5º DOMINGO
QUARESMA
13 de Março de 2016- Ao C
1ª Leitura - Is 43,16-21
Salmo - Sl 125,1-2ab.2cd-3.4-5.6 (R. 3)
2ª Leitura - Fl 3,8-14
Evangelho - Jo 8,1-11
PRIMEIRA LEITURA
Pela boca do profeta
Isaías, Deus nos fala da caminhada no deserto, de quando Ele abriu uma passagem
no Mar Vermelho, fazendo passar o seu povo, e deixando morrer afogados os seu
opressores.
Ele abriu uma estrada no deserto para passar os seus escolhidos,
que fugia do cativeiro do Egito. Deus recomenda-nos a não ficarmos remoendo as
coisas ruins do passado, e a confiar na providência divina, como o fizeram os
hebreus na retirada para a terra prometida.
SALMO
Maravilhas nos fez o
Senhor... Parecia um sonho! Aquele povo que outrora estava oprimido nas mãos
dos egípcios, agora estão caminhando sob o olhar de Deus, indo rumo a
liberdade.
Roguemos ao Pai para
que também mude a nossa sorte, para que nos conduza a conversão e mudemos a
nossa vida de uma vez por todas.
SEGUNDA LEITURA
Paulo antes da sua
conversão impactante e histórica, era um fariseu que seguia cegamente a Lei, e
tremia diante da justiça dos homens. Depois da sua experiência com Cristo
ressuscitado, sua vida mudou completamente, e ele passou a viver segundo a
justiça de Deus, não se importando com os julgamentos e as punições injustas
dos poderosos daquele tempo. Ele não se importava quando era preso, nem se
sentia solitário, pois saia que Cristo estava o tempo todo, bem ali do seu
lado.
E apesar de todas as
injustiças humanas que sofreu, Paulo considera sua vida passada um verdadeiro
lixo. Antes ele vivia decentemente com todas as regalias que um fariseu tinha
direito, porém, isso não é viver!
Depois da experiência
com Cristo na estrada de Damasco, Paulo descobre que o viver é Cristo e morrer
é lucro.
Para nós hoje, a
lição que tiramos desta carta de Paulo, é: Não viver apreensivo, preocupado com
a justiça humana, pois ela nem sempre é justa. E nos dedicar à vivência e a
proclamação da justiça divina, pois somente esta dura para sempre.
A justiça dos homens
nem sempre sai do papel, onde está escrita com muitos detalhes. Na prática
continua valendo a lei do mais forte. Seja essa força pelo poder do voto, pelo
poder da riqueza ou pelo poder das armas. O fraco sempre perde.
Ele era garçom
dedicado, fazia tudo direitinho. Mas o patrão não ia muito com a sua cara, e o
rebaixou para entregador. Depois de um certo tempo, foi montada uma grande armação
para despedi-lo sem justa causa. Um cliente especial fez uma reclamação sobre a
entrega, e o patrão botou toda a culpa do suposto erro, naquele motoqueiro.
Conclusão. Foi
despedido, e quando reclamou seus direitos, não encontrou nenhum apoio das forças
constituídas em defesa do trabalhador. Os seus colegas de trabalho se recusaram
a testemunhar em seu favor com medo de perder o emprego.
Com família para sustentar, aluguel atrasado, o pobre funcionário
daquele restaurante chique, foi para a rua sem direito a nada.
Com essa história baseada em fatos reais, concluímos que a justiça
dos homens por vezes pode ser: Falha, injusta, interesseira, parcial e em
defesa dos direitos dos mais fortes.
Por causa dele eu perdi tudo. Considero tudo como lixo,
para ganhar Cristo e ser encontrado unido a ele, não
com minha justiça provindo da Lei, mas com a justiça por
meio da fé em Cristo, a justiça que vem de Deus, na base da fé.
Esta consiste em conhecer a Cristo...
Esta consiste em conhecer a Cristo...
EVANGELHO
Os fariseus colocaram
Jesus numa situação muito difícil! Pois segundo a Lei de Moisés, aquela mulher
deveria ser apedrejada, e Jesus não poderia passar por cima da Lei. Por outro
lado, Jesus até então, era conhecido pela sua compaixão e misericórdia com
relação aos pecadores.
A primeira vista, O Filho de Deus não tinha saída, e inevitavelmente seria condenado de um jeito ou de outro por aquele grupo enfurecido. Assim estavam pensando os fariseus que lhe trouxeram aquela mulher flagrada cometendo adultério.
A primeira vista, O Filho de Deus não tinha saída, e inevitavelmente seria condenado de um jeito ou de outro por aquele grupo enfurecido. Assim estavam pensando os fariseus que lhe trouxeram aquela mulher flagrada cometendo adultério.
Nos primeiros minutos, Jesus pareceu estar em um beco sem saída, ao
ficar quieto escrevendo no chão. Por isso os seus opositores aumentaram mais a
pressão contra Ele. Na verdade, Jesus só estava ignorando-os, e com a
tranquilidade de quem sabia o que estava fazendo, continuou rabiscando no chão.
Isso porque sendo Deus, Ele sabia o passado de cada um daqueles homens, assim
como sabia o que se passava em suas mentes naquele momento. Sabia que eles não
estavam preocupados com a justiça em si, mas apenas e tão somente, em
incriminá-Lo.
E aí então o Mestre joga um bomba de efeito moral, que dissipa todos
os manifestantes rapidinho. “Jogue a primeira pedra quem não tiver pecado”, ou
melhor dizendo: “Quem dentre vós não
tiver pecado, atire a primeira pedra”.
Os seus oponentes ficaram sem chão! E isso aconteceu exatamente
começando pelos mais velhos, pois eles tinham uma quilometragem alta de
experiências semelhantes ao pecado daquela mulher.
Meus irmãos. É exatamente assim que nós agimos. Julgamos os outros
segundo a nossa experiência passada. Olhamos para o outro segundo a nossa
ótica, segundo o nosso ser. Medimos os outros com as nossas medidas, segundo a
nossa escala de valores, ou modo de pensar. Desse modo, o intelectual, procura
ver no outro se ele tem cara de quem já leu pelo menos a metade dos livros que
ele já leu, o moralista, procura ver ou medir no outro a sua moral. O rico olha
no irmão, procurando detectar a sua ambição, ou a sua capacidade de ganhar
dinheiro, a garota de programa (prostituta moderna ou discreta) busca na mulher
que passa por ela, algum sintoma ou sinais de vida semelhante ao dela, e assim
por diante. Julgamos os outros de acordo com a nossa vida passada, tendo em
vista o nosso presente: se hoje estamos convertidos, se estamos ricos pelo
nosso esforço ou não, se fomos um dia pecadores e hoje nos julgamos santos...
E foi muito fácil fazer com que aqueles homens caíssem na realidade
de si mesmos, tendo em vista que o adultério naqueles tempos tinha uma visão
muito mais ampla que nos dias de hoje. Para se ter uma ideia, a mulher que
provocasse um homem seja com roupas sensuais ou gestos provocantes, olhares
insinuantes, já era enquadrada pela Lei como uma adúltera, embora não tivesse
consumado suas intensões na prática.
O próprio Jesus disse que o pecado começa dentro de nós, ou seja,
na nossa mente. Desse modo, embora muitos daqueles homens que estavam com uma
ou mais pedras nas mãos prontos para começar o tiroteio contra aquela pecadora,
ao olhar dentro de si, viram muitas impurezas semelhantes ou mesmo iguais
aquela que eles queriam condenar como uma pessoa adúltera, quando Jesus se
levantou e mandou que atirasse a primeira pedra aquele que se fosse realmente
inocente.
Agora, conta aí! E se você estivesse lá naquele dia? Com uma
máscara ou de cara limpa, pronto para arrebentar com “aquela pessoa pecadora”, como estão fazendo os manifestantes hoje
nas nossas ruas?
O que você faria? Qual seria a sua reação diante das palavras de
Jesus? Diante do justo, aquele que vê todo o nosso interior em frações de
segundos?
Como você sabe, Jesus é Deus e como tal Ele está em toda parte.
Está agora bem aí do seu lado. Você que está preparando uma punição para
alguém. Para o seu aluno, para seu empregado, para seu filho ou filha, para seu
pai que pisou na bola com a sua mãe, ou para sua mãe, seu vizinho... Você que
neste momento está rascunhando, projetando uma passeata de revolta contra algo
de errado que assola a sociedade, preparando uma medida de correção profunda e
imediata do terceiro grau que acabe de uma vez por toda com a raça daquela
pessoa que você não suporta, não admite que esteja no poder da empresa, da
comunidade, do clube, que enfim você acha que é a criatura mais pecadora do
mundo! Você que lidera uma manifestação a mando de algum poderoso que lhe pagou
uma boa quantia em dinheiro... PARE UM INSTANTE E OUÇA JESUS DIZENDO: Quem dentre vós não tiver pecado, atire a
primeira pedra”. Viu? Que coisa feia o que você está planejando?...
Olha, a nossa vida é cheia de “sapos” espalhados pelo caminho, “sapos”
esses que às vezes temos de engolir, para continuar a nossa sobrevivência. Mas
não é só por isso não. Sabe por que? É por que nós também aprontamos muito, nós
também erramos, nós também somos pecadores! Não fique aí dando uma de santinha, de
santinho e denunciando a torto e a direito os erros dos seus irmãos. Pois você
também é um deles. Você também é uma pecadora, um pecador. Se não está pecando
tanto hoje, pode ter sido que já pecou muito no passado. E o pior, minha irmã,
meu irmão, é que Jesus sabe de tudo o que você fez... viu? Então pega leve
quando tiver com as pedras nas mãos pronto para atirar contra alguém que pecou.
Mas nós não temos de combater o mal? Sim. Temos de denunciar? Sim.
Mas façamos isso com a devida moderação, sem medidas extremas, sem condenar
ninguém a morte. A correção fraterna deve ser feita dentro do respeito pela
caridade. O nome está dizendo: FRATERNA. Como você faz quando corrige o seu
irmão de sangue. Sem feri-lo seriamente, sem acabar com a sua vida... É difícil
fazer isso. Mas NÓS TEMOS DE CONDENAR, COMBATER O PECADO E NÃO O PECADOR. Lembre-se sempre das palavras do Mestre:
“NÃO JULGUEIS E NÃO SEREIS JULGADO”
Tenha um bom domingo, com sua consciência tranquila.
José Salviano.
Bela homilia, mas, desculpe-me, não podemos ficar de braços cruzados enquanto esses corruptos que estão no poder saqueiam o nosso país.
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