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Segunda - 4ª Semana
da Quaresma
Lectio
Primeira leitura: Isaías 65, 17-21
Primeira leitura: Isaías 65, 17-21
Assim fala o Senhor: 17 Olhai, Eu vou criar um
novo céu e uma nova terra; o passado não será mais lembrado e não voltará mais
à memória. 18 Alegrem-se e rejubilem para sempre por aquilo que vou criar.
Olhai, vou criar uma Jerusalém cheia de alegria e um povo cheio de entusiasmo.
19 Eu mesmo me alegrarei com esta Jerusalém e me entusiasmarei com o meu povo.
Doravante não se ouvirão nela choros nem lamentos. 20 Não haverá ali criança
que morra de tenra idade, nem adulto que não chegue à velhice, pois será ainda
novo aquele que morrer aos cem anos, e quem não chegar aos cem anos será como
um amaldiçoado. 21 Construirão casas e habitarão nelas, plantarão vinhas e
comerão o seu fruto.
Regressado do exílio, o povo continua a resistir
à voz do Senhor, a descuidar-se na invocação do seu nome (vv. 1-7) e a cair na
idolatria, provocando a sua justa ira. O profeta intervém e lembra que será
diferente a sorte dos que praticam a justiça, reconhecendo a Deus o lugar que
Lhe pertence e prestando-Lhe o devido culto, e a dos rebeldes (vv. 8-16a). O
texto que hoje escutamos abre perspectivas de um futuro feliz, revelando a
grandeza do projecto de Deus, que não envolve apenas cada um, mas atinge todo o
universo. Os sofrimentos passados vão ser esquecidos, porque Deus vai realizar
uma nova criação. Nos versículos que escutamos, parece misturar-se o cântico do
coração de Deus e o da humanidade: ao júbilo divino pela sua cidade santa, pelo
seu povo renovado, corresponde a alegria do mesmo povo perante a maravilhosa
re-criação operada por Deus. Na nova Jerusalém cessará toda a tristeza, a
elevada mortalidade infantil. Será grande a longevidade. A liberdade e a
estabilidade política garantirão a prosperidade e a paz. Esta promessa
realízar-se-á definitivamente em Jesus Cristo que, pela sua obra salvífica,
transformará o mundo.
Evangelho: João 4, 43-54
Naquele tempo, 43 Jesus partiu da Samaria e foi
para a Galileia. 44 Ele mesmo tinha declarado que um profeta não é estimado na
sua própria terra. 45 No entanto, quando chegou à Galileia, os galileus
receberam-no bem, por terem visto o que fizera em Jerusalém durante a festa;
pois eles também tinham ido à festa. 46 Veio, pois, novamente a Caná da Galileia,
onde tinha convertido a água em vinho. Ora havia em Cafarnaúm um funcionário
real que tinha o filho doente. 47 Quando ouviu dizer que Jesus vinha da Judeia
para a Galileia, foi ter com Ele e pediu-lhe que descesse até lá para lhe curar
o filho, que estava a morrer. 48 Então Jesus disse-lhe: «Se não virdes sinais
extraordinários e prodígios, não acreditais.» 49 Respondeu-lhe o funcionário
real: «Senhor, desce até lá, antes que o meu filho morra.» 50Disse-Ihe Jesus:
«Vai, que o teu filho está salvo.» O homem acreditou nas palavras que Jesus lhe
disse e pôs-se a caminho. 51 Enquanto ia descendo, os criados vieram ao seu
encontro, dizendo: «O teu filho está salvo.» 52perguntou-Ihes, então, a que
horas ele se tinha sentido melhor. Responderam: «A febre deixou-o há pouco,
depois do meio-die» 530 pai viu, então, que tinha sido exactamente àquela hora
que Jesus lhe dissera: «O teu filho está salvo». E acreditou ele e todos os da
sua casa. 54Jesus realizou este segundo sinal miraculoso ao ir da Judeia para a
Galileia.
S. João, ao narrar a cura, à distância, do filho
do funcionário real, quer apresentar-nos Jesus como Palavra de vida. O Senhor
regressava à Galileia. A fama do que fizera em Jerusalém, durante a festa,
tinha-O precedido. Desta vez, os galileus receberam-no bem. Mas Jesus decide ir
a Caná, onde fizera o seu primeiro milagre. Surge, então, o funcionário real
que Lhe pede para descer a Cafarnaúm para curar o seu filho doente. O verbo
«descer», em que João insiste, justifica-se pela posição geográfica de Cafarnaúm,
mas também pela intenção do evangelista em nos apresentar Aquele que, «por nós
homens e pela nossa salvação, desceu do céu». Jesus reprova a fé imperfeita do
funcionário de Herodes. Mas ele não desiste. Jesus cura-lhe o filho, símbolo da
humanidade doente e moribunda. Oferece-lhe uma palavra de vida. Mas exige a fé.
O sinal extraordinário, o prodígio de Jesus é a
Palavra. Quem acredita nela e lhe obedece, experimenta milagres. O funcionário
acolheu a palavra: «Vai, que o teu filho está sstvo (v. 50). Acreditou,
obedeceu, partiu para sua casa. E vieram-lhe ao encontro os servos que lhe
dizem: «O teu filho está sstvo. (v. 53). A fé, que caminhou na obscuridade (v.
52ss.) cresceu: «Acreditou ele e todos os da sua casa» (v. 53).
Meditatio
A Palavra de Jesus é o sinal extraordinário e o
prodígio que nos oferece. Quem acolhe a Palavra e acredita nela, vê rasgaram-se
horizontes inesperados, experimenta milagres. Permanecer na Palavra,
guardando-a no coração, e cumprindo-a, mesmo que seja preciso caminhar na
escuridão, apenas iluminado por ela, significa participar na obra divina da
nova criação, santificação e transfiguração do universo.
Jesus pediu ao funcionário real a fé na sua
palavra: «Vai, que o teu filho está sstvt». O homem acreditou e o seu filho ficou
curado. Acreditou na palavra de Jesus. Acreditou em Jesus, porque Jesus é a
Palavra de Deus feita carne. Acreditou e partiu, obediente e confiante. E
alcançou a vida para o seu filho. Acreditar e obedecer, acolher a palavra e
pô-Ia em prática é uma questão de vida ou de morte. O homem aflito teve a força
de crer na palavra de Jesus, que nada fez de especial, apenas falou. Não
insistiu para que Jesus mudasse os seus planos e fizesse o que lhe pedia.
Acreditou e partiu confiando na verdade da palavra de Jesus.
Quantas vezes, também nós, nos vemos na situação
de ter que acreditar na Palavra, sem vermos ou antes de vermos qualquer sinal.
Rezamos, somos iluminados, mas tudo parece permanecer imutável. .. É o momento
de progredirmos na fé, que não é simples verificação, mas acreditar na palavra
e n ' Aquele que a pronuncia. Se soubermos caminhar na fé, mesmo na noite
escura do sofrimento e da provação, a Palavra será como uma lâmpada para os
nossos passos. E, quando o Senhor quiser, encontraremos a confirmação luminosa
do seu poder que faz maravilhas. Então, a nossa fé tornar-se-é exultação e
júbilo. Será aquela fé firme e segura, que transforma a alma e a faz caminhar
em novidade de vida, em plenitude cristã.
A confiança do funcionário real na palavra de
Jesus, o seu abandono à palavra de Jesus, o seu caminhar na fé por um caminho
obscuro, tornou eficaz a sua intercessão pelo filho que estava doente em
Cafarnaúm. O jovem foi curado, foi salvo.
As nossas Constituições lembram-nos que a nossa
cooperação na obra da redenção, passa pelo "apostolado". Mas, mais
cedo ou mais tarde, pode também passar pela simples confiança e abandono à
palavra de Jesus, em situações de grande "sofrimento", de solidão, de
noite escura, de imolação, de cruz, de morte ... ", onde apenas a Palavra
nos ilumina e dá conforto (cf. Cst 24).
Então, a nossa vida será reparadora na oferta,
na paciência, no abandono, quer dizer, na disponibilidade da "vítima"
para a imolação, em comunhão com a paixão e a morte redentora do Senhor ... ,
e, confiados na Palavra, entregaremos voluntariamente a nossa vida em favor dos
irmãos, olhando para Cristo trespassado, que nos precedeu neste amor redentor
(cf. 1 Jo 3, 16).
Oratio
Senhor Jesus, Tu és a palavra viva e
vivificadora do Pai. Quero escutar-Te cada dia, quero encontrar-me Contigo,
cada vez que acolho a tua Palavra. Como Maria, tua e minha mãe, quero guardá-Ia
no coração, meditá-Ia, rezá-Ia, para me entregar a ela com uma fé simples, que
rasga novos horizontes e faz ver as tuas obras prodigiosas e colaborar nelas.
Obrigado, Senhor, pela tua Palavra. Que ela seja
sempre a luz dos meus passos, a garantia da minha esperança, a motivação
suprema da minha confiança e da minha entrega sem reservas ao teu serviço e ao
serviço dos irmãos. Que a tua Palavra floresça no meu coração e dê frutos de
bem para este mundo e para o reino dos céus. Amen.
Contemplatio
E qual é então, Senhor, o caminho da paz? - É a
fé viva e confiante. Credes no meu Pai, crede também em mim. Tendes confiança
no meu Pai, tende também confiança em mim.
É a fé que pacifica, são as vistas, as
esperanças sobrenaturais, que sustêm e que consolam.
A fé faz-me ver Deus, a sua vontade, o seu amor,
mesmo naquilo que me perturba. Devo crer sem hesitar e sem raciocinar, crer com
o meu coração que Nosso Senhor me vê sofrer e penar, mas também que se compraz
em me ver ter paciência com ele e por ele. Escuta os meus suspiros, as minhas
orações; conta, recolhe as minhas lágrimas; abençoa os meus esforços, aprecia
os meus sacrifícios; prepara-me dias de graças e de consolações; prepara a
minha coroa, a minha morada, na casa da sua eternidade.
Ah! A fé prática, que fonte de graça, de paz e
de consolação! Se tivesse um pouco de fé, como um grão de mostarda! Se
acreditasse praticamente no Evangelho! Se me recordasse com fé que Nosso Senhor
passou curando todas as enfermidades; que perdoou a Madalena, à mulher
adúltera, à samaritana; que ressuscitou Lázaro; que sofreu por mim todas as
dores da sua agonia e da sua paixão; que deu a sua vida para me salvar!
Se me recordasse que é bom, como o bom
samaritano, como o bom Pastor, como o pai do filho pródigo! Se tivesse uma fé
mais viva, e mais prática na Eucaristia! Se acreditasse mais firmemente que
Nosso Senhor foi para o céu para me preparar um lugar, estaria ainda triste, angustiado
e perturbado?
Oh! Como esta palavra de Nosso Senhor tem um
sentido profundo: «Que o vosso coração não se perturbe! Crede em mim como
credes em meu Pai!» (Leão Dehon, OSP 3, p. 427s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Deus, vinde em nosso auxílio; Senhor,
socorrei-nos e salvai-nos» (SI 69, 2).
Obrigado!!!
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