16 de Outubro Quarta - Evangelho - Lc 11,42-46
Ai de vós,
fariseus; ai de vós também, mestre da Lei.
Neste Evangelho,
Jesus faz novas e duras críticas aos mestres religiosos do seu tempo.
“Ai de vós,
fariseus, porque pagais o dízimo da hortelã... mas, mas deixais de lado a
justiça e o amor a Deus.” Eles eram muito “zelosos” na questão do dízimo,
porque uma parte do dinheiro era deles. Já o principal da religião, que é a
prática da justiça e o amor a Deus, eles deixavam de lado.
“Vós deveríeis
praticar isso, mas sem deixar de lado aquilo.” Algum fariseu que escuta esta
mensagem de Jesus hoje, pode pensar que ele é contra o dízimo. Por isso que
Jesus esclarece: pagar o dízimo da hortelã está certo; mas há outros pontos
muito mais importantes na fé, que não devem ser deixados de lado.
“Ai de vós,
fariseus, porque gostais dos lugares de honra nas sinagogas, e de serdes
cumprimentados nas praças públicas... Sois como túmulos que não se vêem.”
Existem túmulos escondidos, que as pessoas passam por ali e nem sabem. Assim
são esses fariseus; as pessoas batem palmas para eles e lhes prestam homenagem,
porque não conhecem as suas sem-vergonhices ocultas. Há gente que tem grande
facilidade em disfarçar, para que ninguém saiba dos erros que praticam. Mas a
Deus ninguém oculta!
"Cuidado com o
fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Não há nada de oculto que não venha
a ser revelado e não há nada de escondido que não venha a ser conhecido"
(Lc 12,1-2). Esse é um fato. Quando o hipócrita menos percebe, a sua máscara
cai e a realidade aparece. Afinal, Deus continua sendo o Senhor do mundo.
“Um mestre da Lei
tomou a palavra e disse: Mestre, falando assim, insultas-nos também a nós!”
Este, em vez de vestir a carapuça e acolher o convite à conversão, atacou
Jesus. É mais fácil atacar o mensageiro do que acolher a mensagem. Destruindo o
mensageiro, os malvados pensam que ficam livres da palavra profética deles.
Mas Jesus não perde
a oportunidade, e cita um pecado muito comum em todos nós que ensinamos a Lei
de Deus: pensamos nos outros e não em nós mesmos. Os mestres da Lei sempre
encontravam um subterfúgio para escapar da pratica dos mandamentos mais
difíceis. Todos esses pecados continuam existindo hoje, e muito. Nós sempre
encontramos desculpas para não praticar os mandamentos de Deus como devíamos.
Quanto fariseu reza “pela conversão dos pecadores” e se esquece de que é
pecador também!
"Ou a árvore é
boa e o fruto, bom; ou a árvore é má e o fruto, mau. É portanto pelo fruto que
se conhece a árvore" (Mt 12,33). Aí está a chave para descobrirmos se uma
pessoa é ou não hipócrita: pelas suas obras.
"Este povo me
honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim" (Mc 7,6. Is
29,13).
Certa vez, na
antiguidade, um filósofo da cidade de Creta, na Grécia, chamado Parmênides,
saiu na rua principal da cidade e numa hora de bastante movimento, dizendo bem
alto: “Todos os cretenses são mentirosos”.
Ninguém ligava para
o que ele dizia, pois ele também era cretense, portanto, mentiroso também.
Parmênides não fez mais que “cortar o galho onde estava sentado”.
Ninguém dá valor às
palavras de uma pessoa mentirosa, ou que não vive o que fala.
Maria Santíssima
era humilde. Ela se declarou “a humilde serva do Senhor”. Na multiplicação dos
pães, ela não estava em evidência, como a "mãe do futuro rei". Mas na
cruz, na extrema humilhação do Filho, ela estava ali junto dele, em pé. Santa Maria,
rogai por nós!
Ai de vós,
fariseus; ai de vós também, mestre da Lei.
Padre Queiroz
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