto é, as nossas intenções e desejos, vai mudar o nosso agir.
Quem segue a Jesus
não tem malícia, maldades, nem segundas intenções. Não é falso nem engana
ninguém, mas é verdadeiro e transparente.
“Felizes os puros
de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8). Quem é puro de coração é honesto,
sem fingimento e sem máscaras. Essas pessoas são parecidas com Deus, por isso o
verão, e nelas podemos confiar, porque falam a verdade. Uma sociedade feita de
pessoas assim seria bem mais feliz.
“Dai esmola do que
vós possuís e tudo ficará puro para vós.” A esmola nos deixa muito mais puros
do que as repetidas e inúteis purificações. Isso porque, quando partilhamos os
nossos bens com os necessitados, atraímos sobre nós a bênção de Deus, que nos
purifica.
Os ritos fazem
parte da nossa relação com Deus. O perigo é absolutizá-los, colocando-os na
frente dos mandamentos de Deus. Foi isso que fizeram os mestres religiosos do
povo judeu do tempo de Jesus. De tal modo deram a primazia aos ritos, como este
de lavar as mãos antes da refeição, que se esqueceram do principal, que é amar
a Deus e ao próximo.
“Eu farei uma nova
aliança com a casa de Israel... Colocarei a minha lei no seu coração. Serei o
Deus deles e eles serão o meu povo (Jr 31,31-33). É isso que Deus quer conosco,
já que vivemos na Nova Aliança. A Lei escrita no nosso coração nos dá liberdade
para escolher o que é melhor. Em vez da letra da Lei, passamos a obedecer ao
espírito da Lei.
Conta uma lenda que
certo dia um bezerro precisou atravessar uma floresta virgem para voltar ao seu
pasto. Sendo ele um animal irracional, abriu uma trilha tortuosa, cheia de
curvas, subidas e descidas inúteis.
No dia seguinte, um
cão que passava por ali usou esta trilha para atravessar a floresta. Depois foi
a vez do carneiro, líder de um rebanho, que fez seus companheiros seguirem pela
trilha torta.
Mais tarde, os
homens começaram a usar aquele caminho. Viravam à direita e à esquerda,
abaixavam-se para não bater nos troncos de árvores, reclamavam, mas nada faziam
para mudar a trilha. Depois de tanto uso, a trilha acabou virando uma estrada
onde os animais se cansavam sob as cargas pesadas, sendo obrigados a percorrer
em três horas um caminho que podia ser feito em uma hora.
Muitos anos se
passaram e a estrada tornou-se a rua de uma vida e depois a avenida principal
de uma cidade. Eram milhares de pessoas que seguiam a trilha do bezerro.
Os homens
infelizmente têm a tendência de seguir cegamente tradições de pessoas que nem
sempre conheciam o caminho que estavam traçando. Existem mentalidades ou modos
de viver, antigos ou novos, que nem sempre combinam com o principal, que é amar
a Deus e ao próximo.
Maria Santíssima
era todinha de Deus. Sua obediência era livre e brotava do coração. Que ela nos
ajude a evitar a hipocrisia e a tomar cuidado com o fermento dos fariseus (Lc
12,1).
Dai esmola do que
vós possuís e tudo ficará puro para vós.
Padre Queiroz
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